Capítulo 3

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  • Αφιερωμένο στον/ην nayops
                                    

OKAY, EM COMEMORAÇÃO AO RESULTADO INCRÍVEL NO RANKING DE A OUTRA FERA E DE A PRINCESA ERRADA, ESTOU POSTANDO MAIS UM CAPÍTULO! AQUI VAI! :O

* * * 

— Filho da mãe. — Eu me vejo agarrando a adaga no meu cinturão e fincando-a contra o tampo de madeira da mesa. Não sei outra forma de me expressar. — Filho da mãe. — É tudo que posso dizer, enquanto giro e limpo a boca com a palma da mão, tentando de alguma forma lidar com a informação. Quando me volto para ela, ergo uma mão no ar na intenção de falar algo, mas as palavras me somem. Então, coloco as mãos na cintura e pendo a cabeça. Após alguns minutos de silêncio, apenas pergunto:

— E agora? Suas grandes aventuras? Não foi por isso que saiu daqui?

Bela abaixa os olhos úmidos e permanece em silêncio. Não, o silêncio não me basta. Bato no tampo da mesa e me abaixo para ficar na altura de seus olhos. Preciso que me veja enquanto falo.

— Você não suportava a ideia de ser uma simples esposa! Não queria jamais ficar trancada em uma casa! Sempre proclamava aos quatro ventos que queria viver num mundo bem mais amplo, ver e vivenciar coisas incríveis! E agora, Bela? — Grito, absolutamente lívido. — E agora?

A princesa me dá as costas e consigo ouvir sua respiração elaborada e pesada. Bela jamais fica sem respostas, então seu silêncio me perturba mais do que tudo. Eu já odiava o fato de que tivesse me rejeitado, mas me consolava o fato de que o motivo era a realização de seus sonhos. Se ela queria ser uma princesa, viver aventuras e ser tudo aquilo que desejava, que fosse! Mas constatar que todo seu sacrifício foi por nada, que além de não ganhar nada pelo que barganhou, agora está condenada a viver para sempre ao lado daquele monstro e ser mãe de seus filhos...

Isso... isso... é insuportável.

— Todos nós sabíamos que isso podia acontecer. — Sussurra, finalmente, voltada para a parede decorada com cabeças empalhadas de animais de todo tipo. Às vezes, nos meus momentos mais escuros de desespero, era a cabeça do príncipe que imaginava bem ali no meio, entre meus troféus, bem no ponto para o qual Bela olha fixamente agora. — Só não sabíamos que seria tão rápido. — Ela conclui.

— Você sequer conseguiu fazer alguma das coisas que sonhou? — Pergunto, enquanto balanço a cabeça, exasperado e infeliz. Tão logo minha explosão de ira passa, percebo-a se convertendo em melancolia e cansaço extremo. É como o arrefecer de uma brasa. Do brilho vermelho às cinzas.

Ela se volta para mim com um olhar apologético.

— Eu ganhei uma biblioteca. — Tenta sorrir e soar animada, mas é o sorriso mais triste que já vi na minha vida. — E eu... sou uma princesa. Eu... posso... fazer o bem. Fazer a diferença pelos meus súditos. — Diz, se esforçando demais para soar convincente. Eu a conheço desde criança, o suficiente para enxergar a interpretação.

— Certo. — Balanço a cabeça, como se acreditasse no que diz, e mordo a parte interna da minha bochecha, enquanto decido como prosseguir. Caminho lentamente, ciente do efeito que costumo causar nela, e seus olhos progressivamente se arregalam conforme me aproximo. — E o que está fazendo aqui, então, princesa Bela? — Concluo, quase arrogante, minha altura projetando uma sombra sobre ela.

Bela não responde com palavras. Apenas corre para os meus braços e começa a chorar contra o meu peito.

— Eu só queria um rosto amigo neste momento. — Sussurra, por fim, os lábios macios próximos ao meu rosto, exalando um suave perfume de rosas. — Às vezes, me percebo tão solitária naquele castelo que me pego conversando com a mobília. — Ela ri sem humor. 

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