Segundo capítulo

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Eu acreditava que o dia anterior tinha sido real em minha vida, mas algo me dizia que nenhum amor real começaria assim. Nunca fui do tipo de pessoa que se apaixonava fácil, na verdade eu nunca me apaixonei antes. Sempre mantive meu coração reservado, não por medo nem insegurança, mas como disse sempre me senti fora de contexto, mas bastou um sonho lúcido, e um pequeno gesto, pra desconcertar todo o ritmo dos meus sentimentos.

Era a primeira vez que eu sentia aquela sensação e por conta disso me dava calafrios. Se naquele momento minha mãe pudesse ouvir meus pensamentos, diria que isso tem nome e se chama "Primeiro amor". Eu digo pensamentos porque não tinha a intenção de contar a ela.

Eu estava assustada e um pouco perdida, não sabia o que fazer, era inúmero as perguntas que ainda passavam na minha cabeça. ─ Quem era ele? ─ Por que não se apresentou? E a mais cruel de todas. ─ Por que eu sentia tanto sua falta, quando na verdade eu deveria sentir medo? Afinal não fazia parte do meu mundo se apaixonar por uma pessoa que te persegue com olhos vermelhos.

Levantei da cama me arrastando e fui para a escola, dessa vez estreando o meu carro. James já estava lá, parado na porta da escola, certamente me esperando. Abriu um enorme sorriso quando me viu estacionar.

─ Carro bonito. ─ Gritou ele fazendo uma dúzia de alunos olharem para mim.

─ Obrigada. ─ Respondi tentando não fuzilá-lo com meus olhos.

Queria encontrar Lucy, mas ela não apareceu no curso naquele dia, e nem atendeu ao telefone. Todos aqueles acontecimentos estavam me corroendo por dentro, e eu precisava desabafar, ela era minha única escapatória, minha única amiga de verdade.

No meu desespero por encontrá-la, acabei por rodar as ruas da cidade em sua procura, mas desisti rápido, por conta de que eu conhecia muita das habilidades de Lucy, mas sumir ainda era novidade pra mim.

Aquele sumiço me parecia um tanto proposital, já era a segunda vez que ela desaparecia de repente, estava me deixando desconfiada. Não era de seu costume desaparecer sem motivos. Isso foi tudo o que eu consegui pensar no caminho de volta pra casa, sem saber que ia encontrar Lucy no único lugar que eu ainda não tinha procurado.

─ Demorou. ─ Falou Lucy meio sem jeito.

─ Lucy? O que está fazendo no meu quarto? ─ Perguntei em um tom de susto e raiva ao mesmo tempo.

─ Sua mãe me deixou entrar Julian.

─ Sabe que não é disso que eu estou falando. Por onde andou? Procurei você em todos os lugares nessa cidade.

─ Não estava me sentindo muito bem, preferi não ir ao curso hoje. ─ Mentiu ela.

Eu podia não ter a mesma qualidade de percepção que ela, mas era visível que escondia alguma coisa, então deixei esclarecido que não gostei de tal comportamento.

─ Não foi ao curso e não atendeu o celular. Podia pelo menos ter me avisado, parece que está me evitando.

Eu não tinha feito exatamente uma pergunta, mas esperava por uma resposta e Lucy não me respondeu absolutamente nada, preferiu ficar em silêncio me olhando como se não tivesse feito nada de mais. Fiz questão de dar uma longa olhada nela, franzindo minha testa. Eu podia sentir a desconfiança do meu próprio olhar, deixando-a perceber que não estava acreditando.

O silêncio tomou conta do meu quarto, o único som que eu ouvia, era o som da minha própria respiração, e sem coragem de abrir a boca e começar a falar fui disfarçando como podia. A maneira como tudo aconteceu e os olhos vermelhos que ele possuía, era o motivo para me deixar com dúvidas em relação ao modo como Lucy ia encarar a situação. E assim no meio daquele silêncio absurdo, ela foi embora sem que eu pudesse fazer o que passei a manhã toda tentando.

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⏰ Last updated: Jan 05, 2017 ⏰

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