STORM

11 - Incêndio

Não teve tempo para pensar no que ele havia dito. O fogo começou rapidamente, se arrastando pela trilha de gasolina. Logo chegaria até a cadeira de Lucy, e seria o fim.

Não tinha tempo para soltar o outro nó. Bateu as próprias costas na cadeira com o intuito de faze-la cair para longe do fogo.

Por sorte, conseguiu.

Mas, o fogo ainda pairava ao redor da casa, tinha que sair dali o mais rápido possível, ainda mais banhada de óleo altamente inflamável.

Lucy demorou para tirar aqueles nós, mas conseguiu a tempo, se tivesse demorado mais um segundo, um enorme pedaço do teto teria desabado em cima dela, teria morrido na hora caso aquilo atingisse. Era tão grande, que esmagou a cadeira que estava sentada a poucos segundos atrás.

Correu até a porta e subiu as escadas o mais rápido que conseguia. Tomando muito cuidado para não tocar no fogo.

Quando terminou de subir, se deparou com um corredor, sua perna esquerda estava em chamas. Desesperada, apagou o fogo com a mão, batendo em sua perna até o fogo apagar. Foi errado da parte dela fazer isso, não machucou sua perna por causa da calça jeans que usava. Mas, sua mão ficou extremamente ferida, quente e com umas bolhas que começava a se formar.

Talvez seja por causa da adrenalina que sentia, mas não sentiu tanto dor em sua mão.

O suor era inevitável com aquela alta temperatura. Desviava do fogo, parecendo uma bailarina perdida, e até agora, conseguiu ficar sem sofrer alguma queimadura grave. A  fumaça causado pelo incêndio a fazia tossir. Não era bom respirar àquele ar tóxico. Estava com a roupa que Ângela emprestou, e aproveitou para tampar o próprio nariz com a parte debaixo da camisa.

Saindo do corredor, voltou para a sala em que conversara com Ângela anteriormente, e ali a encontrou. Deitada no chão, se arrastando até a porta. Ela notou o barulho de alguém e virou-se para Lucy.

— Me ajude, Lucy! Não consigo me mover. — Implorou. A perna dela estava sangrando, Lucy percebeu que era um buraco causado por uma faca. Lucy pensou rápido, podia ajudá-la, só que ignorou. Passou reto por Ângela, que gritava por ajuda.

Ela me traiu! Estava trabalhando com o STORM! Trabalhando com alguém que matou dois membros da minha família!

Lucy virou para Ângela, o ambiente já não estava tão quente ou era o seu coração que estava muito frio.

— Morra queimada, vadia! — Saiu pela porta correndo.

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Havia pessoas ao lado de fora observando Lucy sair correndo de uma casa em chamas. Sua saúde ainda estava ruim, e não podia forçar a correr. Mas havia horas em que era necessário, como aquela por exemplo, ou correr dos sequestradores.

O ápice do incêndio começou. Seja lá quem mais estivesse dentro da casa, seria impossível continuar vivo depois daquilo.

Lucy correu até um local isolado de pessoas. Sentou-se encostada em uma árvore e descansou por um tempo, respirando com dificuldade e seu mão voltando a doer.

Desde seu sequestro, não conseguiu um momento de sossego. E o pior, era que aquilo tudo, aconteceu em apenas um dia...

Desde o sequestro com Howard, até o incêndio com Ângela. E principalmente, a pior parte, o encontro com STORM.

Pareceu uma eternidade para ela. Mas ainda não podia se dar o luxo de descansar. Tinha que voltar para casa, falar com sua mãe que com certeza estava apavorada com o sumiço dela.

Ouviu a sirene de um carro de bombeiro, e a fumaça preta do incêndio, ia diminuindo com o tempo. Lucy voltou até o local, agora já descansada. Tudo parecia mais calmo, sua mão já não doía absolutamente nada. Convenceu a um motorista, a levá-la até a casa de sua mãe, após explicar para ele o que aconteceu. Omitiu algumas partes para evitar perguntas desnecessárias.

Ligou para Marie com o telefone do motorista e explicou que estava bem. Ela fazia muitas perguntas. Lucy estava feliz em ouvir a voz de sua mãe, mas evitou contar a verdade por telefone.

Estava amanhecendo, e eles estavam quase chegando. Parecia que os problemas estavam acabando.

"Parecia".

Pois o pior ainda estava por vim.

O pior seria explicar tudo que aconteceu.