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Estava a chover quando eu acordei. O som das gotas a cair era simplesmente bestial, dando-me uma vontade quase sobrenatural de ficar na cama para sempre.

Mas lá me levantei, constatando que o meu nariz estava entupido e a minha voz meio rouca. Para não falar do facto de estar constantemente a espirrar. Maldita chuva!

Fiz toda a minha higiene matinal e desci para tomar o pequeno-almoço.

- Bom dia! – falei assuando o nariz. Odeio estar constipada!

Os meus pais entreolharam-se e deram-me os bons dias.

Como de costume cheguei uns minutinhos atrasada, nada de mais. A aula de Português passou num piscar de olhos, o que eu achei muito bom. A seguir teríamos a bendita aula de matemática, duas horas seguida, não por causa de troca.

O professor estava incrivelmente tentador. Vestia umas calças de ganga clara, com uma camisola preta. No pescoço tinha um cachecol, que o deixava muito estiloso.

Antes de fazer a chamada, tirou o casaco e pendurou-o na cadeira, assim como o cachecol. Involuntariamente imaginei-me a fazer aquilo. Era bom demais.

- Fizeste a ficha? – o Sam perguntou.

- Sim. Só não fiz o último exercício. Dava-me um número ridículo.

- Eu também não fiz o último, nem o segundo.

Quando chegou o meu nome, antes de poder dizer "presente", espirrei três vezes. O professor deu um sorrisinho debochado.

- Está constipada, menina Gabi? Deve ter sido por ter usado aqueles calções.

- Acho que foi por causa... - outro espirro - ... da chuva que apanhei ao ir para casa. Mas os calções também devem ter contribuído, já que fui com eles vestidos, né? – respondi espirrando outra vez.

Ele semicerrou o olhar na minha direção, e tive a sensação de que ia dizer alguma coisa, mas não. Permaneceu calado.

- Alguém fez a ficha em casa? – ele perguntou após um tempo. Apenas duas pessoas levantaram o braço, e eu não fui uma delas. – Muito bem. Vou vos dar cinco minutos para fazer o primeiro exercício, e depois corrijo-o no quadro. Entendido?

Espirrei. E o pior era que os meus espirros era super altos. Parecia que ficavam a reverberar pela sala. Assuei o meu nariz ranhoso, e tentei fazer o último exercício.

- Professor, pode vir aqui? – a Suzete interrompeu o silêncio. A voz dela dava perfeitamente a entender que ela não tinha nenhuma duvida, para não falar do facto de que estava a morder o lápis e a cruzar as pernas, numa tentativa falha de ser sexy.

Mas ele foi lá. Bufei por aquilo ser tão ridículo. Mas acho que o Rui interpretou aquilo como eu não sabendo fazer o exercício.

- Queres ajuda? – ele perguntou.

- Não, quero tentar sozinha – respondi, virando os meus olhos paro o caderno. Mas eles rolaram para a bunda semi inclinada do professor.

- Bem, o tempo já passou. Alguém não o conseguiu fazer? - Claro que ninguém respondeu. – Então – ele clareou a voz – vou fazer o exercício no quadro para ter a certeza que toda a gente tem a resposta correta.

A resposta dele era diferente da minha e sem pensar muito vi-me a corrigir o exercício do professor. Isso tem explicação: eu tinha a certeza absoluta que a minha resposta estava correta!

O erro era tão básico, nem eu o cometia desde o oitavo ano!

- O professor enganou-se – falei sem pensar.

[concluída] Submersa pelo Desejo | Série Desejo - I |Onde histórias criam vida. Descubra agora