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Na manhã seguinte tomamos café na mesa da cozinha,juntos,como um família feliz. Calum estava melhor,ou quase,os ferimentos estavam feios mas ele continuava alegre. Lucas estava concentrado no celular,e errando a boca quando ia comer,fazendo Calum rir e se queixar da dor.

Eu estava feliz ali,comendo pizza e bebendo refri como café da manhã,e com aqueles dois caras. Fazia tempo que eu não ria assim,ou me divertia. Os amigos que eu tenho foram trabalhar fora e a gente perdeu o contato,o resto são amigos de Erza,que por conta do namoro,viraram meus amigos também,mas eu não gosto muito deles e acho que eles também não gostam muito de mim.

Depois do café da manhã, Calum foi trabalhar e Lucas foi dormir de novo,enquanto eu fiquei jogando video game,que ficou impossível depois que Lucas acordou,ele ficava me atrapalhando,ate que por fim,desliguei e deitei com ele no sofá.

Desde que eu cheguei aqui,Lucas e eu estamos tendo um tipo de relacionamento,e eu estou gostando. Tá sendo divertido,ele tá me fazendo feliz de verdade,e eu estou com medo de que isso acabe. Quer dizer,estamos em San Francisco,estamos namorando,temos outra vida aqui. E em Chicago,como vai ser? Lá temos uma vida diferente,eu tenho um namorado e ele provavelmente tem um também. A questão é que,eu estou disposto a mudar toda a minha vida por ele,mas será que ele também está? Ou será que ele só quer uma coisa sem compromisso?

O dia estava mais quente que o normal. Eu queria ter ficado abraçado com Lucas no sofá por mais tempo,mas nos dois começamos a suar e aquilo ficou insuportável. Levantei e fui tomar um banho,deixando Lucas jogando video game.

Minutos depois,que comecei a tomar banho,ouvi uma porta abrir,nao dei muita importância,afinal poderia ser a porta da entrada do apartamento, e eu tinha trancado a porta do banheiro,acho. Mas logo percebi que era mesmo a porta do banheiro,e era Lucas. Ele abriu a porta do box e me abraçou por trás. "Oi." Sussurrou. "Oi...o que tá fazendo?" Sussurrei de volta. "Senti saudade." Ri e me virei,beijando ele logo em seguida. "Ok...eu vim aqui para a gente transar." Falou entre o beijo. Ri, pegando na barra da blusa e puxando-a para tirar.

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Eu estava abraçado com Lucas,no sofá de novo. O clima ficou mais frio,e agora estava um momento mais gostoso do que nunca.A gente estava conversando sobre séries e afins. Tínhamos acabado de transar no banheiro. Foi a melhor experiência da minha vida. Ele fez questão de gemer bem perto do meu ouvido e deixar um chupão no meu pescoço. Na segunda vez eu que fiz questão de deixar um chupão nele. Sim,transamos duas vezes.

"Vamo descer." Falou,do nada. Fiquei um pouco triste por aquele momento ter acabado.

Ele entrelaçou nossas mãos e me puxou até o elevador. Chegamos na rua e tinha uma moto parada ali. Lucas assinou algum papel e virou para mim falando um "tanram!" "Você comprou uma moto." Afirmei. "Sim. E você vai ser o meu primeiro convidado." Explicou. "Sobe aqui." Subi e agarrei sua cintura.

Era a segunda vez que andava de moto. A primeira fora quando eu tinha nove anos,meu pai comprou uma moto,de um cara da vizinhança,a moto não era lá muito boa,estava caindo aos pedaços,mas meu pai comprou assim mesmo,e um dia,ele me chamou para ir com ele comprar pão,na moto,o que era desnecessário por que a padaria ficava perto. Eu falei que não,mas ele insistiu e eu disse tudo bem. Depois de comprar o pão,ele decidiu dar mais algumas voltas pelo bairro. Começou a acelerar,e talvez tenha esquecido que tinha uma criança com ele e que motos não tem cinto de segurança,e passou por um quebra molas sem diminuir a velocidade. O resultado foi eu voando daquela coisa e batendo direto no chão. Fiquei com um braço quebrado e com o corpo todo ralado.

Ali,com Lucas,eu tentei não pensar nessa primeira vez traumática. Me concentrei no vento batendo no meu rosto e no cheiro dele,que não era nem muito doce nem muito forte ou ruim. Era um cheiro agradável,era tipo aquele cheiro que bebês tem.

Depois de muito tempo dirigindo,ele parou em um lugar que ficava bem perto do ponto turístico mais famoso de San Francisco,a ponte Golden Gate. Estava já de noite e a vista estava maravilhosa.

Lucas me abraçou por trás e colocou uma flor na minha frente. "Quando eu era criança,era só eu e minha mãe,a gente tinha dificuldades,por conta do pouco dinheiro. Um dia a gente foi despejado do pequeno apartamento. Minha mãe chorava e eu estava assustado,sem saber o que fazer,entao ela levantou do banco da praça e pegou uma flor,igual a essa,e me falou para fazer um pedido. Eu pedi que a gente ficasse bem. E deu certo."

Eu chorava baixinho. "Agora,eu quero que você faça um pedido." Fechei os olhos e assoprei a flor. "Certo. Agora sou eu." Ele fez o mesmo e depois saiu de trás de mim,ficando na minha frente. "O que você pediu?" Perguntei. "Pedi para você namorar comigo." Pulei em seus braços e o beieji,um beijo lento. "Eu te amo." Falei,e depois que percebi o que eu falei, fechei os olhos, apertando eles bem forte. "Eu amo você também." Falou.

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Voltamos para casa depois de comer em um restaurante horrível,que servia frutos do mar.

Ao entrar no apartamento eu gelei. Apertei a mão do Lucas mais forte e desejei nunca ter voltado para lá. Me virei de vagar para Lucas,que estava confuso. "Que foi?" Perguntou. Antes de eu responder Erza começou a falar.

"Amor,oi...senti saudades." Falou chegando mais perto para me abraçar. Coloquei a mão no peito dele,para que ele não fizesse isso. "O que você está fazendo aqui,Erza?" "Como assim? Eu sou seu namorado. E você disse que precisávamos conversa,e eu estava com saudade. Então vim aqui para a gente se ver,e conversa." Apertei mais a mão de Lucas,que apertou a minha de volta. "Ok...escuta bem o que eu vou dizer Erza." Ele balançou a cabeça positivamente. "A gente não namora mais. Meu namorado é ele -apontei para o Lucas- e eu quero que você saia daqui agora,e nunca mais fale comigo. Eu aguentei você por muito tempo,minha paciência acabou." Ficou um completo silêncio. "Então você tá me trocando por esse aí?" Falou,ja com raiva. "Troquei." Afirmei. "Você só pode estar de brincadeira! Eu cuidei de você Michael! Eu estou na sua vida a mais tempo! Você me ama! Como pode fazer isso?" Fiquei em silêncio,tentando conter possíveis lágrimas. "Primeiro,eu não estou brincando. Você não cuidou de mim, você só me fez mal. Segundo, você está na minha vida a mais tempo,apenas acabando com ela. Eu não te amo. E eu fiz isso do mesmo jeito que você faz tudo na sua vida. Eu não pensei em ninguém. Apenas em mim." Ele ficou em silêncio e eu também. "Agora sai daqui,cara." Lucas quebrou o silêncio. Ele ia falar alguma coisa mas resolveu não faze-lo. Saiu pela porta esbarrando em mim e em Lucas,como se esse ato fosse mudar alguma coisa.

Me virei e abracei Lucas, e deixei as lágrimas caírem. "Tá tudo bem agora. Eu to com você." Falou,perto do meu ouvido. Naquele momento eu me senti seguro,como só me senti uma vez na vida. Quando a minha mãe entrava no meu quarto,estava chovendo e eu tinha medo,ela me abraçava e falava que tava tudo bem,que ela tava ali agora.

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