Rosé

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Louis acorda no meio da noite e a energia ainda não voltou. Ele se senta na cama e cria coragem de sair de seu quarto e encarar a casa silenciosa e escura.

O silêncio é tão grande que ele sente seus tímpanos doerem, mesmo com o quão impossível isso pareça.

Ele calça suas pantufas de novo e pega seu celular do criado-mudo ao lado da cama. É quase quatro da manhã e seu corpo se arrepia.

Louis ativa a lanterna do iPhone e abre sua porta, andando em direção às escadas. Ele desce lentamente, atento a cada movimento que se possa acontecer numa casa com todos os habitantes adormecidos.

O único resto de vela que sobra é acesa e ele ilumina o espaço da cozinha e então ele ouve passos.

Seu coração acelera e ele se vira para a entrada com a sensação de que terá algo ali, mas não tem e Louis respira fundo.

Ele se prepara para andar novamente e ouve um grito alto. Ele grita de volta, tamanho o susto, mas é apenas Zayn.

- Puta que pariu, esse cachorro, Louis! - Ele reclama e Louis vê que ele também usa o celular para iluminar o caminho.

Peanut está balançando o rabo alegremente aos pés de Zayn, à espera de um agrado.

- Quase sofri um mini infarto agora. - Louis resmunga e anda até Zayn. O garoto anda até a pia e bebe um pouco de água.

- Vai ficar aqui? - Ele pergunta prestes a subir de novo as escadas.

- Sim, estou sem sono.

Parte dessa falta de sono é preocupação com sua mãe e o restante é sua mente cheia demais. Louis sempre soube que pensa demais.

- Okay, boa noite, bud. - Zayn sobe correndo sem esperar resposta e Louis anda até a sala.

Há uma silhueta sentada no sofá e ele se assusta de novo, levando as mãos ao coração. Ele estreita os olhos e consegue distinguir os cachos de Harry da escuridão.

- Você está bem? - Louis pergunta e Harry se vira para olhar em sua direção.

- Sim, não consegui dormir.

Louis anda um pouco mais para o meio da sala e se senta ao lado do garoto, mas não tão próximo. Ele não quer que o que aconteceu antes aconteça novamente.

Quer dizer, ele até quer, mas não nas mesmas circunstâncias.

- Eu também.

Eles ficam em silêncio até a vela se apagar. Eles são banhados pelo escuro e pelo silêncio. Não chove mais, Louis percebe e ele se pergunta se todos estão dormindo ou estão fazendo algo mais interessante.

Louis sente a presença de Harry. É confortante, apesar de estar um pouco chateado.

Mas Louis entende que não está chateado com o garoto.

Está chateado pela situação. Está chateado com Nick e está ainda mais chateado consigo mesmo.

Ele quer ser capaz de se desapaixonar por Harry na mesma rapidez com que se apaixonou por ele, mas seu coração dói só de pensar na possibilidade de tirar o garoto de sua mente. Ele está enterrado lá no fundo e não tem escape.

Louis encara a janela fechada, ouvindo o vento lá fora. Há uma tempestade de neve fraca, mas ele se sente entorpecido. Não há frio, nem calor. Há só a perspectiva de que ele está destinado a estar apaixonado por alguém que não pode ter.

Ele sente antes de ouvir a leve movimentação de Harry e então seus dedos estão entrelaçados com os do garoto. Esse é o único movimento durante todo o tempo parados ali. Não há palavras, nem sussurros, nem melodias.

Why Can't We Be Like That (Cause I'm Yours) - l.sWhere stories live. Discover now