𝟎𝟎𝟖| 𝓙𝓾𝓼𝓽𝓲𝓬̧𝓪

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Bernardo estava sentado na sala de aguardo enquanto esperava o delegado lhe chamar. Além dele, haviam outras três pessoas na sala, uma em especial o encarava atenta.

— Algum problema comigo? — Bernardo perguntou para a morena que lhe encarava. Ela também estava com as mãos algemadas para trás.

— Você parece estar abalado, está tudo bem contigo? — Ela comentou.

— Acabei de perder minha mulher. — Disse simplesmente e olhou para o outro lado.

— Sinto muito, sou Gabriela. — Ela sorriu, apesar de tudo.

— Bernardo. — Respondeu meio desinteressado em continuar com o assunto e voltou a fitá-la. Parecia ser uma boa moça, de família, mas estava na cadeia. — Por que está aqui?

Gabriela se ajeitou na cadeira e virou para encará-lo melhor.

— Tráfico de drogas. — Disse verdadeira. — Plantaram cocaína na minha bolsa, não sei quem foi, mas ferrou com a minha vida. Hoje mais cedo soube que tinha sido aceita na faculdade, mas amanhã tenho que fazer minha matrícula e estou presa aqui.

— A vida é uma merda... — Bernardo resmungou, fechando bem os olhos e encostando a cabeça na parede.

— Não Bernardo, merda são as pessoas que fazem parte dela. — Ela murmurou.

— Pretende ir atrás da pessoa que fez isso com você?

— Claro que não! — Gabriela negou com a cabeça. — Quando eu sair daqui vou reconstruir minha vida, bem longe.

— Não deveria, eu vou me vingar de Luiz Schumacher. Ele matou a minha mulher.

Depois de dizer isso, Bernardo explicou a Gabriela que Luiz havia atropelado Lívia e fugiu do local sem prestar os primeiros socorros. E que isso fez com que ela ficasse tetraplégica e implorasse para ele fazer eutanásia nela.

— Bernardo... Quem matou a sua mulher foi você. — Gabriela sussurrou ao mesmo tempo que um policial entrava na sala.

— Bernardo Ferreira. — Chamou e Bernardo o seguiu enquanto olhava rapidamente para trás, onde Gabriela lhe encarava complacente.

Foi entregue a Bernardo uma plaquinha com o nome dele, a data "28 07 09" e o artigo 121 embaixo. Ele a segurou em frente ao peito enquanto um policial lhe tirava uma foto de diferentes ângulos.

Seria assim. Preso por anos naquela cadeia imunda e o pior, sem Lívia ao seu lado.

Dois meses depois, o rosto de Bernardo estampava todos os jornais do país, como o do homem que matou a própria esposa

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Dois meses depois, o rosto de Bernardo estampava todos os jornais do país, como o do homem que matou a própria esposa. Foi assim que Afonso soube da prisão dele e foi visitá-lo na cadeia.

Ele sabia que tinha uma parcela de culpa em tudo aquilo, afinal foi ele que descolou a eutanásia para Bernardo.

— Como é que você está? — Afonso perguntou quando Bernardo apareceu na sala de visitas.

Bernardo primeiramente ficou surpreso por ver Afonso ali, mas logo se recuperou.

— Não sei direito ainda, não me deixaram ir no enterro da minha mulher... — Martirizou-se lembrando de alguns meses atrás. Preso ali, acabava perdendo a noção do tempo, tinha que ter muita cabeça para não acabar enlouquecendo.

Afonso tossiu desconcertado enquanto Bernardo olhava pela janela o pátio da penitenciária.

— Você é contador, não é?

— Era. — Bernardo corrigiu.

— Tenho um parceiro aqui dentro, ele vai gostar de conhecer um contador. — Afonso falou, aproximando-se de Bernardo e sussurrando: — Procure pelo Eddy.

— Por que está fazendo isso? — Bernardo perguntou desconfiado.

— Te devo uma, Bernardo. Vou ajudá-lo. — Afonso disse. — Você vai conseguir juntar uma boa grana para quando for sair daqui.

— Só vou refazer minha vida quando me vingar do desgraçado que atropelou minha mulher. Vou fazer justiça, Afonso.

— Posso ajudar nisso também. — Prometeu.

Bernardo acenou com a cabeça enquanto apertava forte as barras de ferro em suas mãos. Esperaria ansiosamente até que fosse solto e pudesse ir atrás de Luiz.

Faria ele pagar por cada dia perdido ao lado de Lívia.

Faria ele pagar por cada dia perdido ao lado de Lívia

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