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Dois

"Conte-me mais sobre sua relação familiar, Ruby.", a doutora Francesca me disse com seu sotaque acentuado.

"Basicamente, a minha mãe morreu, como eu já havia dito, e vejo meu pai umas duas ou três vezes no ano no máximo.", falei já sentindo uma pontada de ansiedade invadir o meu corpo ,"De família é só, mas eu considero o meu amigo Ashton e a mãe dele como sendo irmão e madrasta", disse me lembrando da Sra. Irwin.

"Hm, e qual é o emprego do seu pai?", ela disse ajeitando o óculos, dei uma inspirada naquele ar da pequena sala de consultas, antes de responder, o cheiro de colônia barata já estava me deixando tonta. "Ele é piloto.", disse sem ao menos sentir falta do sujeito que estava falando, gostava de chamar meu pai apenas de 'Dave'.

A mulher do ruivo falso e maquiagem exagerada esboçava cada palavra minha, soltando alguns suspiros eventualmente. "Olha eu sei que você está cansada, eu também estou, então por que não esquecemos os meus problemas e cada uma vai pra casa desfrutar do bom e velho netflix?",disse já cansada de olhar para Francesca. "Não é assim que as coisas funcionam senhorita Hattaway, conheço o seu pai e garanti que cuidaria da sua saúde mental na ausência dele.", ela me respondeu sem nem ao menos levantar o olhar.

"Saúde mental? Você ao menos é formada?", debochei da mulher que tinha mais de prostituta do que de psicóloga. "Com licença?" Francesca interviu, "Olha Ruby, eu sei que as coisas tem sido difíceis mas você não pode utilizar isto como pretexto para me ofender, estou aqui para te ajudar."

Bullshit!

"Vamos voltar ao início, conte-me sobre Ashton, como é a relação entre vocês dois?", continuou.

"Somos amigos de infância." ,foi tudo que eu pude dizer. "Conte-me mais ,Ruby."

Céus, como eu odeio o som da voz dela falando o meu nome!

"Quer que eu te conte uma história de mais de 10 anos de amizade?, perguntei sentindo a minha cabeça doer. "Não, só responda a algumas perguntas.", ela disse e eu apenas concordei.

Meu pai nem mora mais comigo, ele nem mora mais comigo, por que será que está me obrigando a vir aqui agora ?

"Quando se conheceram?", a voz estridente de Francesca me tirou de meus lamentos.

"Hm, éramos crianças, um garoto chamado Nick estava prestes a me bater por um motivo no qual eu não me lembro mais quando Ashton apareceu e me defendeu sem ao menos me conhecer. Viramos amigos desde então e depois descobrimos que nossas mães eram colegas de quarto na faculdade.", disse enquanto assistia Francesca fazer suas anotações.

"E vocês sempre foram amigos?", disse com um tom estranho na pergunta.

O que ela está querendo insinuar ?Eu e Ashton? Pelo amor de deus, qual parte do 'amigos de infância' ela não entendeu ?

"Sim, acho que sim...",disse e ela deu um pulo da cadeira. "Antes que eu me esqueça, os resultados dos seus exames chegaram", disse , aleatória no mínimo. "E então?", perguntei.

"Lamento querida, o diagnóstico é de depressão pós-traumática com um dos principais sintomas a ansiedade constante."

Que novidade.

"Tenho aqui algumas sugestões de antidepressi-" , a interrompi. "Não, não vou me drogar, até mais Francesca.",fiz questão de dizer o nome dele de maneira quase tão estranha quanto ela faz com o meu e me retirei do cubículo ás pressas.

Incógnita |Michael Clifford|Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ