Capítulo 4 - Rhidian

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Corro animado de volta pra casa. Deviam ser seis horas da manhã mais ou menos, mas estava cheio de energia. Na euforia de voltar para casa subo para o meu quarto sem me preocupar e quando entro encontro além de Zoe, meus pais também.

- Quem é você? Por acaso é você que Rhidian vai visitar a tarde todos os dias? É namorada dele?

- Não! - Digo.

O sr. e Sra. Vaughan se viram para trás e me vêem pela primeira vez.

- Então você está aí. - Diz a Sra Vaughan com um olhar bravo. - Pode me explicar o que está acontecendo aqui?

- Ela acabou de perder a mãe e estava precisando de um lugar pra dormir.

- Claro, e você  um garoto educado ofereceu o seu quarto para ela dormir?

Entendo perfeitamente o que o Sr Vaughan está querendo dizer.

- Não é nada disso do que você tá pensando. Porque se fosse pode ter certeza que você não encontraria ela sozinha.

Vejo pelo canto do olho Zoe ficar vermelha.

- Aposto que você deve estar assustada, não é? Por que você não vem pra cozinha comigo e bebe um copo de água? - Diz a Sra Vaughan sorrindo. Ela sempre foi muito Compreensível.

Zoe concorda com a cabeça, as duas saem do quarto e descem as escadas.

- Você está de castigo! - Diz o Sr Vaughan. Não podia dizer o mesmo dele.

- Mas eu já estou de castigo. - Digo.

- Certo, então eu dobro o tempo do seu castigo.

- Tudo bem.

Vou sair do quarto, mas sou barrado pelo braço do Sr Vaughan.

- Posso saber aonde você foi?

- Eu passei mal e fui no médico. - Digo claramente nervoso.

- Você sabe que é um péssimo mentiroso.

- Toda última semana do mês você sai a noite. - Sinto meu coração acelerar. - O que é que tem nessa data? Uma festa? É isso, não é?

Eu sabia que quando o Sr Vaughan colocava algo na cabeça ninguém conseguia tirar, então apenas concordo.

Felizmente depois que ele achou que venceu, me deixou passar e sair do quarto. Ainda nas escadas comecei a ouvir a Zoe.

- Minha mãe vivia fugindo dele nos Estados Unidos, como ele trabalhava para o governo era fácil pra ele encontrar ela. Então ela decidiu mudar de país e foi para o País de Gales, onde ela conheceu meu pai. Quando eu tinha três pra quatro anos meus pais se separaram e o John Baker voltou. Daí nós viemos para Inglaterra primeiro Londres, depois Manchester e por último Newcastle aqui perto.

Quando apareço na cozinha Zoe sorri.

- Bonito, ficar ouvindo a conversa dos outros. - Ela diz fingindo estar decepcionada comigo.

- Por acaso tem algo aí que eu não possa saber? - Pergunto.

- Não.

- Vou ter que sair, tô pensando em comprar algo bem gostoso pra nossa convidada. - Diz a Sra Vaughan se levantando.

- Eu não quero atrapalhar. - Diz Zoe.

- Que isso.

Assim que nós dois estamos sozinhos na cozinha pergunto:

- E a história completa, posso saber?

- Pelo o quê minha mãe me conta quando ela tinha dezessete anos seu vizinho acabou vendo ela se transformando em lobo; daí em diante ele não parou mais de procurá-la, no começo minha mãe dizia que ele queria capturar ela viva como prova de que existiam seres sobrenaturais. Ele seguiu ela da Costa Oeste até a Leste dos Estados Unidos de São Francisco, onde eles moravam, até Miami, mas com o tempo a busca pela verdade dele acabou virando obsessão e seu objetivo se tornou matá-la para proteger as pessoas. Quando ela chegou no País de Gales ela encontrou uma alcateia selvagem e conheceu meu pai, juntos os dois fugiram e foram morar na cidade, como minha mãe sempre havia vivido. Eu nasci. Com quase quatro anos o John Baker achou minha mãe de novo, meu pai quando descobriu que um humano sabia o segredo dela e também queria matá-la ficou bravo por ela esconder algo tão importante e foi procurar o John Baker pra mata-lo como se fazia na alcateia selvagem ou você mata ou morre, eu lembro dele dizendo essa frase pra minha mãe até hoje. Ela não deixou. Eles começaram a discutir feio, chegaram a se transformar dentro da casa onde morávamos e quase se mataram. Eu sei que a briga dos dois não foi só por causa do John Baker tinha algo mais, mas eu nunca descobri. Depois disso meu pai foi embora e a partir daí foi só eu e minha mãe fugindo do John Baker.

Olhei para o lado e vi o Sr Vaughan parado na porta. Escuto o coração de Zoe acelerar, era óbvio que ela tinha medo dele.

- Rhidian preciso falar com você agora! - Ele diz, sigo-o até a sala. - Você acredita nessa garota?

Fico nervoso pensando que ele ouviu a conversa.

- O que você ouviu? - Pergunto nervoso.

- Ouvi sobre a briga dos pais, depois a separação e as duas fugindo de um tal de John. Onde ele está?

Sinto um alívio no peito.

- Preso depois de matar a mãe da Zoe.

- E por quê?

- Eu não sei, ela não disse nada e eu não quis perguntar também. Mas por que tanta curiosidade?

- Essa garota...

- Ela tem nome. Zoe.

- Tudo bem, a Zoe apareceu na minha casa do dia pra noite e pelo jeito como você e a sua mãe falam dela parece que ela vai ficar mais um pouco.

- Acredite em mim só uma vez, a Zoe não está mentindo.

- Um pouco difícil depois de todas as suas mentiras.

Penso em alguma coisa pra dizer, mas o Sr Vaughan tinha toda a razão.

***

Por mais estranho que meus pais achassem a situação deixaram Zoe ficar até o jantar.

- Então, Rhidian disse que você não tem lugar pra ficar. - Falou a Sra Vaughan de repente.
Vejo o Sr Vaughan encarar ela bravo.

- Na verdade, eu estou morando em um orfanato na cidade vizinha. - Responde Zoe.

- Na cidade vizinha? Como vocês se conheceram? - Pergunta o Sr Vaughan.

Zoe olha pra mim desesperada.

- Ela estava desaparecida e eu a encontrei na casa abandonada da Maddy.

- Nossa verdade, agora eu sei porque você tem o rosto tão familiar. - Diz a Sra Vaughan.

- Acho melhor levarmos ela de volta. Devem estar desesperados te procurando. - Diz o Sr Vaughan.

- Eu vou junto. - Digo.

Ele olha pra mim pensando em discordar, mas acaba aceitando.

- Tudo bem, vamos.

SegredosWhere stories live. Discover now