Nova jornada, parte II.

2.6K 150 102
                                    

Entrei junto com o Justin e nos sentamos no sofá, esperando que minha vó trouxesse o café.

Justin não abria a boca, ficou calado por todo o caminho e agora também.

— Aqui, meus amores. — Entrou na sala com uma bandeja em mãos. Pôs a bandeja sobre a mesa de centro e nos deu uma xícara.

Conversamos por um bom tempo.

Preferi que ela não soubesse o que realmente estava acontecendo, então disse que minha mãe e Pether haviam sofrido um acidente de carro e aquilo era apenas uma visita.

Depois de todo lamento e conversas de como seria a partir de agora, ela se levantou para levar as xícaras de volta à cozinha

— Quer ajuda? — A olhei torcendo para que a resposta fosse não, pois precisava falar com o Justin.

— Imagina, querida. A senhorinha aqui tá melhor que você. — Riu enquanto se retirava. Esperei que ela saísse e então olhei para o Justin.

— Eu preciso que distraia minha vó por um instante, vai ser rápido, eu tenho que olhar uma coisa.

Ele concordou e então me levantei e subi as escadas, fui até o quarto onde eu ficava quando vinha pra cá e olhei atrás da porta.

Havia um pequeno desenho de uma árvore, ao lado da árvore, uma seta, um desenho de pequenos pés e um um número: 10.

Pelo amor de Deus.

Qual o problema de escrever?

Pensei por um instante.

Ok, a árvore deve ser o ponto de partida, dali, pus meu dedo sobre a seta pensando, pra esquerda, dez passos.

É isso.

Mas.. Há milhares de árvores nesse lugar, que droga!

Fui até a janela e olhei todas aquelas árvores, de repente, me veio um flash de memórias, onde eu brincava com minhas primas, correndo entre as árvores, nós gostávamos de cavar, escondíamos tudo.

Eu saberia qual era.

Me virei e sai do quarto, desci devagarzinho tentando passar despercebida.

— Onde você estava, Allie? Perdeu muita coisa, esse seu amigo é um palhaço — Ela riu dando em seguida um leve tapa no peito do Justin.

— Eu.. fui ao banheiro. Mas agora nós precisamos ir, vai ficar tarde. — Andei até ela e dei um beijo em sua bochecha.

— Até, vó.

— Até, querida. Dirijam com cuidado. — beijou minha bochecha também e em seguida a do Justin.

— Pode deixar, tchau. — Justin sorriu enquanto saía da casa, sai em seguida e entrei no carro. Justin entrou logo após e me olhou sem entender.

— Cadê, Allison?

— Preciso que você pare o carro um pouco mais distante para que ela não desconfie.

Ele ainda não tinha entendido, mas não fez mais nenhuma pergunta, apenas dirigiu até um local escondido e estacionou. Desci do carro e ele também.

— Agora vem. — Entrei por entre as árvores e fui andando.

— Você tem certeza do que está fazendo? — Me seguiu.

— Sim. — Parei em frente a uma árvore. — É essa, tem que ser. — Contei dez passos para o lado esquerdo. — Droga, eu era uma criança. — Voltei e diminui os passos. Me abaixei no lugar e comecei a cavar.

— São eles, Marie! — Gritou enquanto olhava entre as árvores em direção à casa da minha avó.

— Eles estão aqui! Como eles sabem?

— Eu não sei! Ah meu Deus! — Cavei mais rápido.

— Uma pá seria ótimo, Allison. Mas acontece que ninguém me disse que teríamos que cavar. — Gritou nervoso.

— Me desculpa, eu sou burra!

Justin se abaixou ao meu lado e ajudou a cavar.

Por sorte, a terra não estava tão dura, pelo visto havia chovido na madrugada.

Cavamos até acharmos uma bolsa plástica com uma caixa dentro. Suspirei aliviada e peguei a caixa.

Justin mal esperou que eu me levantasse e me puxou pelo braço. Corremos em direção ao carro.

Ao chegarmos, entramos e Justin dirigiu rapidamente. Me sentia em uma fulga, boba, era uma fulga.
Justin parecia preocupado, estava pensativo e de vez em quando batia com a mão no volante.

— O que você tem?

— Eles não estariam ali somente pela sua avó. Como eles sabiam que a caixa estava lá?

— Eu não sei.. — Sussurrei.

— Não podemos mais ficar naquela casa. — Me olhou por um instante e voltou a olhar pra estrada.

— Você acha que eles nos procurariam no apartamento da Lucy? Sei lá.. Por uma noite, até decidirmos para onde iremos.

— Você ainda tá com a chave?

— Eu sei onde fica a reserva.

Horas se passaram, a noite já pousava sobre nós.

Olhei pela janela e vi que já estávamos em frente à casa.

— Vai ficar esperando? — Me olhou enquanto abria a porta e saía do carro.

— Não, preciso fazer uma coisa. — Sai também. Ele entrou na casa e eu o segui.

— Eu pego nossas roupas, não se preocupa. — Entrei no quarto e mexi nas coisas.

Alguns minutos se passaram.

— Allie? Terminou? — A voz do Justin invadiu o quarto e por um segundo senti meu coração parar.

— Droga. — Coloquei as roupas rapidamente dentro de uma mala que ali estava e sai do quarto com a mesma. — Terminei.

— Você viu meu notebook? — Ele olhou em volta.

— Sim, tá tudo aqui dentro.

Justin estava com uma mochila nas costas. O que tinha além de roupas?

— O que você tá levando?

— Depois te mostro. Vamos logo. — Pegou a mala da minha mão e saiu de casa. Fui atrás.

Justin abriu a porta de trás do carro e jogou a mala e a mochila no banco, em seguida entrou no carro, entrei também e encostei a cabeça no banco.

Não queria conversa e Justin sabia disso, eu estava pensando se eles haviam matado minha avó.

Em poucos minutos estávamos entrando na garagem do prédio em que Lucy morava.

Justin então abriu a boca:

— Eu sinto muito, eu sei que eu disse que ficaria tudo bem com ela.. — Me olhou de lado enquanto estacionava.

Olhei pela janela antes de responder.

— A culpa é minha, Justin. — Disse já saindo do carro.

— Do que você tá falando? — Saiu também.

Brandon estava ali.

THE BOXWhere stories live. Discover now