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Saímos das áreas movimentadas da escola e fomos até a biblioteca, que era bem mais agradável. E mais silenciosa. Escolhemos uma mesa ao fundo, e quase não tinha ninguém na biblioteca, exceto a bibliotecária, uma garota usando o computador e um garoto asiático no canto.

Nos sentamos um de frente para o outro e ele pegou as fichas do bolso.

-Pega. –Ele me entrega as fichas. –Suas dez fichas. –Pego da sua mão. –Guarda direito! –Ele avisa.

Assinto e pego as fichas. Elas eram pequenas e pediam algumas poucas informações, como se fosse um cupom de uma promoção qualquer, exceto pelo papel diferente. Bonito, claro!

-Lê baixinho! –Jonny instrui.

Olho o papel e começo a ler mentalmente:

Olho o papel e começo a ler mentalmente:

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Merda. Sou de menor. Ainda sou, no caso.

-Temos um problema! –Digo.

-É, acabei de ler. –Jonny me olha. –Seu padrasto precisa cooperar, dessa vez.

-Você acha que ele vai? –Pergunto.

-Só pede pra ele assinar, sem dar muitos detalhes. -Jonny diz, ainda incerto. -Você quer ser cantor, né? É seu sonho desde sempre. Então não fica colocando minhocas na cabeça. Pede pra ele assinar, e fim de papo!

-Ok. –Digo, mais pra mim do que pra ele. –Vamos. Temos que ir. A próxima aula vai ser daqui a alguns minutos.

Como era de se esperar, no final da aula foi uma coisa louca atrás das fichas

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Como era de se esperar, no final da aula foi uma coisa louca atrás das fichas. Os meninos, e até mesmo meninas, estavam se batendo para pegar, no mínimo, um papel. Eu e Jonny contornamos todo aquela balbúrdia, enquanto víamos a briga pelos papéis. A diretora estava pedindo ordem, mas até mesmo nosso professor de física estava no meio.

-Ajuda! -Ele pedia, enquanto os alunos lutavam por uma ficha.

Saí dali o mais depressa possível. Aqueles caras deviam estar loucos.

Jonny foi legal e me levou até em casa, de carro

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Jonny foi legal e me levou até em casa, de carro. Assim que entrei, fui diretamente para a cozinha e fiquei surpreso, ao encontrar Afonso. Com avental. Lavando a louça. Aquela que eu pedi para ele não lavar.

-Afonso! –O chamo atenção. –Não era para lavar a louça. Eu deixei um bilhete.

-Ah, menino Elliot! –Ele parece surpreso ao me ver. Afonso era um homem de certa idade, com cabelos grisalho e um óculos maneiro que vivia escorrendo pelo nariz e ele precisava, constantemente pôr para cima. Já possuía uma barriga, não tão saliente, mas ainda assim uma barriga dizendo que ele passava muito bem! E é claro, o sorriso, meio amarelado, mas sempre sincero e afetuoso. –Eu vi que a mesa ainda estava suja do café da manhã e decidi limpar e aproveitei para limpar tudo.

Bato de leve em seu ombro.

-Ah, meu velho. Não precisava fazer isso. Você já trabalha demais. –Digo. –Deixe. Eu termino. Preciso fazer o almoço.

-Na verdade, eu fiz lasanha.

Sorrio pra ele, grato.

-Eles não te merecem, Afonso. Com certeza não merecem! –Digo.

Os três, em nenhum momento, agradeceram por algo mínimo que Afonso fizesse, e Afonso era faz tudo: jardineiro, arrumadeiro, lavava e passava as roupas dos três e ainda engomava. 

-Mas eu ainda preciso ficar por aqui. Você precisa de mim! –Ele diz, enxugando a mão no avental rosa. Jura? Precisava ser rosa? Aquele Otto...!

-Sim. -Concordo. -É verdade. Preciso de você. Mas você não precisa ficar aqui. Posso me virar.

-De novo essa ideia? Vá! A lasanha estará pronta em alguns minutos. Se arrume logo!

Eu encaro Afonso. Ele foi a única pessoa que me restou nessa casa. Após a morte da minha mãe, cinco anos atrás, e quando Otto mostrou sua verdadeira face, a maioria dos empregados debandou. Apenas Afonso permaneceu, recebendo um salário baixíssimo por tudo que ele fazia.

Mas eu percebi que ele não ficou por Otto, ou pelos gêmeos. Não. Ele havia ficado por mim. Sabia que eu iria estar sofrendo bem mais se não fosse por ele ali. Se não fosse seu sorriso fraterno e os sorrisos sinceros. Eu iria me sentir sozinho todos os dias, se não fosse por ele.

Jamais conseguiria agradecê-lo da maneira que ele merecia.

-Valeu, velho amigo! –O abraço e subo até meu quarto/depósito.

Jogo a mochila na cama e pego as fichas de inscrição. Preciso que o meu padrasto assine minha autorização. O problema é: se Otávio e Otanael também quiserem participar, ele, certamente, não vai assinar para eu participar! 

Fico com raiva de imediato e me jogo de costas na cama, encarando o teto. Coloco as fichas na frente do rosto e releio. Releio mais algumas vezes. E suspiro.

Vou até o banheiro. Dispo-me e entro embaixo do chuveiro. Quando saio do banheiro, as fichas ainda estavam espalhadas pela cama de solteiro. 

Otto precisava assinar minha autorização. E que Deus me ajudasse!

Cinder Elliot (Cinderela EM1)Onde histórias criam vida. Descubra agora