Brigas

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As coisas estavam melhorando a cada dia, Javier estava ficando bem, Rissa finalmente estava mais calma. Nina sentia como se tudo o mais fosse dar certo.

Vitor estava sempre perto, e ela adorava isso. Exceto quando o homem enlouquecia por ela querer voltar a sua rotina normal. Ele dizia que ela não precisava fazer aqueles exercícios dolorosos para concentração ou voltar a ter aulas com o professor carinhosamente chamado por ele de "Praga".

Isso a deixava louca com ele, pois era algo que ela fazia desde sempre, precisava dos exercícios e das aulas para aprender o máximo possível. E essa manhã a briga fora colossal. Tanto que eles não estavam se falando. Até Javier havia notado e perguntando o motivo. Quando ela contou seu irmão também não gostou. Homens.

- Nina, você precisa parar de se torturar, essas aulas e exercícios deixam você mal depois. Caramba. Você é perfeita assim irmã. - Javier havia dito olhando feio pra ela da cama.

- Eu te amo Javier, mas falar isso é fácil pra vocês. Vocês são perfeitos. Eu preciso me esforçar a cada dia pra não embaralhar tudo na minha mente.

Bem nessa hora Vitor colocou a cabeça pra dentro e disse que a esperaria lá embaixo.

- Você pode ir. Não preciso de babá.

Ele fechou a cara e saiu.

Quando ela voltou o olhar para o irmão ele a olhava feio.

Se levantando ela deu um beijo nele e se despediu. Mas não desceu logo. Foi dar uma volta no hospital. Precisava se distrair. Ficou andando pelos corredores por cerca de meia hora até que finalmente saiu.

Só então viu que chovia muito forte. O estacionamento estava vazio. E ela havia deixado a bolsa no carro com Vitor. Decidiu ir mais adiante ver se passava algum táxi. A chuva estava gelada e em poucos minutos ela se encharcou. Distraída não ouviu as buzinas, mas viu quando um carro passou por ela e parou. Vitor. E ele parecia furioso.

- Você saiu nessa chuva? Porquê não me esperou? - Ele gritava. A essa altura sem perceberem que estavam no meio do trânsito debaixo de chuva.

- Eu disse que você podia ir embora, achei que tivesse ido.

Chegando a milímetros dela:

- Você realmente achou que me mandando embora, eu iria?

Ele parecia desnorteado e magoado.

- Eu achei que não. Mas quando saí e você não estava...

- Droga Nina. Parece que a cada passo adiante você me empurra dois pra trás.

Antes que ela pudesse retrucar um raio cortou o céu próximo a eles e se dando conta de onde estavam, Vitor agarrou a mao dela e a colocou no carro.

Seguiram em silêncio pra casa, exceto por alguns espirros dela. Ele a olhou feio mas nada disse.

Chegando em casa Nina subiu para o quarto e tomou um banho quente. Colocando uma roupa confortável desceu para encontrar Vitor na cozinha. Ela estava vazia.

Sobre a mesa um embrulho do seu restaurante italiano favorito. Chocolate quente e antitérmicos.

E um bilhete dele:

" Não quero prender você ou ser sua babá. Durma bem
V"

Nina leu a nota e viu que o carro dele não estava mais ali. Ouvindo um barulho olhou pra trás mas era seu pai que entrava na cozinha.

Soluçando ela se jogou nos braços dele que a segurou forte.

Carlo sabia que sua filha precisava achar auto confiança e ver o que todos eles viam ao olhar pra ela. Maldita fosse a mãe dela. Por destruir em Nina a capacidade de ver beleza nela mesma. E ele mesmo por não estar presente para ela

- Pequenina, não chore minha Nina. Corta meu coração isso.

- Eu sou uma negação papai, não faço nada direito.

Segurando o rosto dela entre as maos:

- Nina, você é linda, meiga, forte e leal. Se formou com honras quando muitos duvidaram. Vem provando a cada dia que é capaz. Só precisa acreditar nisso por si.

Nina chorou ainda mais.

- Eu sinto muito não ter estado lá pra você, eu não fazia idéia. Se soubesse....

Quando ele havia sido informado sobre a existência de Nina, ela já havia passado por horrores nas mãos de uma mãe abusiva e transtornada.

Ele poderia viver mil anos e nunca iria esquecer a primeira vez que a viu.

Deitada na cama de um hospital costelas quebradas e vários hematomas. Tinha sido surrada pela vadia que havia dado a luz a ela e tudo porque Nina havia confundido as palavras em uma apresentação da escola e segundo a louca envergonhado a todos.

Carlo quase a havia matado. E tinha conseguido a guarda da filha. Mas o dano já havia sido feito.

Nina se deixou abraçar pelo pai, mas logo se afastou.

- Eu entendo pai, eu não era uma boa levada né. Mas pelo menos ainda estou aqui. Não se preocupe, apenas e difícil mudar velhos hábitos.

Ela se afastou e pegou um copo com água. Pegando o remédio que Vitor deixou ela os engoliu.

- E quanto a Vitor Nina? O que você fará?

Dando de ombros ela ficou em silêncio.

- Vitor precisa de uma mulher forte papai. E por mais que eu seja forte quando é algo com vocês, eu não sei se consigo manter isso vivo quando o problema sou eu.

Carlo ficou calado apenas olhando pra ela. Não queria deixar ir, mas sabia que seria um longo caminho para ela e Vitor. Só esperava que ele tivesse paciência.

-Não deixe que o medo impeça você de ser feliz Nina.

- O que o senhor sugere?

Colocando algo nas mãos dela ele disse:

- Que você tire essa bunda de dentro de casa e vá resolver o que for com Vitor.

MEU TORMENTO 02 - um amor esquecidoOnde histórias criam vida. Descubra agora