14 - Amor e Ódio

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Lucy virou lentamente para Tommy, o suor escorrendo pela testa, a mente em choque, o corpo tremendo.

Lucy já havia desmaiado uma vez odiava aquela sensação de tontura.

Tinha visto o próprio noivo mutilado.

Já havia caído de uma escada enorme e ficado paraplégica.

Já chorou tanto que achou que os olhos iriam explodir.

Já viu o pai morrer na sua frente.

Quase morreu queimada em um incêndio.

Sentiu medo em todos aqueles momentos. Medo de morrer, medo de perder aqueles que amava. Estava cara-a-cara com o responsável pelo seu sofrimento. Estava sozinha, em um quarto trancado, com um assassino.

Mas, pela primeira vez, não estava com medo. O ódio era muito mais forte do que qualquer outra coisa que podia sentir.

— Tommy! — Disse por fim. Disse apenas o nome dele, como se fosse um insulto ou o pior xingamento do mundo.

Ele sorria.

— Quanto tempo eu esperei!

— Eu vou perguntar apenas uma vez, — Disse Lucy tentando se acalmar. — Por quê?

Tommy encarou Lucy.

— Por que? — Ele perguntou. — Por que eu fiz isso tudo? Eu já te falei...

Lucy surtou.

Ela não era uma pessoa muito forte fisicamente, nem sabia lutar ou se defender em uma briga. Mas ouvir Tommy falando com aquela frieza, não se importou com mais nada no mundo. Ela só queria bater nele. Bater até ele sentir, tudo o que ela sentiu.

Não conseguiu causar muito dano, ele era forte e rapidamente conseguiu conter os braços dela. Lucy tentava escapar, mas falhava.

Ele soltou Lucy em questões de alguns segundos. Só tempo o suficiente para pegar uma arma escondida na sua cintura.

Apontou para Lucy.

— Sente!

O ódio só crescia. Pensou em avançar novamente, mesmo com a arma apontada para ela. Seria loucura, mas não estava pensando direito.

— Eu disse, SENTA! — Tommy gritou tão repentinamente. Estava calmo dois segundos atrás.

Lucy obedeceu. Agora que a adrenalina passou, conseguia pensar melhor e não queria ser baleada. Levar um tiro não seria muito legal.

— Aposto que você está confusa, isso eu entendo. — Novamente a frieza na voz. — Vou deixar você perguntar o que quiser, faça milhões de perguntas. Eu irei responder cada uma delas. Um jogo simples, mas a única regra é: Honestidade.

Lucy ficou em silêncio, tentava organizar seus pensamentos. Pensar em como sair daquela situação, mas antes disso, tinha que participar do jogo dele, ela queria saber o motivo de fazer tudo aquilo.

— Por que eu? — Perguntou com a raiva na voz. — Por que você não se apaixonou por outra pessoa? Por que você aparece no momento mais feliz da minha vida, e depois o destrói? Por que você é tão doentio a ponto de matar meu noivo? POR QUE VOCÊ MANDA A PESSOA QUE EU MAIS AMEI NA VIDA, EMBRULHADA COMO UM PRESENTE DE CASAMENTO? POR QUE VOCÊ MATOU MEU PAI? POR QUE VOCÊ INSISTE EM ME PERSEGUIR? POR QUE NÃO ME DEIXA EM PAZ? MELHOR AINDA, POR QUE NÃO ME MATA AGORA MESMO, E ACABA COM ESSA PALHAÇADA?

Lucy estava completamente fora de si. Depois de tudo que ele tinha feito, era impossível continuar normal, mas Tommy apenas suspirou, ainda com a frieza no olhar.

STORMWhere stories live. Discover now