Capítulo 5 - LockPicking

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ATENÇÃO! As imagens deste capítulo foram editadas para o livro Reich - entre vampiros e deuses e estão protegidas. Não devem ser copiadas para outros fins que não estejam relacionadas a Reich.


Uma pequena fonte de luminosidade era tudo que eu precisava para enxergar no escuro. No caso, o que estava me ajudando era a fresta de luz que passava por baixo da porta. Pisquei os olhos algumas vezes até que eles se acostumassem com a penumbra do clube. Relaxei os sentidos e apurei a audição. Ouvia alguns pássaros cantando em uma árvore próxima, um carro passando na rua e, dentro do Reich, apenas a minha respiração e o barulho do freezer na cozinha.

Saquei a Glock escondida na bota e caminhei pelo lugar. Era tão estranho a quietude, parecia que um vampiro pularia de um canto escuro a qualquer momento e me levaria para o breu infinito. Subi até a área VIP e vi sofás de veludo vermelho e mesas de mogno. Antiquado, se comparado com a decoração mais moderna no resto do Clube. Ali havia também uma versão menor do bar principal, todo de vidro e garrafas multicoloridas. Na parede de fundo, se destacava o que parecia ser uma adega climatizada. Uma vibração baixa emanava dela. Curiosa, resolvi descobrir quais tipos de vinho os vampiros bebiam, assim roubei uma garrafa. Era verde, sem rótulo ou lacre. Apesar de cheia, estava óbvio que a rolha fora removida pelo menos uma vez e apenas encaixada posteriormente no lugar. As outras garrafas eram exatamente iguais. Agitei a bebida devagar de um lado para o outro, vendo pelo vidro que o líquido era muito mais espesso do que um vinho comum.

Se é que aquilo tinha qualquer gota de vinho.

Retirei a rolha e inalei o doce aroma que invadiu a sala. Sangue. Minha garganta ficou seca, clamando por um gole daquilo que mais desejava. Será que frio e engarrafado teria o mesmo apelo do morno que tomei diretamente da veia de Heinz? Se eu sucumbisse e bebesse, me tornaria menos humana? Queria levar o gargalo à boca e virar todo o líquido, senti-lo escorrer por minha garganta e me encher de energia, me sentir viva novamente, como nunca estive antes. Um gole, apenas um... ninguém sentiria falta dele.

— Invadiu o bar para beber? — A voz incrédula de Takao me tirou do transe. Porra! Quase derrubei a garrafa com o susto que levei. Estava tão distraída, que não ouvi sua aproximação, algo raro de acontecer. Raro e muito perigoso, ainda bem que era apenas Takao.

— O que está fazendo aqui? — Recoloquei a rolha e a escondi na bolsa. Ignorei o olhar torto dele para o meu pequeno roubo. — Não me diga que deixou Cecília sozinha nessa rua esquisita.

— Claro que não, demos a volta no quarteirão e, quando vimos o que estava aprontando, ela me deixou aqui e foi para casa, no carro. Izzy, quer me explicar o que diabos está acontecendo?

Eu não queria colocar meu amigo em risco, se alguém aparecesse ali, ele seria o alvo mais fácil. Também não poderia perder a oportunidade de ter livre acesso ao Reich.

— Quero, mas não aqui. Vamos procurar qualquer coisa que possa ser relevante sobre Heinz e dar o fora o mais rápido possível.

Ele me encarou por alguns segundos antes de aceitar, sabia que não importava o quanto a situação parecesse comprometedora, Takao sempre me apoiaria. Tentei a porta do escritório onde tive o primeiro encontro com Heinz, entretanto, estava fechada. O que, mais uma vez, não foi empecilho. Arrombamos a tranca com o kit de ferramentas e vasculhamos o lugar. Pastas e mais pastas de documentos. Não podíamos analisar um por um naquele momento, então eu e Takao tiramos fotos com nossos celulares.

Uma pasta chamou minha atenção: ex-parceiros. Tia Luna poderia ser aquilo! Antes que pudesse abri-la, um barulho baixo chamou minha atenção: "central, confirmado arrombamento, entrando no recinto."

Reich - AMOSTRA DA 2ª EDIÇÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora