Fofocas Olímpicas

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– Zeus? Você realmente me ama?

O silêncio tomou conta do maior quarto do Olimpo. A pergunta, à queima-roupa, incomodou o grande Rei dos Deuses, acostumado a mandar e ser obedecido. Na cozinha, no andar de baixo, algumas divindades já faziam apostas e comentários.

– Vixi... Hera acordou pior que as bestas de Hades hoje. Será que Zeus terá uma boa desculpa engatilhada a essa hora da manhã? Acho que hoje a casa cai.

– Hermes. Pode me fazer um favor?

– Qual, Afrodite?

– Cala a boca, cara.

– Oi?

– Isso mesmo. Para de falar bosta... Quando a pessoa ama de verdade, ela sempre perdoa. Meu filho é implacável com idiotas.

– Sinceramente, Afrodite? Prefiro você na versão Urânia. A Pandemos é muito arrogante para o meu gosto.

– Mas gente! A que devo a honra da sua visita, Atena? Desistiu de ficar trancada com os livros e resolveu fazer diferente, como... deixa-me pensar... viver um pouco?

– Agradeço pelo elogio, doce irmã, mas digo que vivo muito mais intensamente do que você – e de maneira muito menos preocupante.

– É mesmo? Fico surpresa em ouvir isso vindo de ti, a donzela virgem e filhinha de papai. Hein, só por curiosidade: você ainda é bevê mesmo?

– AFRODITE! – Atena gritou, bufando.

– Irra! – exclamou a deusa da beleza enquanto pulava e dava soquinhos no ar – Ares está me devendo uma dracma! Eu apostei com ele que você ainda era e ele duvidou.

– Mesmo? Bem... Só vou dar uma dica antes de ir, tá?

– Sou toda ouvidos.

– Serei breve, pois Atenas precisa de mim nessa guerra: tenta ser mais discreta nos locais em que você tem seus affairs com o guerreiro bombadinho, tá? Não tem ninguém que não saiba, desde o Olimpo até o Hades, do projeto de segredo de vocês, e acredito que Hefesto herdou a capacidade vingativa de Hera.

Foi a vez de Afrodite bufar, cruzando os braços e mostrando a língua.

– Que ótima resposta, Afrodite. Vejo que você está evoluindo muito nas suas aulas de retórica.

– Vaca!

– Bem, não tenho tempo para acompanhar o final da história. Estou indo... Ah!, Hermes? – exclamou a deusa da sabedoria, já no limiar da porta.

– Sim?

– Você perdeu de novo. Zeus conseguirá, de novo, acalmar a fera. Mas eu daria meu elmo ao primeiro que passasse se não tivesse certeza de que a Hera não deixará barato. Isso vai dar o que falar.

O Urro da Ursa (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora