Capítulo 10

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Fico imóvel e bastante trêmula. O abajur balançando na minha mão.

Dominic está parado na minha frente, só de calça moleton cinza. Os olhos fixos em mim e o semblante impassível.

Tento me concentrar no que vou dizer, mas fica difícil diante do seu PFP: porte físico perfeito.

"Será que não dava para ele pelo menos pôr uma camisa?"

—É... O que aconteceu? Eu... Você... Nós...Não... –franzo a testa notando que estou sem meus sapatos e minha jaqueta. —Como vim parar aqui? Não rolou nada entre a gente, não é...?
–pergunto.

Ele anue as sobrancelhas com uma expressão de riso.

Tento ignorar a pequena linha de pêlos que saem dos cós da sua calça subindo até o seu umbigo.

Dominic dá alguns passos em minha direção enquanto eu, por instinto, ergo o abajur na minha frente como se isso realmente pudesse me proteger dele.

Que tolice a minha...

E chega perto o bastante para que eu consiga sentir o cheiro de seu sabonete. O aroma é gostoso, sensual e desperta sensações em mim que eu nem sabia que poderia sentir.

Ele coloca sua mão sobre a minha e quando percebo já estou lhe entregando o abajur. Não sei como conseguiu fazer isso, me desarmar dessa maneira, com um simples toque. Minha mão parece mão de criança comparada a sua que é grande de dedos esguios.

Lentamente sem tirar os olhos dos meus, ele se inclina por cima de mim e coloca o abajur na mesinha de cabeceira atrás. No meu estômago parece que tem um milhão de borboletas batendo asas ao mesmo tempo. O mundo ao nosso redor some e nesse momento só consigo visualizar seu rosto, seus olhos negros, sua boca...

Dominic me examina com o olhar sério, mas não como de quem está com raiva, mas também não sei ao certo o que está pensando.

Tento me afastar, mas seus olhos são como ímãs que me atraem para eles.

Com a mesma mão que pegou o abajur de mim, ele roça o polegar no meu lábio inferior.

—Macio. –murmura fechando e abrindo os olhos.

Minha pernas ficam bambas quando sem tirar os olhos dos meus ele se curva deixando seu rosto à poucos centímetros do meu.

Fecho meus olhos.

"Me beije... Me beije... Por favor, me beije." Imploro mentalmente com o coração acelerado. Nunca desejei tanto ser beijada por alguém como desejo ser por Dominic Blackwell.

Alguns segundos passam e nada de beijo, então sinto seus dedos afastarem uma mecha do meu cabelo para trás, colocando a boca perto da minha orelha, seu hálito quente me causando frio na barriga.

—Como eu disse na festa... Você não faz o meu tipo. –sua voz sai sussurrada como se ele tivesse feito um grande esforço para dizer aquilo.

Abro os olhos me sentindo como um balão murchando e o empurro para trás, para ficar bem longe de mim.

Dominic volta para a janela em que estava antes.

De orgulho ferido e frustrada não consigo pensar em nada, então falo a primeira coisa que me vem a cabeça.

—Você é um babaca, sabia? Um idiota que só porque é bonito acha que pode tratar as mulheres como lixo. Mulher não é objeto para ser usada, nem tapete para ser pisada... Continue assim e você terminará a sua vida sozinho, na solidão, sem um amor verdadeiro. –quando termino de falar estou sem fôlego.

Ele ouve tudo em silêncio, ainda de frente pra janela, apenas a enorme cabeça de leão tatuada em suas costas me encara de volta.

Só quando começo a andar pelo quarto procurando minha jaqueta e meus sapatos, é que percebo o quanto ele é pequeno e em um sótão. Tem apenas uma cama de casal, um tapete peludo, uma mesa de cabeceira com o abajur, e uma guitarra em um canto da parede. Não tem closet, fico me perguntando a onde estão suas roupas. Tudo é muito limpo e organizado.

—Onde estão minhas coisas? –pergunto.

—Ao lado da cama. –ele reponde baixo sem se virar para olhar pra mim.

Afasto a colcha que se arrasta no chão e vejo minha jaqueta e meus sapatos empilhados bem no cantinho.

Calço os sapatos e ponho a jaqueta rapidamente. Arrumo meus cabelos atrás da cabeça e então vou em direção a porta.

—Não vá. –Dominic pede quase suplicante. Mas de repente como se tivesse se dado conta do que acabou de dizer, ele pigarreia. — Liguei para sua prima, ela está vindo buscá-la. –ele diz rindo como se nada tivesse acontecido.

Qual é a desse cara? Ele é bipolar ou o quê?

Tiro a mão da maçaneta e volto a me sentar na cama, de costas pra ele.

Passado alguns minutos, a campanhia começa a tocar freneticamente. Dou um pulo levando um susto.

Dominic se apressa e sai do quarto.

Fico em pé andando de um lado para o outro. Tenho vontade de chorar, de berrar, mas engulo o nó que se formou na minha garganta desde o momento em que Dominic zombou de mim.
Ser forte é a única coisa que me resta agora. Não posso deixar que esse idiota me veja chorando por causa dele... por estar super a fim dele.

—Você trouxe ela para o seu matadouro? – ouço Ruby gritar do andar de baixo.

Matadouro...? Olho ao redor e então me dou conta de que aqui não tem closet porque essa não é a casa dele e sim só um lugar alugado pra onde ele traz as garotas pra transar.

—E se a Tamara tivesse vindo pra cá? E visse a Kim? Como isso iria terminar?

Dominic dá uma risada sarcástica.

—Ai eu assistiria de camarote duas gatas brigarem por mim. –ele diz em um tom zombeteiro.

Quê? Sinto meu sangue esquentar de raiva. Nunca que eu brigaria por ele, nunca!

—Se calma, Ruby, nunca que o Dom iria fazer algo que a sua prima não quizesse. –Noah pede com sua voz doce e gentil.

Não acredito que todos estão pensando que eu vim parar aqui porque quis... Não sei nem ao certo como cheguei nesse lugar...
Sinto meu estômago embrulhar quando as lembranças do que aconteceu na festa vem na minha memória como uma enxurrada.

—Oh, meu Deus! –exclamo segurando o pendante em meu pescoço. Eu tinha esquecido completamente que quase fui atacada na floresta por um tipo de cachorro horrível e que fui salva por um lobo, pelo menos acho que era um lobo, pois estava um pouco escuro lá.

Ouço os saltos da Rubi subindo os degraus da escada que parecem ser de madeira, sua pisada é firme e determinada. Ela abre a porta de uma vez e entra no quarto seguida por Noah e Dominic.

Corro para abraçá-la, tentando falar, mas me sinto sufocada.

—Shhh! –ela afasta meu cabelo para trás. —Eu sei muito bem o que tentou atacá-la na floresta.

—Sabe? Mas eu nem te contei.

Ela pisca.

—Mas eu sei.

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E ah já ia esquecendo.. Tô trocando divulgação..

Lua Negra (Editando)Where stories live. Discover now