Capítulo 35 ( Apollo )

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O quarto da Victoria não era dos mais organizados mas era ajeitado e bem limpinho. Taylor me olhava de forma estranha e curiosa.

- O que você quer?- Ela pergunta  sentando na cama.

- Quero conversar sobre a gente...

Taylor faz uma careta e sorri nervosa.

- A gente? A gente não existe.

- Como assim, não?- Pergunto irônico. - Eu e você estamos tendo alguma coisa e você sabe disso...- digo me aproximando dela.

Vejo que Taylor ficou meio nervosa e não olhou nos meus olhos. Ela parecia ter medo de mim. Me sentei ao seu lado na cama e sentia sua tensão ao meu lado. Taylor ficava nervosa quando estava comigo.

Era incrível a conexão que tínhamos. Em tão pouco tempo eu já havia me conectando a ela de uma forma inexplicável.

- Ok, foi Ashton que encheu sua cabeça de coisas contra mim , não foi?- Pergunto a encarando.

- Ele só disse a verdade.

- A verdade dele. O Ash me odeia mas isso não significa que eu seja ruim. Você não sabe nem da história e fica julgando.

- E qual é a história toda?- Ela pergunta me encarando. - Eu não consigo confiar totalmente em você, Apollo. Por mais que você me ajude e tal, confiança é algo muito nobre para dá a qualquer pessoa.

- Eu sei. Mas você deu ao Ash. Eu não quero falar dele mas ele não é tão bom quanto vocês pensam....

- Se você for falar dele dessa forma eu vou embora...

Suspiro e me encosto na cama. Puxo ela de forma que fiquemos de frente um pro outro.

- Quando eu nasci meu pai ainda era vivo, tenho muitas lembranças dele. Mas meu pai não era presente e minha mãe era completamente apaixonada por ele, então ficava atrás dele o tempo todo. Eu acabei sendo cuidado pela minha avó. Em tudo, foi ela que cuidava de mim, mesmo eu sendo apenas um bebê. Mas quando o Ashton nasceu tudo mudou. Eles se entenderam e o Ashton foi como um presente para consolidar a união. Eu já era criado pela minha avó, meus pais se mudaram e levaram o Ash com eles e eu fiquei, afinal eu não era bem um filho para eles. Eu fiquei alguns anos sem ver os três e alguns anos depois eles voltaram, mas sem meu pai.

- Eles foram morar com sua avó?

- Sim, meu pai havia morrido. O Ashton era só uma criança mas já sentia um ódio enorme pela pessoa que matou nosso pai, e minha mãe só pensava nisso. Mas quando ela chegou a gente percebeu que ela estava diferente. Estava debilitada e meio machucada, ela contou que estava com câncer. Meses depois ela já não conseguia fazer nada sozinha. E eu ajudava. Por ser um ano mais velho que o Ash minha obrigação era meio que cuidar dele e dela. Mas ela não reconhecia isso, ela não me reconhecia. Tudo era o Ash e tudo era por ele, eu nunca fui importante pra ninguém além da minha avó e eu não ligava pra isso. Não ligava mesmo. Mas cada dia que passava ela ficava pior e eu comecei a me sentir a pior pessoa do mundo por não senti nada por ela. Não sentia pena nem nada, só queria que ela sentisse a dor de ser rejeitada assim como eu fui. Quando eu fiz 16 anos fui chamado para lutar no México. Eu só queria sair de casa então eu fui embora. Comecei com lutas ilegais mas aos poucos fui conquistando meu espaço e conseguindo o que eu queria. Hoje em dia por exemplo eu posso ter o luxo de lutar no lugar que eu quiser mas eu enfrentei muita coisa pra conseguir. Você não tem ideia de como é o lado negro e como você tem que ser um animal para sobreviver. E ele me odeia por eu ter ido seguir o meu caminho sem me importar com nada. Ele me odeia porque eu não sinto nada pela mulher que ele chama de mãe. Ele me odeia porque minha mãe colocou coisas na cabeça dele e eu não sou como ele. Ele me odeia porque eu sou tudo o que ele não é. Independente e que conquisto tudo o que eu quero sem precisar da ajuda de ninguém. Ele diz que eu os abandonei, mas eu nunca fiz parte daquilo. Tirando a minha avó, eu não amo nenhum deles e não faria diferença pra mim se eles morressem. Eles me trataram assim, não é culpa minha acabar me sentindo assim.
Talvez eu seja um monstro, como ele diz.

Victoria ( LIVRO 3)Where stories live. Discover now