Números Extras

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Seus saltos pretos estalavam pelo chão de madeira do Bar. A pele branca de suas pernas estava escondida por uma calça jeans preta. Lucy havia tirado o vestido e dado lugar a algo que fizesse mais seu estilo. Usava uma blusa da cor vinho escuro e uma jaqueta preta de couro. Seus cabelos loiros presos num coque deram-lhe certo ar de seriedade.

Avistou Celeste apoiada no balcão bebendo um copo de uísque com gelo. A garota se aproximou enquanto a Ceifadora Veterana pousou seu copo sobre o apoio de madeira.

- Você viu Lafayette? – perguntou Lucy ficando frente a frente com Celeste. Esta última analisou o novo visual da garota.

- Não. – respondeu Celeste para logo em seguida elogiar. – Um belo visual o seu. Você combina com vinho.

- Obrigado. – Lucy ficou envergonhada e sentou-se no banco. A balconista aproximou-se e perguntou se Lucy queria beber algo. – Dispenso bebidas.

- Por quê? Devia provar. – rebateu Celeste sentando-se ao lado de Lucy.

- Eu não bebia. – disse Lucy. – E não tenho vontade de beber.

- Devia experimentar. – comentou Celeste dando um sorriso.

Lucy viu no braço de Celeste o nome Archie Pollanski desaparecer. Celeste puxou a manga de seu vestido e cobriu o restante de seu braço que até então estava exposto.

- Do que ele morreu? – indagou Lucy curiosa para ouvir o que Celeste tinha para falar.

- Teve a jugular perfurada por um dardo durante uma briga de bar numa cidadezinha canadense. – respondeu Celeste. – Eu não sabia ser tão boa com dardos. Fiquei surpresa.

- Celeste. – Lucy pronunciou o nome de Celeste como forma de repreensão.

- O que foi? – questionou Celeste. – Quer que eu fique de luto pelas Almas que ceifo? Se nem elas ficam, por que nós deveríamos?

- Eles não ficam por que esquecem quando entram aqui. – respondeu Lucy arqueando as sobrancelhas. – Simples assim.

- A primeira coisa que as Almas fazem ao sair de seus corpos é ver como morreram. –retrucou Celeste. – Elas ao entrarem aqui só esquecem seus nomes, mas mesmo assim estão propensas a relembrar de sua morte, mas eles preferiram esquecer a tristeza e sofrimento e dar lugar à felicidade que o Parque propicia.

- Eu não sabia disso: almas ceifadas podem recordar de suas mortes e sofrer por elas. – disse Lucy parecendo satisfeita com aquela explicação. – Por isso Lafayette fez o Parque. Ele disse que a morte em si é algo bom, mas Caim deturpou essa visão ao matar Abel. – Lucy olhou para Celeste com certa felicidade expressa. – Lugares felizes como o Parque fazem as pessoas esquecerem o quanto as coisas trágicas são tristes.

- Exato. – concordou Celeste. – Acho que tem trabalho a fazer.

Lucy olhou em seu braço marcas amarelas subindo. Subiu a manga de seu blazer e viu um nome surgir. Ulysses Mangialleno.

- Ulysses Mangialleno. México? – disse Lucy para si mesma. – Sempre quis conhecer o México.

- Viu. É possível se divertir sendo um Ceifador. – disse Celeste movimentando sua mão direita como se expulsasse Lucy. Ela deu um sorriso. – Tchau. Vá trabalhar.

Lucy se despediu revirando seus olhos. Ela saiu do Bar. Celeste observando Lucy fechar a porta e se virou para a balconista pedindo mais um copo de uísque. A mulher a entregou e ela num só gole bebeu tudo.

- Onde está Lafayette? – indagou Celeste olhando no fundo dos olhos da balconista.

- Nos fundos do Bar. – respondeu a atendente pegando o copo e indo até o outro lado do balcão.

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