Capítulo 25 - Trabalho em equipe

157 25 74
                                    

O grupo permaneceu em silêncio por um longo tempo, enquanto pensavam no que dizer. Nenhum deles conseguia acreditar que tinham sido enganados. Allyna, por sua vez, não parecia muito paciente para esperar que eles digerissem toda aquela história.

- Há mais alguma coisa que queiram me perguntar? – ela puxou uma lixa de unhas do bolso da calça e começou a lixá-las, como se estivesse com tédio.

- Você acha que vamos te deixar ir? – Edan falou quase como se rosnasse.

- Eu não vou lutar com vocês, eu não me desgasto em vão.

Assim que respondeu, a garota mirou suas mãos em direção ao solo e, com o vento que saia de suas palmas, levitou pelo ar. Tess arregalou os olhos e olhou para as próprias mãos, achando que seria muito útil aprender aquele truque.

- Digam para o Dezessete que eu mandei lembranças – ela falou em deboche, antes de voar para longe deles.

Edan pensou em correr atrás dela, mas Yasmin o cortou logo. Não valia a pena ir atrás da garota, o problema deles era muito maior do que aquilo. Allyna era apenas uma mísera peça do tabuleiro naquele jogo maquiavélico criado por um professor desequilibrado.

Yarden conseguiu descobrir o paradeiro de Irene, a curandeira que vagava pelas florestas. Por sorte uma das cabanas onde vivia não ficava muito longe dali, então colocou Dalton em suas costas e correu com ele o mais depressa possível. Aria e Neon o acompanharam, enquanto o resto do grupo vagava como se estivessem perdidos. Desde que tinham saído do Terceiro, nunca tinham se sentido tão abatidos.

Irene tinha diversas cabanas espalhadas pelas florestas da região, então vivia migrando entre elas conforme sentia necessidade. As Chefes da Divisão já haviam entrado em contato com ela e a mulher os aguardava na entrada da casa. Ela tinha uma aparência deteriorada, seu rosto era enrugado e havia diversas manchas escuras espalhadas por sua pele cor de oliva. Seus cabelos eram encaracolados e desciam até abaixo de sua cintura, em um tom de roxo desbotado. Não havia brilho em seus olhos cor de âmbar, o que a deixava com uma aparência ainda mais envelhecida.

Yarden correu rapidamente para dentro da cabana e deitou Dalton em uma maca, enquanto a curandeira olhava os ferimentos e procurava pela solução perfeita. O garoto estava inconsciente, como se estivesse dormindo em paz, o que os deixava um tanto assustados. Neon apertava as mãos contra o peito, enquanto Aria e Yarden observavam os movimentos da mulher. Primeiro ela pegou algumas folhas e dois frascos com óleos que tinha em uma prateleira. Depois os misturou e esparramou pelas queimaduras do garoto, colocando as folhas verdes logo por cima. Ao final, borrifou um líquido transparente pelo local e então uniu suas mãos e começou a orar em seu idioma.

Neon tentava entender o que estava acontecendo, mas se assustava quando a mulher berrava e logo em seguida voltava ao normal, como se ela também não estivesse mentalmente presente naquele ambiente. Aria prestava atenção a tudo que ela fazia, enquanto Yarden tinha se apoiado na parede e cruzado os braços na cintura, pronto para um cochilo. O ritual de cura durou um longo tempo.

- Ela disse que encontrou a alma dele agonizando e a trouxe de volta – Aria traduzia o que a mulher dizia entre cochichos e gritos esparsos – Agora ele voltou e está permitindo que ela cure sua morada, no caso, seu corpo.

Neon arregalou os olhos e pensou que aquilo era um tanto maluco, mas ele estava em outra dimensão, então o que não era maluco na vida? Decidiu que era melhor acreditar naquela história, enquanto torcia para que a curandeira acabasse com o sofrimento de Dalton.

Do lado de fora da cabana, o grupo totalmente derrotado estava sentado no quintal, enquanto suspiravam em conjunto.

- Eu me sinto mal sobre tudo – Edan disse, encarando o chão de terra debaixo de si.

EstranhosWhere stories live. Discover now