Dama? Definitivamente não. Companhia? Até pode ser.

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    Eu sou muito desastrada, completamente desastrada. Então sempre crio listas mentais:
Lista de como não fazer papel de trouxa:
  1. Não demonstrar tão de imediato que está se apaixonando.
  2. Não contar que está se apaixonando, o que viola a dica número 1.
  3. Ser você mesma e não tentar imitar os outros, porque sempre dá errado.

  Aqui estava eu, tentando empilhar alguns livros na cabeça e andar com postura.
  É lógico que não deu nada certo.
  Nunca entendi a causa de terem inventado que livros em cima da cabeça melhoram a postura. Pode até melhorar, mas primeiro você receberá alguns calos nos pés por ter deixado que sua cabeça conduzisse aqueles livros pesadíssimos. Livros foram feitos para ler e fixarem-se na memória.
  — Senhorita De Niven! Por favor, vai acabar se machucando com este desequilíbrio! – Madame Millie desaprovava o meu comportamento – não estou aqui para ver um espetáculo no circo, estou aqui para ensinar em como ser uma dama decente.
  — Desculpe Madame Millie, mas eu estou dando o meu melhor
  — Quero o triplo do seu melhor. Preste atenção nos meus ombros, em minha leveza ao andar, o queixo erguido. Esqueça-se de ser uma ajudante e seja a ajudada.
  Tentava andar com a mesma leveza que ela, mas o peso dos tecidos do vestido não deixavam. Sentia o cansaço pesar em meus olhos e estava quase...
  — Senhorita Aurora!!!
  Olho assustada para ela.
  — O que fará quando for apresentada para todos os outros grandes e renomados líderes políticos e se comportar desta tal maneira? Dormindo enquanto alguém falava? Não quero nem saber como conseguirá escolher entre os talheres da salada e da entrada!
— Ahm... existe diferença?
  A ira da Madame Millie estoura que nem um vulcão em erupção.
  — Se existe diferença? Diga para rainha Marise que desisto de tentar te ensinar algo sobre etiqueta!
  — Por favor! Mil desculpas se ofendi a sua pessoa, eu vou continuar tentando, amanhã conseguirei escolher os talheres certos e ter o equilíbrio perfeito.
  A Sra. Millie olhava para mim em dúvida, analisando os meus erros durante a tarde toda e finalmente assentiu.
  — Muito bem, espero que este tempo tenha valido a pena.
  — Obrigada senhora Millie! – abraço ela.
  — S-senhorita Aurora... – ela para por um instante e retribui o abraço – sei que irá conseguir impressionar a todos nesta festa.
E assim continuamos neste mesmo processo durante quatro horas seguidas, às vezes o meu desequilíbrio assustava algumas pessoas. Gaten não me procurou desde o ocorrido e agora, mal sabia onde ele poderia estar. Algumas coisas mudam drasticamente e você nem percebe.
A próxima aula seria de equitação, aprender a andar de cavalo com classe. Grande coisa.
Madame Millie me ajuda a trazer um manso cavalo amarronzado e com manchinhas brancas.
— Qual o nome dele? – sorrindo, sempre adorei passear com os cavalos, ajudando o meu pai a cuidar deles.
— Você quis dizer ela, é uma fêmea. Chama-se Luna.
Olho para Luna e faço carinho em sua crina. Ela parecia gostar.
— Menina, esta égua é uma das mais fortes que eu já vi. Participou mais vezes de batalhas do que alguns garanhões por aí.
— Então Luna é uma vitoriosa, não é mesmo? – ao ganhar sua confiança subo nela e seguro as rédeas, o que eu mais queria fazer era sair em disparada e medir a velocidade que ela alcançava, mas Madame Millie teria um treco.
— Muito bem Lady Aurora, me contaram que vinha de Merces, boa com cavalos, vamos ver do que é capaz de fazer. – ela falou um pouco autoritária.
  Endireito minha postura, ergo o queixo, olho pelo horizonte e cavalgo com Luna por duas pistas.
Tentei segurar essa forma durante alguns segundos. Relaxo.
  — Um bom começo.

A RainhaWhere stories live. Discover now