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Passei a manhã ligando para o meu chefe e para a tal empresa,afim de saber o por que eu fora dispensado no primeiro dia , enquanto Lucas parecia muito calmo,bebendo com o Calum na varanda.

No dia seguinte eu iria voltar para Chicago,iria pedir demissão desse emprego,estava a quatro anos nele e até agora não me proporcionou nada de bom,talvez eu só estava nele ainda por conta de Erza,que sempre dava um jeito de fazer meus dias irem de tédiosos a maravilhosos ali. Mas eu estava cansado de levantar de manhã e ir para lá apenas para ver qual era a idéia de Erza para o dia,estava cansado de tentar não decepcionar o namorado que já me decepcionou tantas vezes. Essa demissão seria o ponto de partida para uma nova vida.

-Entao... quanto tempo vão ficar?- Calum perguntou,como se eu e Lucas fôssemos um casal em lua de mel que acabara de chegar na recepção do hotel.
-Eu vou embora amanhã.-falei.
-E você Lucas?
-To afim de sair. Não tenho nada para fazer em Chicago. E aqui é bem bacana. -disse bebendo um gole da cerveja.
-Voce também deveria fazer o mesmo, Michael.- sugeriu Calum, entusiasmado.

Fiquei pensativo por um momento. Talvez ele tivesse certo. Talvez eu precise de um tempo,de férias.

-Certo. Vou adiar a minha volta para Chicago.

Voltei para dentro depois de decidir para qual festa iríamos ir naquela noite. Ficamos entre uma festa à fantasia e em uma balada. Votei na segunda opção,pois achei que seria mais divertido e Calum foi o único que votou na primeira opção.

Liguei para Erza,para avisar a mudança de planos. E ele parceria estar se divertindo. Mal me deu atenção,como se tivesse falando com outra pessoa. Decidi desligar e mandar uma mensagem.

"Decidi voltar para Chicago semana que vem. E decidi outras coisas também. A gente precisa conversar. Até semana que vem."

- Você não vem Michael? - Calum parou na porta do quarto. Animado.

- Achei que só íamos sair a noite.

-E vamos. Mas agora a gente vai fazer outra coisa. - entrou e me puxou pelo braço.

Era tarde,o sol estava quente. Mas não quente o bastante para me fazer suar,um quente agradável. Isso era o melhor dali.

Foram trinta minutos dentro do carro,com o Calum cantando alguma música que ele conhecia e que estava tocando no rádio. Enquanto Lucas mexia no celular e cantava algumas partes da música junto com o Calum.

É estranho. Pensei. Em Chicago eu só tenho o Erza,e aqui,eu mal cheguei e já tenho os melhore amigos. Calum é gentil e divertido. Lucas é reservado. Eles me acolheram e começaram a me mostrar coisas novas.

Uma nova fase já tinha iniciado na minha vida e eu nem percebi.

Chegamos até uma rua,que estava lotada. Parecia que estava sendo distribuída comida de graça,mas logo Calum explicou que era um evento. Todo mundo escutava sua própria música e dançava do seu jeito. Todos juntos.

Lucas pegou minha mão e me puxou para o meio.

- Você já fez isso antes? - perguntou.

- Não. Mas parece ser bem divertido. -sorri.

Coloquei meus fones e preparei a música. Wannabe das spices girls. Fiquei bem viciado nessa música, depois de ir em uma festa que tocava ela. A mesma festa em que encontrei Erza beijando outro cara. A gente brigou. Ficamos dois meses sem se ver ou conversar. Ele apareceu na minha porta com flores e um pedido de desculpas. E eu aceitei. Coloquei as flores no vazo e a gente foi assistir um filme,que depois se transformou em uma transa. Estava tudo bem de novo. Ele foi embora no dia seguinte e eu joguei as flores no lixo.

- Tá pronto?

Balancei a cabeça e apertei o play. E naquele instante parecia que todo mundo decidiu fazer o mesmo. Olhei em volta e estavam todos dançando,cada um do seu jeito,ouvindo uma música que ninguém sabe qual é. Nos cantos estavam os que não tinham coragem de se soltar,mas que estavam gravando tudo. Por que é sempre assim. Alguns se jogam, estão abertos a novas experiências, querem viver. Enquanto outros ficam pelos cantos observando e dizendo "cara isso é loucura.".

Fechei os olhos e comecei a balançar os quadris. Tenho certeza que em alguma parte eu rebolei até o chão. Pulei e fiquei sem fôlego. Isso era tão legal.

Abri os olhos de novo e estava tudo calmo. Todos tiraram seus fones e começaram a dançar em um ritmo lento,como casais. Estava um completo silêncio.

Lucas chegou mais perto e colocou a mão na minha cintura e depois hesitou. "Eu posso?" Sussurrou. "Pode." Sussurrei de volta. Ele colocou as mãos de novo e eu sorri. Estavam quentes.

Encostei a cabeça em seu ombro. E ele apertou mais minha cintura. Me senti confortável.

Me lembro de deitar no ombro de Erza. Quando ele tava deitado em sua cama e eu chegava do trabalho,tomava um banho e uma xícara de café,e depois ia deitar com ele. "Como foi seu dia,amor?" Perguntava,fingindo se importa. "Normal." Dava de ombros. Eu conseguia ver que ele mentia sobre tudo. Sobre me amar e sobre não ter ido no trabalho por que precisava ir ao banco resolver sei lá o que. Ele era um mentiroso que já estava com o nariz lá na china. E eu não aguentava mais aquilo,eu não queria mais aquilo. Mas continuei lá. Quando ele perdeu a mãe,eu estava lá. Mas guando minha avó morreu. A pessoa que mais me apoiou nessa vida,que eu mais amei. Ele não estava lá. Estava transando com o meu vizinho e tomando café na minha cozinha depois.

Depois que o evento acabou, a gente foi comer. Chegamos em casa e assistimos um filme. Estava tarde e eu estava cansado. Começou a chover e eu tomei um banho quente. Eu não queria ir mais a tal festa. Queria ficar em casa e apenas dormir. Mas Calum e Lucas não deixaram. "Você vem sim." Disse Lucas. Então eu fui.

O lugar estava muito quente e barulhento. Um cheiro forte de maconha entrou nas minhas narinas e eu me senti tonto. Fui direto para o bar,e não vi mais Calum, Lucas estava conversando com alguém. Bebi como não bebia a anos. Quando já estava bem grog,por conta de tanta bebida,decidi dançar. Tocava uma música agitada, eletrônica, provavelmente.

Fiquei assim, dançando, pulando, e sendo o centro das atenções por três minutos,ate alguém começar a brigar com outra pessoa. Não liguei muito,ate ouvir uma voz conhecida. Parei de dançar e olhei para onde a briga estava acontecendo. Olhei bem. Era Calum. Um cara estava batendo em Calum.

Corri até lá e fiquei entre os dois.

"Sai dai! Isso é entre eu e esse viadinho!" Gritou o cara. Olhei bem pra ele. Os punhos cerrados, prontos para bater.

Cerrei os punhos também. Bati na cara dele e depois chutei suas bolas. Ele começou a se contorcer no chão. "Vocês me dão nojo! - gritei. - um cara inocente estava apanhando e vocês não fizeram nada!"

Virei para trás e Lucas estava segurando Calum,que me lançou um olhar agradecido.

Chegando em casa eu e Lucas o ajudamos a tomar um banho e a se deitar.

"Obrigado por ajudar meu melhor amigo." Lucas disse,enquanto se sentava do meu lado na piscina.

- Eu tinha que ajudar.

- É. Eu também tinha. Mas não fiz isso.

Aquilo me deixou mal. Eu não sabia o que dizer, então deixei a cerveja de lado e cheguei mais perto,e o abracei.


USWhere stories live. Discover now