2 - Não apague as Luzes..

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Esta é uma história que eu nunca contei pessoalmente para ninguém, pois para mim é a certeza que o sobrenatural existe e ao lembrar disso um calafrio percorre a minha espinha. 

Eu tenho um irmão três anos mais novo do que eu e quando eu tinha uns doze anos, estávamos sozinhos em casa e brincávamos como qualquer criança. Eu o perseguia, correndo por todos os cômodos quando entramos no quarto de nossos pais. 

Brincávamos de guerrinha jogando coisas um no outro. Foi após levar uma travesseirada na cara que me surgiu a ideia de assustá-lo desligando as luzes. Não havia janela no quarto e com as luzes apagadas tudo ficaria escuro como breu, o único lugar de onde é possível enxergar alguma claridade é pela luz que passa por baixo da porta. 

Elaborando rapidamente o plano em minha cabeça, pensei que seria ainda mais assustador se eu saísse do quarto e o deixasse sozinho. Talvez isso o assustasse bastante. Então o fiz. Eu apaguei a luz e o tranquei no quarto, colando o ouvido na porta para me divertir com o medo que provavelmente ele iria sentir. Assim que ele entrasse em pânico e pedisse que eu voltasse, eu entraria no quarto tirando sarro de meu irmão mais novo. 

Mas estranhamente, nada aconteceu como eu previra. Pela porta eu o ouvi dizer: 

_O que você está fazendo?- Ele disse, e eu ri comigo mesmo.

Ele achava que eu ainda estava lá dentro, pois provavelmente não me vira sair, então continuei ouvindo em silêncio. 

_Márcio, o que você está fazendo? Você está me assustando... Por favor, pare! 

Achei estranho ele ainda pensar que eu estava lá, mas continuei ouvindo. 

_Márcio, eu não estou brincando, afaste-se de mim e ligue a luz... ou vou contar para a mãe que você me assustou... 

O que? Pensei rapidamente comigo mesmo. Ele acabou de dizer para eu me afastar dele? Rindo alto eu gritei pela porta:

_Cara, eu não estou ai no quarto! 

Então ele gritou alto como se tivesse sentido uma dor profunda. Foi como se ele tivesse sido esfaqueado ou algo assim, foi um grito de gelar o sangue. Segurei a maçaneta da porta e a tentei abrir, mas estava trancada. Eu não havia feito isso, então o que estaria a bloqueando?

Meu irmão mais novo ainda estava gritando e pedindo para que eu o ajudasse.

_Por favor, Márcio me ajude! 

Eu entrei em pânico e não saiba o que fazer. Eu tinha doze anos e era muito magro. Provavelmente não conseguiria arrombar a porta. Estava acontecendo algo com meu irmão mais novo e eu tinha que chegar até ele. Dei umas ombradas na porta, que permaneceu firme. 

Meu irmão parou de gritar de repente. Tentei novamente abrir a porta e, para minha surpresa, a maçaneta girou sem que eu precisasse fazer qualquer esforço. A porta estava desbloqueada! 

Abri a porta e acendi a luz. Meu irmão estava em um canto chorando. Depois de consolá-lo e pedir desculpas, perguntei o que havia acontecido. Ele me disse que quando eu apaguei a luz tudo ficou muito escuro. Após uns segundos seus olhos começaram a se acostumar e com a ajuda da luz que entrava por baixo da porta, viu uma pessoa de pé no canto do quarto e de costas para ele. Ele achou que era eu. Foi quando ele perguntou o que eu estava fazendo. Então, a pessoa se virou e começou a andar lentamente pelo quarto em sua direção. Ao chegar a um palmo de distância a pessoa ficou olhando fixamente para ele.

Meu irmão disse que não conseguia ver nenhum detalhe do rosto da pessoa, apenas uma figura escura , com um rosto sombrio. Foi quando ele viu uma mão se estender em sua direção e agarrar seu ombro. O toque era frio e muito forte. Seu ombro começou a doer e foi nesse instante que ele gritou pedindo ajuda. Quando eu abri a porta e acendi a luz, a figura não estava mais lá. Eu não vi nada, apenas meu irmão chorando no canto.

 Atualmente meu irmão está com 23 anos de idade e até hoje não falamos sobre este fato bizarro. Somente uma vez ele admitiu para mim que, mesmo após todos esses anos, ele se incomoda com o que aconteceu naquele dia e ainda tem pesadelos com esta situação de vez em quando. Nenhum de nós, mesmo adultos, conseguimos encontrar uma explicação para o que ocorreu.

Conto recebido por E-mail - De Julio Minussi

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