Novael não é apenas a história de um Reino desconhecido para lhe manter acordado durante a noite. Não é mais uma aventura onde as coisas são previsíveis, tampouco lineares. E se o tempo envolvesse cada detalhe, e desse uma pitada de mistério à medid...
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A paisagem não era exatamente acolhedora fora da pequena casa de madeira. As árvores que cobriam todo o lado direito dela davam para um enorme lago verde-pálido, aparentando estar cheio de lodo. Pedras beges e acinzentadas logo atrás da construção subiam a uma altura absurda. Tudo parecia ser mais escuro que o normal, e o clima naquele local os deixava incomodados e receosos, como se qualquer coisa pudesse acontecer a qualquer momento.
A porta rangeu fazendo um barulho oco, dando a impressão de que vários cupins de mãos dadas mantinham a construção de pé. Dentro não possuía muita coisa, apenas dois simples sofás, uma cozinha com móveis de um mesmo material desgastado, sem pintura, tampouco verniz, tendo um visual recém-feito porém decrépito. Um banheiro, e enfim um quarto com apenas uma cama de solteiro e um armário velho. Era possível ver tudo, pois não havia portas, apenas o espaldar.
O clima ali dentro não era muito agradável, porque todos sentiam o vento frio passar pelos pesados tecidos de seus casacos. As frestas entre as madeiras que mantinham o lugar unido eram tão grandes que não faziam ideia de como aquela construção ainda continuava inteira. Por mais que soubessem que o clima estava gélido, aquela sensação fazia-os ter a certeza de que algo os circundava e os observava atentamente, apenas esperando um deslize para assim dar as caras.
— Você quer saber mais sobre o colar? — perguntou, jogando a chave em cima da mesa.
— Sim — respondeu levemente agoniada.
A garota tirou-o do pescoço e o colocou sobre a mesa, empurrando-o até o homem sentado do outro lado. Então, sem explicações, Adam levantou-se num pulo. Todos estranharam a reação do homem. Seus olhos arregalados e o canto da boca levantado lhe davam uma aparência um pouco assustadora.
Então, olhando mais atentamente, Ashley viu algo passando, do lado de fora, pela janela atrás de Adam. Nesse exato momento, ouviu um baque surdo de algo pesado batendo contra o assoalho frágil. Era Tyler caindo no chão, deixando-a completamente confusa e ainda mais aterrorizada.
O homem agora se encontrava em um canto perto da janela, e olhá-lo fazia com que todos sentissem a onda de terror que pairava pela casa fria. Havia definitivamente alguém mais ali.
— Pegue o colar agora, Ashley! — bradou Adam, saindo de onde estava. — Sigam-me. Eu levo Tyler.
Adam levantou-o do chão, apoiou o braço do garoto em seu ombro e, com a ajuda de Benjamin, levou-o consigo para fora da casa. Apalpando seu bolso enquanto o carregava, pegou um círculo metalizado achatado e o jogou na direção da construção atrás de si. Uma neblina densa saiu do aparelho por um pequeno buraco e tomou conta do local quase que imediatamente, impossibilitando-os de enxergar qualquer coisa que não fosse o caminho que tomaram. Fosse como fosse, quem quer que estivesse por ali estaria em desvantagem, pois a visão não lhe era mais um fator dominante.
Ashley colocou o colar em seu pescoço para não o perder e franziu o cenho. Seu coração disparou lembrando-se da perseguição terrível de Elizabeth. Por um breve momento, pensou que não conseguiria se mover ou fazer qualquer coisa, pois o mesmo frio doentio de antes tomou conta dela mais uma vez. Sua respiração estava ofegante, e ela sentia cada vez mais que estava deixando a situação lhe tirar o prumo. Era fraca. Sentia-se fraca. Sabia que era. Tudo ao redor começou a se apagar. Os ruídos se tornavam cada vez mais distantes. Estava sucumbindo ao medo.
