12. Resfriados e beijos molhados

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"Sometimes the heart sees what is invisible to the eye."

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Aquele dia não seria como todos os outros quaisquer. Não mesmo. Afinal, era feriado e em feriados eu tirava folga do trabalho, aparentemente, e não teria de aturar a cara de sapo de Simon, nem o loiro chiclete, muito menos limpar banheiros imundos ou lavar roupas que não me pertenciam.

Naquele dia, eu ficaria na casa na qual eu estava fadado a ficar em minha estadia naquela realidade.

O que não era tão ruim quanto poderia parecer.

Eu teria a chance de tirar um cochilo a tarde, mesmo tendo de cozinhar pela manhã enquanto cuidava de Jamie e Lily, poderia assistir a um filme no fim do dia com os pés em cima da mesa de centro e teria a oportunidade de me entupir com todas as guloseimas disponíveis nos armários daquela casa – o que não era muitas, pois Harry parecia controlar a quantidade de açúcar ingerida pelos membros daquela família.

E por falar em Harry, ele teria de trabalhar, mesmo sendo feriado, por estar de plantão.

O que era uma lástima.

Uma verdadeira e incontestável lástima.

Afinal, a tarefa de cuidar das crianças ficaria sob minha responsabilidade. E, para ser sincero, eu preferia queimar alguns dedos tentando fritar batatas do que ter de trocar as fraldas de Jamie ou verificar a temperatura de Lily a cada hora devido ao fato da garotinha ter acordado com uma febre que a deixara de cama. É realmente trabalhoso e cansativo.

Além disso, talvez devido ao vento gelado inesperado das últimas noites, Harry também não acordara muito bem. Sentia-se febril e era constantemente incomodado por uma coriza e por dores no corpo. Eu o incentivara a ficar em casa, pois, se fosse comigo, de jeito nenhum que eu iria trabalhar me sentindo mal daquele modo, porém ele nem pareceu me ouvir, aquele irresponsável. Disse que se não fosse, seria descontado de seu pagamento aquele dia e esse dinheiro faltaria no final do mês. Para Harry, era melhor não arriscar.

Perdido em devaneios, fui tirado deles no momento em que senti um puxão na barra de minha calça enquanto cortava em fatias a carne que eu iria preparar que definitivamente deveria ficar boa por eu estar seguindo um livro de receitas de um programa famoso de televisão – se não ficasse, a culpa era de Gordon Ramsay e não minha.

Pa-ba... Gaaaaa-gui-guuuuu. ─ Jamie balbuciou babando como sempre e revirei os olhos enquanto deixava meu olhar cair sobre ele.

─ Eu já troquei a sua fralda. Não comece, macaquinho...

Pa-ba! ─ Exclamou animado e, enquanto permanecia de quatro por estar engatinhando, mostrou uma de suas mãos rechonchudas e cheias de saliva que seguravam uma peça de um de seus brinquedos de montar. ─ Ga-ga.

─ É. Gaga. Que legal... Agora me deixe trabalhar, vamos...

Ga-ga. ─ O bebê tentou dizer algo mais uma vez como se para reforçar o de antes e saiu engatinhando alegremente e de forma rápida para a sala de estar.

Neguei com um aceno sem entender exatamente o que ele fazia – sequer sabia se havia algum sentido nisso ─ e voltei ao meu trabalho. No entanto, não muito tempo depois, já podia ouvir o rastejar de Jamie se aproximando novamente. Olhei para trás e lá estava ele com outra peça de montar de seu jogo, esticando-a para mim.

Ga-ga!

─ Uhum. Ga-ga! Que legal! Você não está pensando em me mostrar peça por peça, está?

Strange Destiny (Larry Stylinson)Where stories live. Discover now