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Ironicamente deu certo. Eu consegui conciliar as coisas. Henrique já não me tratava rudemente. Não estamos juntos, o que eu não quero, mas pelo menos um vez por dia nos vemos, o que é geralmente depois das seções com seus avós.

Cristina tem ficado bem próxima e sinto que deveria contar essas coisas pra ela. Ela o conhece, pode me dizer mais coisas sobre ele. Algo que me prepare. Mas não queremos relacionamento. Não. Não. Não.

Gustavo conversa comigo todas as noites e parece que meu cowboy não gosta nem um pouco, mas estamos evitando ciúmes. Ele acha melhor não ter ciúmes.

Só que agora as coisas iriam ficar complicadas. Muito complicadas.

-Eles vão chegar. Teremos que tomar mais cuidado. -Henrique avisou.

Seus primos iriam chegar daqui a algumas horas e ficariam até o fim do festival, o que durava de uma a três semanas.

-Não quero que pensem sobre a gente, então nos veremos pouco por que teremos que redobrar o cuidado. Mas assim que possível a gente se vê. Tudo bem?

Assenti.

Tudo bem? Tudo ótimo! Maravilhoso!

Ai. Sinto que as coisas vão ficar bem complicadas.

*

Os carros estacionam.

Da janela do meu quarto vejo aquele esquadrão sair. Aquela, que presumo ser a tia de Henrique, usa um óculos tão grande que cobre metade de seu rosto gordo. Aquele, que presumo ser o tio, tem cabelos levemente grisalhos e um nariz um pouco mais protuberante. Dois rapazes de físico atlético saem logo após -Os primos de Henrique. Que ele não gosta! -E por ultimo uma menina linda, mais velha que Cristina, aparentemente, tão esnobe quanto a mãe.

Cíntia aparece no cenário e corre para abraçar a cunhada, logo Cristina faz o mesmo, recepcionando a todos.

Ouço as vozes entrando na casa, abro a porta do quarto e Henrique surge caminhando pelo corredor.

-Está tudo bem? -Pergunto preocupada.

Henrique não aparenta estar bem! Nem um pouco bem!

-Cansado. Eu não vou fingir estar feliz e recepciona-los. -Ele murmura, sem olhar para mim. -Você precisa ir lá e ser apresentada ao resto da família.

-Ei. -Toco seu rosto. -Se você quiser podemos ir cavalgar. Eu não preciso conhecer ninguém...

-Vai. -Ele pede, afastando minha mão e se afastando. -Eu preciso ficar só.

Henrique segue caminho e fico parada, ainda surpresa. Droga! Estávamos caindo para a estaca zero novamente, voltando a sermos estranhos que não se tocam, que não possuem nenhuma intimidade, nem nada!

Respirei fundo antes de descer. Os novos visitantes já haviam se arrumado no sofá e contavam sobre a viagem.

-Foi exaustivo! -A tia diz. -Acredita que a comissária ainda teve a coragem de me olhar com a aquela cara de sonsa e me oferecer tudo enquanto eu queria dormir?

Ai! Ela deve ser uma megera!

-Deve ter sido exaustivo. -Cíntia diz, nem concordando nem discordando da cunhada.

Me aproximo vagarosamente, com a intenção de não ser notada, mas Cristina me nota.

-Helena! -Ela solta um gritinho e vem até mim, enlaçando seu braço no meu e me levando até os recém-chegados. -Família, esta é a doutora Helena. Ela está cuidando da vovó e do vovô. Helena, esta é minha tia, Marina, esta é minha prima, Sabrina, e meus primos, Pedro e Marcos.

IndomavelmenteWhere stories live. Discover now