Enfim, Paris

13 2 0
                                    


Tinha uma dívida, não com aquele homem, mas sim com a garota.Os ruivos Luteces entregaram uma chance de permanecermos juntos,mesmo depois de tudo que fiz com ela. Sei que a culpa inteira se deve ao Comstock, se tivesse chance de silenciá-lo no berço,poderia acabar com essa angustia presa em minha garganta, que acaba me consumindo. Não nego que tive muito medo de entrar naquela última porta, presumindo que me arrependeria. Aliás,isso teve ocorrido desde quando, estávamos na entrada desta loucura.

Talvez seja apenas minha mente neurótica, porém Elizabeth estava com uma expressão feliz, estampada em sua meiga face.Enquanto perdia-me nos pensamentos, a menina abriu finalmente uma fenda para partimos à Paris, pois não queria ficar nem mais um minuto neste lugar. Nem que me pagassem milhões de águas de sais, não colocaria meus pés novamente em Columbia, muito menos para essa ridícula cidade no fundo do oceano. Quem é o idiota que perdeu seu tempo planejando morar numa cidade sem oxigênio? Esses ricos de hoje, cada vez mais insanos.

-Prontinho!- esticou seus braços, nos levando para a gloriosa cidade.

-Isso era o que tinha em mente?- indaguei, deslumbrando àvista.

-Não, é muito mais Booker !- respondeu sorrindo.

Uma vitrola cantarolava, em cima de uma mesa perto de nós, era dourada, com detalhes em madeira, algumas margaridas estavam do seu lado. Era de dia, o Sol não atingia as construções com tanta intensidade, principalmente por via da vasta quantidade de árvores no ambiente. As pessoas ao redor conversavam em grandes grupos, rindo à toda hora, nem pareciam respirar. Eususpeitava de todos eles, principalmente daquele pintor de barba, da qual não parava de nos encarar como se estivéssemos fazendo coisas ruins.

-Booker...- disse cabisbaixa, sem possuir mais aquela agitação de antes.

-Está tudo bem?- preocupei-me.

A garota abraçou-me fortemente, apertando meus órgãos em desespero. Não demorou para a mesma expelir um choro alto,totalmente emocionada. Espantado, mutuei seu afeto, como um verdadeiro pai que não pude ser para ela em tanto tempo.Malditos sejam esses jogos de azar, agora não sei o que pronunciar para melhorar esta situação. Então,enxuguei seu gigantesco oceano de lágrimas, provindas dos seus belos olhos azuis, iguais à da sua mãe.

-Obrigada por tudo Booker.

- Eu fiz o que qualquer pai faria, Anna..- pronunciei cauteloso.

-Você fez mais do que isso, você me salvou.

Elizabeth voltou com seu sorriso, após termos uma conversa curta, mas necessária. Ela puxou-me pelo braço e seguimos em direção daquela torre estranha, porém o caminho até o monumento foi pelas águas. Entramos em um pequeno barco, ouvindo o canto de passarinhos pousados na copa das amoreiras,alguns paravam para nos rodear de um jeito tão diferente. Amenina estendeu a mão para um deles, com um gesto rápido o animal pousou em seus dedos, desaparecendo de nossas visões,no segundo posterior.

Desembarcamos,próximos do nosso grande objetivo. O asfalto da rua principal,que coexiste com a grande construção de ferro fundido,estava bastante úmida. Devido ao salto de Anna, eles sapatearam antes que caíssem no chão. Ela não se machucou, apenas trocou inúmeras gargalhadas comigo, enquanto não colocava o esqueleto de pé. Como se nada tivesse ocorrido, continuamos caminhando, até enfim chegarmos a deslumbrante torre de Paris.

Uma maleta de couro marrom estava posicionada no solo, uma pequena tirade papel rasgado dizia: "Doações para a banda".Na sua frente, quatro homens com vestimentas combinadas cantarolavam um sucesso da época. Nós dois paramos para assistí-los cantarem "God Only Knows", eu realmente amava aquela música, aposto que Elizabeth também irá.

-Eles são bons!- pegou uma moeda e lançou em direção à bolsa.

-São sim.- respondi, com as mãos nos bolsos.- Anna, não está com fome?

-Estou, vamos naquele restaurante?- apontou como uma criança,extremamente boba.- Ele parece tão bonito, por dentro..

-Você quem manda.- andando lentamente, desfrutando de cada detalhe que a cidade oferecia.

Paramos em um luxuoso estabelecimento, que parecia ser muito caro. As cadeiras dali eram de couro escuro envelhecido, como a noite. Em volta haviam aquários na vertical, que percorriam uma distância vasta. Ele se iniciava no térreo e,finalizava-se no terceiro andar, nunca tinha visto nada parecido,porém tinha gostado. Parecia que estávamos submergindo,aos poucos, nas profundezas do oceano Pacífico. Minha cabeça começou a doer muito, estava ficando muito tonto, como se tivesse bebido inúmeras garrafas, parecia que eu iria desmaiar.

O que estava acontecendo?!



Minha Querida Elizabeth (Bioshock Infinite)Onde histórias criam vida. Descubra agora