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Capítulo 3 - Cindy

A música está tão alta que eu posso ouvir daqui onde estou, a meio quarteirão de chegar na mansão das Alpha Sisters. Me pergunto se quem fundou a irmandade não tinha um nome menos previsível para ela. Reviro os olhos enquanto Tati e Ana vão me puxando pelo braço.

- Ouvi dizer que o time de futebol todo vai estar lá! – Ana diz e dá uma risadinha.

- Eu daria meu dedinho do pé para o Marcão olhar pra mim! Mas fiquei sabendo que ele anda pegando a Joana. – Tati faz cara de nojo e completa: - Quem sabe um dia?

- É sério que vocês querem ter alguma coisa com alguém do time de futebol de uma universidade? – eu pergunto enquanto vamos chegando em frente a casa rosa, enorme, cheia de carros na porta e gente para tudo que é lado.

- Qual o problema? – Ana me encara como se eu fosse um ET. – É o time de futebol, hello?

- Um monte de cara forte, bonito e gostoso? – Tati completa.

- E um bando de mulherengo? – arqueio a sobrancelha e as duas se viram para mim e ficam mudas. Depois, Ana balança a cabeça e fala:

- Ah, que seja! Quem é que quer alguma coisa séria aqui, não é mesmo? – ela sorri sem conseguir me convencer muito disso. – Anda logo. A gente tá perdendo tempo aqui fora. – ela me puxa pela mão e eu meio que não sei se quero realmente entrar. Nunca estive perto de nada parecido assim. Tati já sai cumprimentando todo mundo enquanto agarra três copos de cerveja que estão na mão de um cara que me parece um bobo nerd.

- Toma!

- Detesto cerveja. – eu digo.

- Cara, como você quer estar em uma universidade se você acha que ficar com o time de futebol é bobagem e não gosta de beber cerveja? De que planeta você é, Cindy?

Olho para a minha amiga e fico envergonhada. Eu estou me parecendo muito mais com uma idiota do que com uma garota normal. E, bom... Não foi pra isso que eu vim? Pra me sentir alguém normal, que pode estar onde quiser? Pois bem. Vamos fazer isso direito.

Agarro o copo com força e dou um gole longo. As duas me olham e fazem um "joia" enquanto me puxam novamente e nós vamos andando no meio da multidão. Vários caras riem alto contando algum caso idiota, algumas meninas estão dançando em cima de uma mesa de sinuca enquanto uma turma se espreme ao lado da mesa de pebolim para ver qual dos times vai ganhar.

- Você veio mesmo! – escuto Rox falando atrás de mim e me dando um abraço apertado pela cintura. – Graças a Deus! As vezes acho que você passou cola no seu lençol e pregou essa bunda na sua cama. Você precisa de um pouco de diversão, baby girl!

Dou uma risada e balanço a cabeça.

- Você já viu o quanto um estudante de Direito precisa estudar, Rox? Não fico lá a toa.

- Mas pelo amor de Deus. Você só está há uma semana nessa universidade e já estudou mais do que eu nos três anos que eu estou aqui! – ela balança os cabelos coloridos e completa: - Se divertir é lei nesse lugar! – ela pisca. – Só cuidado com os bêbados atrevidos, ok? Qualquer coisa, me chame!

- Eu sei me virar, Rox! E eu estou com as meninas. Não vai acontecer nada! – digo.

Ela olha para Tati e Ana e dá um sorriso educado.

- Nunca se sabe! Se precisar, já sabe. Eu sou a louca de cabelo colorido dançando por aí. – ela sorri largamente. – Bom, meninas, divirtam-se e bebam tudo o que puderem dessas vacas patricinhas! É só pra isso que elas servem! Tchau. – Rox se vira e pega um copo de um cara ao seu lado e some no meio das pessoas.