Capítulo 5 - Zoe

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 Quando chego no orfanato ouço as vozes de várias pessoas na recepção, estava começando a ficar preocupada com as consequências que eu teria que arcar.

 - Rhidian, acho que é melhor você não entrar. - Diz o pai de Rhidian parado na porta.

 - Por quê?

 - Eles acham que ela fugiu com você e eu não estou com cabeça pra ficar levando bronca do erro que você cometeu.

 Rhidian abre a boca para respondê-lo, mas acaba desistindo.

 - Tudo bem, estou esperando você no carro então.

Sinto a mão do Sr Vaughan me empurrar com força para dentro.

 - Espero que você já tenha uma história na sua cabeça, não é pra dizer que estava na minha casa o dia todo. - Ele sussurra no meu ouvido.

 Concordo com a cabeça. Na recepção estava a assistente social, a psicóloga e mais dois policiais; eles demoram um pouco para perceber a minha presença.

- Pelo amor de Deus! Zoe, você deixou todos nós preocupados. Até chamamos a polícia. - Disse a assistente social apontando a cabeça de leve para os policiais.

- Desculpa. - Digo cabisbaixa.

- E quem é esse homem com você? - Pergunta um dos policiais.

 - Eu encontrei ela, roubando comida de uma lanchonete agora de noite. - Ele diz.

 - Você viu algum garoto loiro junto com ela? - O outro policial pergunta enquanto anota algo numa folha.

 - Não, ela estava sozinha.

 A psicóloga anda até mim.

 - Rhidian Morris o nome dele, não é?

 O pai de Rhidian me olha irritado como se fosse minha culpa, eles terem o nome do seu filho.

 - É, mas ele foi totalmente contra a minha ideia de fugir. Ele já morou em um orfanato e disse que fugir não adiantaria nada. 

- Você quer que eu acredite nisso? - Ela perguntou.

- Eu só queria voltar pra casa e tentar encontrar meu pai. - Digo o mais triste que consigo.

Todos olham para mim surpresos.

 - Eu não sabia que você sentia tanta falta do seu pai.

 - Ele não era muito presente, mas é o meu pai.

Parecia que eles estavam começando a  acreditar em mim.

- Eu acho que mais do que nunca você  precisa ocupar a cabeça. - Diz a assistente social.

 De repente um vaso de porcelana cai no chão, de trás dele aparece Rhidian vermelho de vergonha.

 - Espero que não seja muito caro, mas se vocês quiserem eu limpo. Sem problemas. - Ele diz olhando para toda a terra espalhada no chão.

- Não era pra você estar dentro do carro? - Pergunta o Sr Vaughan.

- Tava com muito calor.

 - Você conhece ele? - Pergunta o policial com a folha na mão.

 - Ele é meu filho.

 - Eu só queria ver se a Zoe voltaria de boa, só isso. Eu fiz o meu pai ir para lanchonete, ver a zoe roubando e trazer ela pra cá de novo. Deveriam me agradecer. - Diz Rhidian. Ele para por um momento como se estivesse pensando em algo. - Tive uma ideia. Com minha experiência em orfanatos, sei que uma criança que foge sempre acaba fugindo de novo depois e um dos melhores lugares pra isso é a escola, porque demoram mais pra perceber sua ausência. Mas se vocês tivessem alguém pra olhar ele ou ela de perto? Alguém como eu. Sou amigo da Zoe e o quê eu mais quero é  o bem dela. Porque não colocam ela na minha escola?

 Olho para Rhidian e ele está sorrindo como se tivesse tido a melhor ideia do mundo.

 Todos parecem pensar bem na ideia dele e gostar realmente dela, menos é claro o pai de Rhidian.

 - Até que não é uma má ideia. - Diz a assistente social. - Você voltaria a estudar se fosse na escola do Rhidian?

 Olho para Rhidian brava, ele tinha acabado com a chance de eu ficar sem ir para uma escola diferente. Mas ao ver seu sorriso, não consegui dizer não.

 - Tudo bem.

***

Estudar na escola da cidade vizinha só tinha um problema: o transporte. O pessoal do orfanato não queria de jeito nenhum me deixar ir de ônibus, com sorte, ou nem tanto, a mãe de Rhidian se propôs a me levar e buscar.

 - O que foi? - Pergunta a Sra Vaughan me olhando através do retrovisor. Pelo jeito eu não estava conseguindo disfarçar meu nervosismo.

- Não é nada. - Digo.

 - Se você estiver preocupada por ter perdido mais de um mês de aula não se preocupe, eu já perdi três e não repeti de ano. - Falou Rhidian

 - Não é isso... É que eu não gosto de entrar em uma escola nova. Eu não consigo fazer amizade.

- Não se preocupe, as pessoas lá não são tão ruins. - Diz Rhidian. Apesar de estar nervosa acabo rindo.

Não estava tão confiante quanto Rhidian, ele já tinha dito que todo mundo me conhecia por causa do meu desaparecimento e eu não estava com vontade de ser conhecida como a menina que acabou de perder a mãe.

  Quando chegamos na escola, não estava tão nervosa como antes. Um professor já estava na frente me esperando. 

 — Olá! Você é a aluna nova, né? Bem vinda a sua nova escola.

 — Obrigada!

 — Eu sou o Sr Jeffries. Gostaria de te mostrar a escola e já te levar pra sua sala.  

— Ela não é da minha? ­ Rhidian pareceu realmente aborrecido. 

— Não, Rhidian. Ela é um ano mais nova que você. 

— Sério?

 — Sim. ­ - Respondi.

 Depois disso, sigo o diretor até minha sala. Ela parecia com qualquer outra em que já estive, vários grupos de adolescentes alguns sentados em cima da mesa; como sempre todos viraram para mim e começaram os cochichos. Eu odiava entrar em uma escola nova, ter que fazer todo aquele processo de adaptação e interação me irritava. Nos primeiros dias eu sempre dava problema, e agora morando em um orfanato tinha medo do que poderia acontecer caso eu me metesse em uma confusão.

 — Bem quero que vocês conheçam sua nova colega...

 — Zoe. ­ - Falei.

 Me sentei na primeira carteira, não seria minha primeira escolha, mas era a única vazia. Neste momento começa minha nova vida.  

SegredosTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang