Episódio 5.

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Joey's Boliche, 22h – Trocando experiências.

— Como foi ter pais divorciados? — Louis perguntou enquanto Harry mexia no painel para arrumar os pinos. Aquele era o segundo encontro, digamos oficialmente, que os dois tinham, desde a ida até a montanha de Harry, duas semanas atrás.

— Ué, você também teve.

— Eu sei, mas gosto de ver outros pontos de vista.

— Bom, foi normal para mim. — Harry deu de ombros. Estava sentado numa das cadeiras amarrando um dos tênis coloridos e estranhos, específicos para jogar. — Não teve muito drama na história toda, eu percebi rápido que era a melhor decisão para ambos, que eles seriam mais felizes assim. Meu pai sempre foi um cara meio distante em questões familiares, então não foi tão impactante ele não estar lá. Na verdade, nunca tive nada de impactante na vida inteira, é até estranho para as pessoas eu ter uma banda, nós tocarmos o gênero que tocamos, porque nós somos garotos normais, sem motivos para revoltas nem nada parecido. E pra você, como foi? Aquela parada de perder a casa numa aposta...

— Nessa história tem drama pra caralho! — Louis riu. —Tipo, meu pai tinha esse problema com apostas há muito tempo e ele tentava lidar com isso, estava se saindo bem, mas ele tinha seus deslizes. Minha mãe o amava muito, só que ela via as coisas saindo do controle o que gerava algumas tretas entre os dois. Então teve o dia que ele chegou podre de bêbado em casa dizendo que perdeu a casa para sei-lá-quem e ninguém levou à sério, mas no dia seguinte um idiota bateu na porta de manhã mostrando uns papéis assinados pelo meu pai que, eu não entendo porra nenhuma disso, que lhe davam direito a ter a casa. Minha mãe ficou possessa, ela quase agrediu o meu pai. O cara nos deu um mês para sair de lá e então minha mãe largou Mark e nos mudamos para a casa da minha avó onde ficamos por uns três anos; no primeiro ano minha mãe conheceu o Dan e eles começaram uma coisa, e depois de uns meses decidiram morar juntos... Acho que é isso, eu falei demais, né?

— Não, não, eu gosto de escutar suas histórias. — Ele respondeu com um sorriso e os olhos brilhando, encantado. Cara, ele gostava muito de Louis. — Pode continuar, Lou.

— Certo! Foi bem esquisito para mim porque a gente sempre foi uma família ridiculamente unida, uma coisa meio comercial de margarina. — Harry ainda não conhecia a família Tomlinson, mas já tinha notado que eram unidos, pelo que Louis falava e por observá-lo com Lottie. — E mesmo sabendo que as coisas estavam tensas demais, eu não imaginava que tudo ia mudar do dia para noite, sabe? E eu ficava tentando entender tudo, se teria uma chance de voltar à ser o que era ou o que mais ia mudar, acho que o mais assustador foi de repente não ter mais a presença do meu pai, Jay ficou com raiva demais para deixar ele ter contato com a gente, só depois de uns quatro anos, eu acho.

— E agora?

— Bem, a gente vê ele de vez em quando e temos uma boa relação, claro. Mas, ele é quase um estranho para nós.

— O Dan é um pai para vocês agora?

— A gente não chama, mas foi o que ele acabou se tornando, é claro. Ele conseguiu entrar e se manter na família e não tornar tudo uma merda, ele é um grande cara.

— E você é um grande cara, apesar de pequeno. — Harry disse ao enlaçar a cintura pequena de Louis com seus braços fortes à beça.

— Ah, eu sou grande, dá um tempo. Você nem é tão mais alto que eu.

— Sabe o que eu sou? Melhor que você no boliche, vamos jogar. — Styles provocou tomando de Louis a bola verde limão e se virando em direção à pista bege longa.

O local estava vazio, o dono do local foi a melhor pessoa do mundo ao ficar aberto apenas para eles, quando ele poderia aproveitar para dormir cedo ou sei-lá-o-que as pessoas de sessenta anos fazem às sextas-feiras à noite. Louis lhe disse que o senhor Joey Anderson gostava de ir ao clube dançar foxtrot e mambo, mas Harry não conseguia imaginá-lo fazendo isso. Ele estava ali lendo sua revista atrás do balcão alto, enquanto os rapazes aproveitavam o lugar.

Harry arregaçou as mangas de sua camisa xadrez larga – dando visão de seus bíceps –, deu um coque nas madeixas longas e pegou de novo a bola do suporte, se posicionando, virando o rosto para Louis, dando um maldito de um sorriso competitivo e sexy antes de jogar a bola em direção aos pinos e derrubar todos eles. O sorriso continuou em seu rosto quando ele voltou para o lado de Louis e mordeu forte sua bochecha e deu um tapinha na bunda do pequeno. Quando Louis jogou, ele também fez um strike e saiu correndo pelo local gritando e saltando, enquanto Harry revirava os olhos e lutava contra um sorriso e então Louis veio pular sobre suas costas, gritando "Quem é o melhor? Quem é o melhor?" até conseguir derrubar Harry no chão e ficar por cima dele, bagunçando seu cabelo e tentando lhe fazer cócegas.

— Garotos, limites! — Senhor Anderson alertou divertido, mesmo que fosse sério.

Então, eles continuaram curtindo juntos por mais uma hora – Louis parando o jogo para dançar algumas músicas que começaram a soar nas caixas de som. Eram antigas e ele achava meio esquisitas, começou com Careless Whisper e partiu para a trilha sonora de Ases Indomáveis talvez – Take my breath away? –, mas Harry já estava drogado pela música (ele adorava!) o puxando pelas mãos e o fazendo rodopiar todo errado e risonho. E, caralho, ele nunca se divertiu tanto.

...

— Quase não vejo o Louis em casa, aonde ele está? — Dan perguntou enquanto servia Doris e Ernest, os gêmeos de três anos, com macarronada em seus pratinhos idênticos do Mickey Mouse. A família toda estava reunida para o jantar, com exceção de Louis.

— Com o Harry, provavelmente. — Lottie respondeu distraída enquanto mastigava um pedaço de almôndega.

— Que Harry? Não lembro de nenhum amigo dele com esse nome. — Johannah questionou. Louis ainda não tinha comentado sobre esse garoto.

— É o sobrinho da Mary, esposa do Sam, está passando as férias em Holmes Chapel, eles se conheceram no bar, ele não é só um amigo não, estão saindo, sabe? — Ela respondeu não se tocando que era como se estivesse entregando algo que o irmão estava fazendo de errado. Mas, na cabeça dela não era grande coisa, nunca foi. Ambos, que são os mais velhos, já namoraram duas ou três vezes e nunca teve balburdia diante da situação, então ela não compreendeu à principio porque a mãe dela ficou com aquela cara de quando alguém acaba de pisar com o sapato imundo no chão limpo da casa.

— Sério? — Johannah olhava para Dan como se pedisse arrego a ele. E Lottie seguia perdida. Qual era o problema, afinal? A mente fértil dela já dizia que a mãe sabia quem era Harry de outros carnavais e que tinha toda uma treta com ele, mas isso não durou muito. Não era um filme. — Mas... Ele vai pra faculdade, por que ele está se envolvendo com alguém agora?

Ah, então é esse o problema.

— Não é um relacionamento, pelo que eu entendi, eles só estão saindo, não vão marcar casamento pra semana que vem, querida. — Dan disse despreocupado, do jeito dele de sempre. Ele nunca entrava no drama familiar que Johannah acabava gerando, ele equilibrava as coisas, vendo o lado positivo e racional de tudo. — Deixa o garoto se divertir, ele está de férias.

— Ele não vai desistir dos planos de toda a vida dele por um "amor de verão", mãe, você sabe que o Lou é independente e decidido. — Lottie a lembrou.

— Eu também sei o que o amor faz com as pessoas. — E não dava para saber em que sentido ela estava falando.

White Skimo || Larry Stylinson.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora