Capitulo 9

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Capítulo nove







P
étala aproximou-se de Dexter e fez o seu ritual, ela levantou-se nos seus pés e o beijou em seu rosto.
— O que está fazendo para o nosso almoço, lenhador? — Perguntou afastando-se e sentando-se à mesa.
— Eu não vou revelar até que você experimente. — Sorriu ele.
— Você sim é um menino mal. — disse ela. — E um bom amigo, Dexter Sawyer. — Ele odiou ouvir a palavra "amigo" mas, fingiu muito bem seu sentimento.
— Você também é uma boa amiga, Pétala. Como passou a noite? — Ele levou a conversa para outro lado.
— Trabalhei até às três da manhã.
— Nossa, deve estar exausta. — Disse ele.
— Não mais, eu estava até entrar por esta porta. — Isso ele gostou de ouvir e sorriu. Ela sentia-se em casa e foi como uma graça concedida para ele.
Dexter fez toda a comida calmamente, quanto mais tempo demorasse, mais ele tinha sua companhia. Era impressionante como eles eram compatíveis. Eles esqueceram o tempo lá fora conversando como se fossem realmente amigos de uma vida inteira. Mas não era isso o que qualquer outra pessoa do lado de fora podia observar, eles tinham cumplicidade, química ou pode-se dizer, muita intimidade. Cada olhar de Dexter para Pétala tinha um significado, e quando ela o olhava de volta, respondia aquilo que ele havia passado. Eles conversavam com os olhos, diziam coisas que a boca não tinha coragem ou não era o momento certo. Talvez até não sabiam como dizer o que tinham em seus corações. Medo de uma rejeição da parte dele, ela por não saber o que o seu instinto dizia-lhe para fazer, mas ambos sabiam que algo especial estava acontecendo, estavam assustados, mas, juntos ao mesmo tempo tentando apoiar um ao outro sem deixar-se perceber. Quando o almoço ficou pronto, comeram deliciando-se e sorrindo interminavelmente. Depois Dexter fez chá de cascas secas de laranja com hortelã e foram tomar sentados de frente para a lareira. Parecia um casal feliz, a única diferença era que eles não se tocavam ou se beijavam. Mas estava ali para eles tocarem no amor palpável entre duas almas perdidas, por não saberem como agir.
O dia passou e para a infelicidade dele e logo caiu a noite. Pétala foi embora deixando a cabana solitária sem o seu sorriso encantador e piadas sem sentindo. Ele foi para o quarto e a única coisa que o deixou confortado, era saber que ela voltaria no dia seguinte.
E o dia seguinte chegou. E ela voltou. Passaram momentos incríveis de longas conversas, ele puxando mais a língua dela do que ela conseguia fazer com ele. Dexter ensinou algumas coisas sobre ervas medicinais que tinha plantadas no quintal, mostrou-lhes também as orquídeas de Cattleya, que era uma das mais belas lembranças de sua mãe. Contou algumas coisas inocentes da vida de Honddra, porém, não sentia-se confortável em dividir as lágrimas derramadas diariamente por ela.
O dia passou, a noite chegou, e ela mais uma vez o deixou sozinho. Dexter já estava sentindo o amargo sabor do final dos dez dias. Pétala iria embora e demoraria a voltar. Pensar nisso quase o fez vomitar. Cinco dias se passaram e ela o visitara todos eles. Até o sexto dia chegar.
Era uma época de muito sol, mas a chuva e vento frio insistiam em permanecer em seu lugar. Dexter acordou e pensou em sair para correr e quando olhou pela janela de seu quarto, ele desistiu.
— O que está acontecendo? — falou em voz alta. — Se essa chuva continuar, Pétala não virá, droga! — Disse com raiva. Ele escolheu um bom jeans e uma camisa branca, colocou seus confortáveis chinelos nos pés e foi para a cozinha. Organizou o que estava fora do lugar e quando olhou o velho relógio de seu pai, já era 9hs da manhã. Ele tomou café e logo depois esperou por Pétala sentado no sofá, com uma xícara de chá na mão e um livro em outra. Estava mergulhado em seu mundo literário quando foi despertado pelo barulho da porta de carro batendo lá fora.
"Ela veio? E nesse temporal? Pobre do motorista que ficará dentro do carro". — Pensou e sorriu.
Dexter levantou-se rápido e abriu a porta para uma Pétala coberta com um grande casaco de plástico para chuva.
— Você veio. — Disse ele. Ela entrou molhando todo o tapete.
— Eu não podia deixar de vir. — disse tirando o casaco e o entregou e ele pendurou-o no porta casacos. — Que chuva estranha. — Disse ela assoprando os dedos frios.
— Venha, aproxime-se da lareira. — Disse levando-a e sentindo seu corpo tremer ao tocá-la nas costas.
— Obrigada.
— Eu vou pegar um chá para você. — Dexter foi até a cozinha e colocou um pouco de chá na caneca e logo estava de volta ao seu lado.
— Obrigada. — Pétala tomou o chá de olhos fechados. — Maravilhoso.
— Sim. Eu realmente pensei que você não vinha hoje. — Disse ele e sentaram-se um ao lado do outro no sofá.
— Você não me conhece, lenhador. — Ela sorriu. Pétala contou como estava seu irmão e sua mãe. Ela disse que precisava de coragem para ir vê-los, tinha para muitas coisas na vida, mas para isso ela era covarde. Fazia anos que ela os trancara na fazenda e mesmo depois de todo esse tempo, eles precisavam de tratamento. Quando Chris tinha acessos de raiva, ele gritava por drogas e pedia para deixá-lo morrer usando. Sua mãe estava mais controlada porque era viciada em álcool, a droga usou pouco tempo em relação ao tempo de Chris.
— Eu tenho medo de vê-los. — Disse ela olhando para as chamas do fogo na lareira.
— Eu posso acompanhá-la se você quiser. — Pétala o olhou com sorriso nos lábios.
— Você faria isso por mim? — Perguntou.
— Eu faria qualquer coisa por você, Pétala. — Ela puxou o ao para os pulmões sem saber o que responder. Mas logo foram despertos por um barulho estrondoso dentro da casa.
— Meu Deus! — Gritou assustada. Eles olharam para a cozinha e viram um grande galho de arvore atravessado na janela de vidro.
— De onde veio isso? — falou Dexter ao se levantar. Eles correram até a cozinha, a chuva estava muito forte e começou a molhar todo o lugar. — Eu vou lá fora tirar isso, você fica aqui, cuidado com os cacos de vidro. — Disse ele. Dexter abriu a porta e saiu para a forte chuva. Pétala o viu do lado de dentro e quando ele começou a puxar o grosso galho ela o ajudou empurrando-o para fora. Ela ficou toda molhada da chuva que invadia a cozinha e cuidou para não machucar-se nos cacos de vidro pelo chão. Eles conseguiram tirar o galho pesado da janela e Dexter entrou novamente completamente molhado da chuva.
— Eu vou pegar um plástico. — ele abriu o armário debaixo da pia e pegou plásticos pretos de sacos de lixo e uma fita adesiva que sempre mantinha ali para qualquer emergência. A chuva entrava forte pela janela e parecia até que não queria ficar lá fora. — Você pode me ajudar? — Perguntou ele.
— Claro Dexter, o que quer que eu faça?
— Segure isso e me dê em pedaços quando eu pedir. — disse e entregou a fita para ela. Dexter cortou o plástico e se aproximou da janela, lutou um pouco contra o vento mas conseguiu manter o plástico. — Um pedaço grande, por favor. — pediu. Pétala tirou e rasgou com os dentes, fez isso até Dexter passar por todo o portal da janela. — Vou pegar um pano, pregos e martelo. Só o plástico não vai segurar o vento. — então ele fez. Pegou um pedaço de pano grande e pregou na janela a marteladas. — Pronto, espero não ter mais surpresas. Preciso cortar essa arvore ai do lado, ela já me deu alguns sustos assim antes.
— Sim. — sorriu ela. — Você está todo molhado. — Disse olhando-o.
— Você também. — Disse ele.
— Não, eu estou bem. Você é que precisa se trocar rápido ou vai ficar doente. — Disse Pétala.
— Eu vou, volto em um minuto. — Disse ele olhando para o próprio corpo encharcado de água. Ele seguiu em direção à escada e tirou a camisa grudada em seu tronco forte. Suas pernas ficaram como concreto de tão pesadas para dar o próximo passo, ao ouvir o horror na voz de Pétala.
— Oh! Meu Deus! O que aconteceu com você? — Dexter era tão acostumado as suas cicatrizes nas costas e a estar sozinho em casa, que esqueceu que somente ele sabia que elas existiam em seu corpo. Ele nunca tirava as roupas da parte de cima perto de alguém, nem mesmo as mulheres em que já mantivera algum tipo de relação. — Dexter, o que é isso? — Perguntou com a voz trêmula na garganta. Ele que estava de costas para ela, ouviu seus passos lentos aproximando-se. De repente, sentiu os dedos de Pétala percorrerem em cada cicatriz.
— Eu tinha um pai alcoólatra e muito agressivo para comigo e minha mãe. — Dexter estava com seus olhos fechados, tenso sentindo os dedos passarem por suas costas.
— Eu sinto muito. — disse ela encostando o rosto em seu corpo. — Sinto muito.
— Já faz muitos anos e também já o perdoei. — Pétala o abraçou por trás, e Dexter sentiu seu corpo que antes estava frio por causa da chuva, aquecer como brasas vivas em suas veias.
— É por isso que você me entende, Dexter. — ela o beijou nas costas. — É por isso que me sinto tão próxima de você. — mais um beijo e ele podia sentir seus lábios quentes entreabertos em sua pele. — Nós compartilhamos do mesmo sofrimento. — Mais um beijo e dessa vez, ele sentiu a língua encostar em sua pele. Ele gemeu.

— Eu não vou continuar. — Falei interrompendo a leitura.
— Por que pai? — Cattleya perguntou decepcionada.
— Porque isso não é nada bom para um pai ler para a própria filha.
— Vai te deixar mais tranquilo se eu te disser que já sei o que aconteceu? E tudo o que você sentiu? Como seu corpo reagiu?
— PARE CATTLEYA, ISSO É DOENTIO. — Ela realmente me deixou com raiva.
— Desculpa. — Sussurrou. Pétala me olhou assustada. "Merda" Aquele dia fora tão sofrido para mim e minha mulher, que não gosto de lembrar-me como fiquei depois do que aconteceu. Isso faz-me ficar com a raiva viva passando dentro do meu corpo.
— Eu que peço desculpas, querida. Não devia ter gritado, eu nunca faço isso.
— Eu sei papai. Só queria que soubesse que, eu já sei o que vem depois disso. — Ela sorriu, a maliciosa.
— Garota insolente. — falou Pétala sorrindo também. — Continue amor, ou essa menina não vai calar a boca.
— Isso mesmo pai, continue.
— Merda. — Resmunguei e continuei.

Pétala escorregou suas mãos subindo e descendo de seu peito. Ele fechou as mãos em punho segurando-se o máximo que podia. Então, mais um beijo de lábios abertos, língua roçando em sua pele que agora estava fumegando. Ele perdeu o controle. Dexter virou-se tão rápido, que Pétala não pode pensar em nada. Ele a pegou no colo colocando-a de pernas abertas em seu quadril, a levou para a parede sentindo o calor de sua respiração.
Ela ficou presa entre a parede e seu corpo, seus olhos estavam profundamente confusos e sedentos. Ele gemeu em seu ouvido segurando firme em sua linda e arredondada bunda farta e dura. Dexter lambeu todo seu pescoço até o maxilar. Sentiu o pulsar das veias de Pétala em sua língua, beijou-a passando a boca quente em cada pedaço de pele descoberta. Ela apoiava-se em seus ombros e segurou forte em seus cabelos. Ele sentiu o quanto ela também o desejara, sentiu todo o tremor saindo de dentro dela, o desejo de tê-lo assim, há muito tempo. Dexter nunca amou ninguém antes, mas sabia ler muito bem o corpo de uma mulher e o que Pétala estava sentindo, era o mesmo que ele sentia por ela.
— Dexter. — ela sussurrou e com as duas mãos ele puxou forte a sua blusa fazendo todos os botões voarem pela sala. — Dexter. — sussurrou mais uma vez. E ele sentiu o quão quente sua pele estava, passando as mãos por todo seu corpo. Dexter não esperou mais um segundo, ele precisava sentir o sabor de seus lábios, o que desejava há muito tempo. Ele segurou o rosto de Pétala com as duas mãos, e olhou em seus olhos, ela estava embriagada de desejo.
— Eu vou beijá-la. — disse e fez. Dexter devorou seus lábios e gemeu forte dentro de sua boca. Ele buscou sua língua atrevida, a língua que o deixou insano ao encostar-se a sua pele, e chupou. Gemeu sentindo o sabor dela. Sonhou com isso por várias noites seguidas, desejou tê-la em seus braços como estava agora, ele ficou apavorado ao se dar conta de que não a queria longe. Ele queria ser dela, e desejava que ela fosse dele pela eternidade.
— Dexter, não. — ela conseguiu dizer, mesmo depois de tanto esforço para se afastar um pouco. — Por favor, pare agora. — disse Pétala entre seus lábios. Ele parou imediatamente. Afastou-se e olhou para os olhos alarmados dela. — Eu não posso. — Disse ela com dificuldade.
— Por quê? — Quis saber. Ela fechou os olhos e quando os abriu novamente, estavam tristes.
— Eu... Eu... Eu tenho um noivo, Dexter. Vou me casar muito em breve. — Disse ela destruindo o seu mundo.
— O que? Você o que? — Ele a deixou no chão devagar e se afastou o mais longe que conseguiu.
— Eu tenho um casamento marcado. — Pétala ficou em pé, encostada na parede tentando se equilibrar. Fechou a roupa e abraçou-se ao seu corpo, envergonhada. Abaixou a cabeça e fechou os olhos. — Eu sinto muito. — Disse ela.
— Sente muito? — disse ele sussurrando. — Olhe para mim, Pétala, bem dentro dos meus olhos. — ela respirou fundo, levantou a cabeça e o encarou triste. — Sente muito? É isso o que tem para me dizer? — Perguntou ele ainda sussurrando.
— O que mais eu posso dizer? — Falou em lágrimas.
— Você estragou o meu mundo quando a encontrei na mata. Desde então, eu só penso em você. Conto cada segundo esperando-a entrar por esta porta e você diz, sinto muito? — disse ele, e viu as lágrimas escorrerem pelo seu rosto perfeito. — Não somos crianças e não é porque eu moro aqui isolado que sou um idiota. — disse tomando folego. — Você é linda, a mais perfeita mulher que já conheci. E eu vejo como você me olha e me deseja. Você veio aqui todos esses malditos dias, para dizer-me que pertence a outro homem? Sabendo que o que mais desejo desde a primeira vez é tê-la em meus braços?
— Dexter. — ela soluçou. — Eu devia ter falado, eu sei.
— Você não devia alimentar o meu desejo em tê-la, em amá-la, Pétala. Porque é isso, eu estou completamente apaixonado por você. Eu posso dizer com todas as letras e sentimentos que tenho aqui dentro. Eu amo você, Pétala.
— Oh! Dexter. — Pétala arrastou para o chão abraçada ao seu corpo com força. Parecia sentir dor insuportável demais para tamanha delicadeza que era ela. — Pare de falar, por favor.
— Parar de falar? — ele olhou para ela sem entender. — O que você pretende fazer sobre isso? — perguntou. — Não, pergunta errada. O que você sente por mim? Porque eu sei que sente algo, sou homem com sangue nas veias e não um animal irracional.
— Eu não posso. — Gritou ela chorando.
— Não foi isso que perguntei.
— Eu sei. — Disse ela.
— Você ama esse homem a quem diz ser noiva? — Dexter queria saber por mais que fosse insuportável. Ela ficou em silêncio. — Eu perguntei, você ama esse homem, Pétala? — Ela levantou e secou as lágrimas, e o olhou.
— Eu sinto muito, Dexter. Mas só podemos ser amigos. — Disse tentando uma frieza que ela não conseguia manter por mais tempo.
— Amigos? Só amigos? — disse ele incrédulo. — Se você falar para mim que jamais pensou em ficar por dias dentro dessa cabana em meus braços, que jamais sentiu um pouco de sentimento que fosse diferente de amor por mim, eu iria respeitar isso e seria somente seu amigo. Você pode dizer isso? Você não compartilha do mesmo sentimento? — perguntou ele. Pétala ficou calada. — Então não, Pétala, eu não posso ser seu amigo. Eu amo você, mas, por favor, vai embora agora e não volte mais aqui. Porque sei que, se você voltar, mesmo gostando de mim, você não vai ser minha. Eu prefiro esquecê-la a ter somente migalhas de sua companhia. Não volte Pétala, eu entendo, seja feliz em seu mundo de possibilidades a qual aqui dentro do meu forte, eu não posso proporcionar-lhe nada.
Dexter subiu a escada correndo deixando-a sem reação. Por alguns minutos ele pensou que ela voltaria atrás, mas não fez. Ele a viu partir, na chuva, da janela de seu quarto. Ela não olhou para trás. Somente entrou no carro e foi embora.

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