Katrine

6 - Tenho Vários Dons

- Da pra parar de fugir de mim?! - Katrine diz, ao meu lado.

- Dá pra parar de vir atrás de mim? - retruco.

- aceite que eu quero te ajudar. - ela diz.

- aceite que eu não quero sua ajuda, e que você não existe.

Ela bufa e some.

Uma velhinha ao meu lado, faz o sinal do crucifixo, se benzendo. Acho que eu tinha que parar de falar com Katrine em público.

Ao chegar em casa, tiro as roupas e me coloco debaixo do chuveiro. Um banho sempre me ajudava a clarear a mente.

- Oi - Katrine diz alegremente, surgindo no banheiro.

- Quê!? - exclamo.

- ué, você já deveria ter se acostumado, eu sempre volto.

- infelizmente... - Digo, baixinho.

- deixe disso, sei que ama minha presença.

Reviro os olhos, coloco a toalha em minha cintura e saio do banheiro, com ela vindo atrás de mim.

- Já pensou sobre a minha proposta? - pergunta.

- sim - respondo.

- E então...?

- eu não quero saber dela, nem de você.

- Nossa...que grosso. - diz dramaticamente.

Visto minhas roupas e me deito na cama. Coloco o travesseiro sobre meus ouvidos com o intuito de não escutá-la.

- Oi - ela diz em minha mente.

Me levanto de uma vez da cama, aquilo não podia ser possível.

- como fez isso? - indago, vendo- a com um sorriso debochado nos lábios.

- ué, eu já disse, sou um fantasma, e como um fantasma, tenho muitos dons. - sorrir.

Coloco as mãos sobre minha cabeça, aquilo não me fazia bem, sua presença não me fazia bem. Ela tinha que ir embora e se o jeito fosse aceitar que ela existia e sua proposta maluca, eu aceitaria. Se não ficaria mais louco que ela.

- Tudo bem Katy - chamo-a pelo apelido que a tempos não usava, aquilo também doía. - eu aceito sua proposta.

Ela bate palmas e rodopia em seu vestido vermelho.

- por onde podemos começar? - ela reflete. - Isso! Uma praça! - finaliza.

- praça?, porque uma praça? - indago.

- bem, lá me parece um bom lugar para achar boas garotas.

- então esse é seu plano? Caçar garotas?, isso eu posso fazer sozinho. - debocho.

- você se refere a suas vadias? - pergunta.

- são gostosas. - respondo.

- mas isso não é tudo que importa, vou te ajudar a achar uma boa garota, algo que você se mostrou incapaz de fazer.

Olho-a fixamente e digo:

- eu já achei uma.

E pela primeira vez, deixo-a sem palavras.

- Vamos lá Adrian, temos trabalho a fazer. - diz, sem me olhar nos olhos.