Capítulo 38

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Agora que sei tudo sobre o passado da minha mãe não tenho idéia do que fazer, de como agir e isso tá me matando. É muita informação pra processar e eu queria tanto poder ajudá-la à aliviar essa dor que ela sente por dentro, essa culpa que ela carrega no peito e que a corroe aos poucos. Preciso tanto de um conselho, de uma segunda opinião...

Olho para o celular na minha mão e vou direto para a lista de contatos. Procuro o nome da Jess e quando encontro aperto a tecla de ligar. No segundo toque ela atende.

Até que enfim se lembrou de mim!.. Pensei que tinha me trocado por alguma amiga nova.

Sua voz alegre me faz sentir saudades da época em que eu morava na capital. Sei que não faz tanto tempo assim que vim embora de lá, nem quinze dias faz, mas é que aconteceram tantas coisas que parece que já faz uma eternidade que estamos aqui.

Eu preciso te contar uma coisa...– Faço uma pausa me dando conta do que estou prestes a fazer. Não posso desabafar com a minha melhor amiga porque fazendo isso, vou está automaticamente  envolvendo-a nos perigos que rondam a minha vida nesse momento.

Sua voz está diferente. –ela observa. —Já sei! Não é mais virgem...conheceu algum gato caipira e paaah... deu pra ele não foi? Quero que me conte tudo...nos mínimos detalhes. Não, pera aí, me envia uma foto do gato pelo Whatsap pra ver se eu aprovo o meu cunhado.

Reviro os olhos sorrindo. Só ela pra me fazer sorrir num momento desses. Jess é uma tagarela e meio doida.

Jess! –repreendo-a. —Você só pensa em sexo.

—E existe coisa melhor no mundo? –ela retruca.

Balanço a cabeça. Minha amiga precisa ser estudada. E com urgência.

Lembro do Dominic.

Tem um cara sim, mas não chegamos a tanto...

—Eu sabia! E como ele é? É alto? Forte? Tem barriga tanquinho? É rico? É loiro? Moreno?

Dou um longo suspiro.

Jess!

—Tá bom parei.

Agora que ela me deixa falar lhe conto sobre o Dom, sobre como é a cidade, sobre a minha nova escola, sobre a família da minha mãe, deixando de fora as partes bizarras, é claro. Jess me ouve com atenção, mas aposto que ela só prestou mais atenção na parte do Dominic.

Quero que me envie uma foto do garanhão da cidade perdida, por quê agora fiquei muito curiosa.

Eu não disse?

Me encosto perto da janela. É noite. Estou no meu quarto e mamãe está dormindo no quarto da frente.

—Não tenho foto dele...

O quê? Você é fotógrafa e não tem nenhuma foto do boy magia?

Reviro os olhos.

Tenho que ir, minha mãe tá me chamando. –Minto. —Depois te ligo..bjuss.

Ouvindo os protestos dela desligo o celular. Menti por que sei que ela iria passar o restante da ligação me fazendo perguntas sobre o Dom e eu me cansei de falar sobre ele. Cada vez que ouço o nome dele sinto um aperto no peito, mas não posso me dar ao luxo de pensar em mim nesse momento, não sabendo que minha mãe corre um grande risco de vida. O lobo-cão quer se vingar dela por ter sido abandonado, quer que ela pague o preço por isso e tenho certeza que a vida dela é o pagamento.

Jogo o telefone em cima da cama e atravesso o pequeno corredor que separa os nossos quartos.

Mamãe dorme tranquilamente. Contar a verdade para mim, fez sair um peso enorme de seus ombros, tenho Certeza.

Lua Negra (Editando)Where stories live. Discover now