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Fui correndo até a sua tenda e vi que ele estava sentado na cama segurando o quadro da mamãe.  Me aproximei dele lentamente e me sentei ao seu lado. Eu me olhou e me lançou um pequeno sorriso.

— Desculpa ter explodido lá no trailer.

— Tudo bem.

— Estava me lembrando de quando era mais novo e caiu no lago. Se lembra como voltou correndo e chorando. Sua mãe fez um pequeno curativo e deu um pequeno beijinho, disse que isso acelerar o processo de cura.

— Ela me uma moedinha de chocolate. Eu adorava quando ela fazia aqueles truques tirando ele de trás da minha orelha.

— Você amava aquele chocolatinho. Seus olhos sempre ficavam brilhando quando ela te dava um... — ele disse sorrindo, mas logo em seguida limpou uma pequena lagrima que teimava a cair em seu rosto. — Eu não quero te perder também.

Ele me olhou e soluçou.

— Não vai... Demorou um tempo até eu perceber isso, mas eu estou bem. O tratamento está dando certo e eu até já me acostumei com os remédios, não tenho mais aquele que eu tinha no começo. 

— Como pôde pensar que algum dia eu sentiria nojo de você?

— Eu não sei... Acho que o medo me cegou.

Ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

— E onde está quele covarde do Lucas? Se eu encontrar aquele garoto de novo na minha frente eu... — eu o interrompi.

— Por favor... Não diga nada. Lucas está passando por um inferno na terra, está pagando por tudo aquilo que ele fez com ele mesmo. Ele está internado na clinica em que eu faço as minhas consultas. Tem vez que ele responde bem ao tratamento, mas tem dias que seu organismo rejeita o remédio... Eu sempre leio para ele, sempre tento tornar suas tardes mais agradáveis, mas ultimamente isso não está dando muito certo.

Eu me sentei na cama dele e fiquei olhando para o quadro da mamãe em cima do criado mudo. Ela estava tão linda, vestida de bailarina e com um enorme sorriso no rosto.

— Sabe do que ele precisa para melhorar?

Eu neguei com a cabeça.

— Da família dele. Os pais deles acham que ele foi embora sem dar um adeus, mas eu acho que eles precisam saber.  

Eu concordei com ele e abri um pequeno sorriso.

— E eu quero saber tudo sobre HIV. Quero saber como funciona, quero saber sobre seus remédios, como eles funcionam. Quero que dessa vez você não me esconda nada. Tudo bem?  

Eu concordei com a cabeça e te dei um abraço apertado.

***

Acho que contar para os pais dele foi uma parte bastante complicada. O pai dele não queria ouvir, se sentia traído pelo fato do filho ter ido embora, mas sua mãe queria noticias, queria saber onde ele estava, queria saber como ele estava... Se estava bem.

Quando eu contei sua mãe quase teve um desmaio e seu pai começou a gritar, ele não queria acreditar, ele achava que eu estava mentindo. Ele não quis acreditar, mas a sua mulher gritou com ele, disse para ele calar a boca e que ia ficar do lado do seu filho, nem que isso custasse o seu casamento perfeito.

Ela pediu para levarmos ela na clinica para ver o filho.

Quando eu cheguei na clinica, eu pedi para que eles esperassem na recepção quanto ia falar com ele. Quando cheguei no seu quarto eu tive uma pequena surpresa.  

Lucas estava conversando com Marcos o meu medico, o mesmo estava sentando em sua caba e segurando a sua mão. Os dois estavam sorrindo, uma coisa que eu não via ultimamente com o Lucas.

— Atrapalho?

Os dois me olharam assustado e Lucas puxou a mão e Marcos pigarreou.

— Bom... Eu vou deixar os dois a sós.

— Não. Eu preciso falar com vocês.

— Aconteceu alguma coisa? — Lucas perguntou preocupado.

Eu dei um pequeno sorriso.

— Sim... Eu contei para o meu pai sobre minha doença.

— E o que aconteceu?

— Ele entendeu... E ainda brigou comigo por ter escondido.  

Marcos veio até mim em parabenizar.

— Fico feliz que tenha contado, as vezes ficar perto da família pode ser de grande ajuda no tratamento.  

— Eu sei... Por isso mesmo eu contei para outras duas pessoas, pessoas que também entenderam super bem.

  — Quem? — Lucas perguntou confuso.

— Seus pais...

Ele arregalou os olhos e negou com a cabeça.

— Você não tinha o direito de fazer isso. 

— Sua mãe estava prestes a entrar em depressão Lucas!

— E como acha que ela vai ficar quando em ver assim?

— Ela vai ficar mais calma, por que vai saber onde o filho dela está e vai poder ela mesma cuidar de você. Sua mãe te ama mais que tudo no mundo, você tem muita sorte de tê-la ao seu lado, assim como o seu pai. Não desperdice essa chance deles ficarem ao seu lado. E não desperdice a sua chance de ficar ao lado deles.

Ele ficou me olhando em silencio, mas concordou com a cabeça.

— Bom... Eu vou deixá-los a sós — Marcos disse prestes a sair do quarto, mas Lucas segurou seu braço.

— Por favor não vá. Fique aqui. Por favor.  

— Tu-Tudo bem.

Eu dei um pequeno sorriso. Fui até a recepção e chamei seus pais. 

Eles me seguiram em silencio até a porta do quarto, antes de entrar sua mãe me olhou e me deu um abraço apertado.

— Obrigado por cuidar do meu filho, mesmo depois do que ele te fez...

— Está tudo bem Marisa, todos nós precisamos ter uma segunda chance de fazer diferente.

O pai dele bateu em meu ombro e eles abriram a porta do quarto. Quando Marisa o viu correu até o filho e lhe deu um abraço apertado. Seu pai começou a chorar e fez a mesma coisa. Marcos me olhou e me lançou um pequeno sorriso.  

Quando eu voltei para a recepção meu pai estava me esperando com um enorme sorriso.

— Vamos para a casa meu bambino.

— Vamos...

Meu pai passou o braço em volta do meu ombro e fomos para a casa.

XXX  

Não revisado.

Desculpem os erros.

FReaK ShOwOù les histoires vivent. Découvrez maintenant