Sua vida pode mudar em questão de minutos!

33 3 0
                                    


Eu havia chego em casa há poucos segundos, não demorou muito para que atravessasse o portão cinza, seguisse pela calçada e entrasse pela cozinha. Logo comecei a ouvir uma voz masculina e jovem e minha mãe conversando em um tom baixo. Decidi apenas ir para o meu quarto, poderia ser somente seu novo namorado.

Como de costume, ao entrar no quarto joguei minha mochila em um canto qualquer, mas uma cobra apareceu, uma cobra negra de cabeça oval, seu corpo era fino, porém muito extenso. No final de sua cabeça havia uma listra amarela.

Seus olhos fixaram-se em algum ponto da minha perna, ela se preparava para dar-me o bote, mas minhas cordas vocais entraram em ação, parecia uma eternidade de gritos que soaram pelo quarto.

Foi nesse momento de profundo desespero que o garoto com os olhos mais belos já vistos e o topete mais perfeito apareceu. Seu olhar se encontrou com o meu e com o da cobra. Desviei de seu olhar e direcionei-o no exato momento em que ela daria o bote! Esquivei-me grandiosamente, sentindo a mão quente dele sobre minha pele me levando consigo para fora da casa, atravessando novamente o portão. Estávamos na rua, à frente, pequenos prédios formavam um enorme condomínio de arruaceiros do outro, casas simples e modestas passavam tão rápido diante dos meus olhos que era difícil perceber os detalhes. Sua mão manteve-se firme até o fim da rua, passamos por tantas casas, tão rapidamente que era difícil contar. Talvez dezessete ou quinze casas.

À direita, uma pequena reserva ambiental. Adentramos a floresta, afastando os arames já gastos e extremamente soltos da cerca. Andamos, agora calmamente e em silêncio até uma clareira. Ele parou e olhou para mim preocupado.

- Sabrina, aquela cobra não é do tipo comum! Ela suga o sangue da vítima. Havia duas na casa, a que a estava em no quarto e uma escondida embaixo do sofá. Uma delas picou sua mãe, não tive tempo de salva-la. Desculpe-me...

Suas palavras eram sinceras. Assim como no velório de meu pai nenhuma lágrima percorrera meu rosto agora também não o fez. Sou uma órfã! "Não demonstre fraqueza!" era o que meu pai dizia, "Sempre haverá um oportunista que vai usar sua sensibilidade para se beneficiar." minha mãe falava. "Lute contra isso, você não pode ser como ela!" afirmava minha irmã. Essas frases ecoavam na minha cabeça, junto com mais um milhão de pensamentos sobre o que tudo isso significava. No entanto, a única coisa que pude responder era:

- O que fazia na minha casa? Do que falava com minha mãe? Explique melhor a parte daquela cobra não ser comum!

Eu estava desesperada, louca para beijar sua boca. Mas precisava de respostas. Ele, minha paixão adolescente, desde os meus onze anos. Sempre inventando desculpas para abraça-lo, ajuda-lo a estudar e defende-lo do que pudesse. Sua cautela era de mais, meu sangue percorria meu corpo tão rápido, podia sentir a raiva aumentando à medida que seus olhos se arregalavam de medo.

Ele mal podia respirar, minhas mãos o prendiam e apertavam seu pescoço contra uma grande árvore. Sua respiração estava ofegante, seus pés se debatiam, suas mãos estavam ao redor das minhas tentando tira-las do seu pescoço sem sucesso. Até que ele apenas parou de se debater e levou as mãos ao meu rosto, tirou uma mecha dos meus olhos e disse com dificuldade:

- Nossos pais estavam em um relacionamento, eu fui a sua casa para jantar, eles iam te contar tudo.

Minha mão soltou seu pescoço, por que fiz isso? Essa não sou eu, não sou uma pessoa violenta, utilizo apenas métodos verbais para conseguir o que quero. Meu corpo tremia, minhas mãos suavam. Meu corpo fraquejava, minhas pernas tremiam. Ele chegou mais perto e passou o braço ao redor do meu ombro. Seu toque arrepiou todos os pelos do meu corpo.

Uma listra é o fimWhere stories live. Discover now