Capítulo 32 - Ops I'm late

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Pela primeira vez em minha vida eu sentia que havia feito algo certo, parecia que as coisas iriam finalmente acabar bem e eu iria poder ser feliz... Eu tinha finalmente dado o primeiro passo e estava aos poucos conquistando Emily, era revigorante saber que depois de tanta resistência eu tinha conseguido atingir aquele coraçãozinho gelado, só que ao mesmo tempo em que estava confiante em relação a isso, tinha consciência de que iria demorar um tempo até que conseguisse conquista-la totalmente, até porque eu escondia certo segredo que não iria ser capaz de guarda-lo para sempre ou por muito tempo e obviamente ele iria ser um grande atraso nesse meu processo com Emily, mas ainda assim parecia que as coisas estavam se encaminhando para o lado certo...

Eu tinha tanto medo de me entregar àquela felicidade, tinha receio de que se me deixasse ser feliz por um instante sequer, aquilo tudo desmoronasse e voltasse a ser aquela monotonia de antes... Minha situação era tão frágil e delicada quanto um castelo de cartas, uma carta posta errado, um passo torto e toda aquela perfeição iria toda para o chão e sinceramente, eu não estava pronta pra voltar à estaca zero.

Infelizmente, depois de sexta feira, eu não tive nenhum outro contato com Emily. Já que ela não iria competir no sábado, Alfonso a incentivou para que ela passasse o final de semana na casa de uma amiga para se distrair e depois de muita insistência ela acabou concordando com a ideia. Assim, eu e Alfonso tivemos o tão esperado e programado final de semana inteiramente para nós dois e como não sabíamos quando teríamos outro momento aqueles, só para nós dois, acabamos usando e abusando daqueles dois dias.

Depois daqueles dois dias usados exclusivamente com Alfonso, na segunda-feira, após o almoço, decidi fazer algo que não fazia há certo tempo; ir ao cemitério "ver" meus pais. No primeiro ano eu costumava a ir sempre mas com o passar do tempo as visitas foram se tornando menos frequentes até que viraram raríssimas, a maioria das vezes essas visitas eram um pretexto para sair um pouco do bordel, fugir por algumas horas da realidade e ter um momento nostálgico sobre a sepultura dos meus pais...

Logo após o almoço, segui para o cemitério de metrô e aproveitei para caminhar um pouco, depois de ter saído do bordel foi perceptível os quilos a mais que acabei ganhando e definitivamente não estava disposta a ficar com eles então tinha que começar a literalmente me mexer antes que aquilo piorasse. Fui sem muita pressa e ao chegar, comprei duas rosas vermelhas para colocar em frente as suas lápides. Rosas vermelhas...

Elas eram as favoritas de minha mãe. Lembrava-me perfeitamente de como ela ficava radiante quando meu pai a presenteava com um buque delas pelo menos uma vez por mês... Acho que nunca conheceria casal que se amasse tanto quanto meus pais, era possível ver nos olhos dos dois o amor que tinham um pelo o outro mesmo com anos de casados. Provavelmente se eles ainda estivessem vivos aquela paixão iria continuar intacta. Eu seria eternamente feliz se um dia Alfonso chegasse a me amar metade de como meu pai amava minha mãe...

"Miranda e Grayson Portilla. Pais amados."

Será que eles faziam ideia do quanto eu sentia falta deles? Se pudesse voltar no tempo tentaria impedir que eles tivessem feito àquela viagem, ou então iria obriga-los a me deixarem ir com eles porque talvez com minha lápide naquele cemitério teria evitado grande parte do meu sofrimento... Mas infelizmente é como dizem "há males que vem para bem" e só depois de ter conhecido Alfonso que esse bem realmente fez sentido.

Depois daquela conversa com Emily, parei para refletir sobre o que ela havia me dito; de onde eu havia tirado forças para ficar de pé após ter perdido tudo que uma pessoa tem na vida? Sinceramente, eu não sabia mas toda vez que eu pensava em desistir de tudo, me vinha em mente a imagem de meus pais sorrindo para mim e minha mãe dizendo "Tudo vai dar certo, pequena, fique forte que eu estou aqui com você" e mesmo que soubesse que aquilo não era real, eu preferia me agarrar àquela imagem com todas as forças para não me deixar padecer.

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