Capítulo 13

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Júlia

Acordei ao som do meu despertador ecoando sobre meus ouvidos levemente machucados pela pancada do desmaio de ontem à noite, ainda estava um pouco zonza e com uma ressaca horrível. Levanto da cama, da qual eu não queria sair, tomo um banho bem demorado, faço minhas higienes, pego uma saia cintura alta preta de coro, uma regata branca com uma frase: "get out of my way”, por cima de tudo um cardigã bege que chagava até metade da minha coxa e por fim mas não menos importante, coloco uma "bota" cano curto preta. Vou em direção a minha penteadeira e começo a pentear meus cabelos que estavam um caos, seco os mesmos que estavam molhados e com cheiro de shampoo de camomila, passo uma chapinha porque camomila não deixa o cabelo muito hidratado. Na penteadeira ainda começo a me maquiar, não era de meu costume me maquiar se eu estivesse atrasada, o que é meu caso, mas como eu estou cheia de olheiras necessito de meio quilo de base e bastante corretivo para ver se pelo menos disfarçava. Pego minha mochila bege de corujas em preto e desço correndo pelas escadas

- Oi... - diz Mário sentado na mesa com uma cara de quem estava arrependido

- Me faz um favor? - ele me olha sorrindo à espera de que eu já houvesse esquecido de tudo - Vê se me não fala comigo? Assim você poupa seus ouvidos de levar patada

- Poxa... não precisa ser tão grossa - ele faz uma cara de ofendido

- Eu sou grossa sim! Porque ontem à noite você não se preocupou nem um pouco em ser menos rude - digo pegando minha carteira de dentro da minha mochila

- Foi diferente - ele diz apoiando seus cotovelos na mesa

- Tem razão foi diferente sim, ontem você foi rude sem razão, e no meu caso eu fui, melhor, estou sendo grossa com mil motivos - digo verificando se há dinheiro na carteira

- Desculpa... - ele diz como se estivesse cuspindo as palavras de tão ignorante que tudo aquilo soou

- Não... - digo com um sorriso cínico no rosto - Agora deixa eu ir porque ao contrário de você eu estudo e não reprovo - digo já fechando a porta da frente com toda minha força

Me doía dizer aquilo? Óbvio que doía, mas era necessário, já fui muito boba em relação às crises de ciúme de meu irmão, eu não sou mais criança e sei muito bem o que fazer com a minha vida, e no momento o que eu menos preciso é de um irmão que só sabe insultar e xingar meus amigos e pessoas ao meu redor, o que me inclui nessa lista. Ele nem sempre foi babaca assim, se posso dizer, teve uma época na qual ele era um irmão bacana, mas depois de ficar mais velho, e andar com esse povo, se tornou assim, tenho certeza que ele não virou idiota por conta de uma influência, até porque eu acho que ele sempre é a má influência, mas alguma coisa aconteceu, e desde então, ele vem sendo assim, ignorante, irritado o tempo todo, metido a besta, e todas essas coisas que qualificam um ser que não tem um bom relacionamento com ninguém

Ando pela rua do condomínio de casas onde eu morava, - por mais que tivesse motorista amava andar - coloco uma playlist aleatória no meu celular com músicas de todos os gêneros, só queria me desconectar dos problemas, nem que se fossem por milésimos de segundos

-Ae Lorinha quer carona não? - diz Thomás dentro de seu carro me dando um baita de um susto

-Thomás... que susto - dou uma risada e tiro um de meus fones - Eu aceitaria sim sua carona mas no momento eu preciso andar um pouco - digo com o melhor sorriso que poderia dar naquele momento

- Certeza? - ele pergunta com a testa franzida

- Absoluta, eu amo andar... - digo e o mesmo sai do carro

- Então eu vou andando com você - ele diz já do meu lado

- Vai deixe seu carro no meio da rua? E ainda por cima na garagem dos outros? - digo com uma mistura de curiosidade e apreensão

- Vou deixar na rua sim e essa é a garagem do meu irmão - ele diz isso e eu levo mais um susto

- Seu irmão mora do lado da minha casa? - pergunto ainda incrédula de não saber que Thomás era filho dos Baltar

- Sim ele mora aqui... - ele diz enquanto começamos a andar

- Então você é irmão do Vitor Baltar? - digo e o mesmo da uma risada

- Por incrível que pareça eu sou irmão daquele babaca - ele diz ainda rindo

- Seu irmão parece ser legal - digo e o mesmo me olha curioso

- Achei que você o conhecesse, afinal você sabia o nome dele - ele diz curioso e eu dou risada de sua confusão

- Eu ouvi o nome dele ecoar muitas vezes pela escola - digo e o mesmo fecha um pouco a afeição

- Claro... ele é o "dono" das maiores festas dos formandos - quando ele diz isso ele me parece... bravo

- Enfim - digo tentando desviar assunto - Como é ser um dos membros daqueles babacas - digo rindo e me referindo ao grupinho do Gabriel

Passamos o caminho inteiro conversando sobre assuntos diversos, ele me contou como ele foi parar naquele "grupo" dos meninos, eu contei como eu vim parar aqui nessa região do Rio, conversa vai... conversa vem e nem percebemos que já estávamos na estrada do colégio

- Bom... eu já vou indo - digo quando realmente percebo que estamos chegando perto do "Grupo" no qual ele pertencia

- Fica com a gente... por favor, prometo que se alguém falar alguma coisa de você ou pra você eu dou um soco na cara - ele diz me fazendo rir e eu o acompanho, afinal, ele me acompanhou hoje

- Oi Ju! - Scott diz bem animado

- Oi! – Gabriel diz parecendo desconfiado mas ainda mantendo o sorriso no rosto

- Oi gente! - digo animada mas meu tom de voz permanece suave

-Olá amigos –Lets aparece. Ela diz bem alto e sendo escandalosa, a típica Leticia que amamos

- Fala aí princesa - ele diz com um sorriso no rosto e a mesma vai em direção a ele e lhe dá um selinho

- Oi mana - ele diz se levantando, indo em sua direção e beijando sua testa

- Ué Lets não veio junto com o Gabriel não? - pergunto e a mesma sai do colo de Scott e vem em minha direção

- Não, hoje eu vim a pé mesmo, tava afim de andar - ela diz e o Thomás revira os olhos

- O que que você e a Júlia tem em andar hein? Porque meu Deus - ele diz rindo e me fazendo rir junto

- Como assim? O que a Ju tem a ver com isso? - Gabriel cruza os braços com aquele mesmo olhar desconfiado

- É porque eu tava andando pra vir a aula, aí o Thomás tava de carro e me ofereceu uma carona, aí eu disse que eu queria andar, aí acabou que ele teve que vir a pé comigo - digo rindo e o Thomás também

- Porque? Você não sabe andar não? –Gabriel pergunta grosso e curto

- Epa...- Lets diz isso e o sinal toca bem na hora - vamos pra aula amigos? - ela diz animada e pegando na mão de Scott

- É melhor mesmo, assim os hormônios se acalmam né? – Scott diz se referindo ao Gabriel

Porque ele tava agindo assim? Até parece que ele tava com ciúme... será? Acho que não, ele só tem ciúmes com quem ele se importa, não faz o mínimo sentido, não na minha cabeça, e muito menos na dele, não temos absolutamente nada além da amizade, que nem é tão estabelecida ao ponto de ter ciúmes em relação à amizade mesmo

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Beijinhos de Chiclete 💘

Somente Uma ApostaWhere stories live. Discover now