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-Elliot! –Ouço eles me chamarem. 

Me assusto e empurro as fichas na mochila. Escondendo, na verdade.

-Estou indo! –Grito de volta, ainda abobalhado, escondendo as fichas de inscrição de qualquer modo.

Desço quando já termino de guardar, e me certifico que estão todas ali. As dez fichas. Minhas dez fichas!

Chego à sala de jantar e encontro os três, já à mesa, se servindo.

-Almoço! –Otto diz, em tom severo. –Demorou a descer por quê? -Ele me olhava, curioso, com o cenho franzido.

-Ahn... estava lavando minha blusa. Sujei de tinta, hoje, na escola. –A mentira sai com muita naturalidade.

Não gosto de mentir, mas não importava naquela situação. Eles não podiam saber que eu estava com todas aquelas fichas no quarto.

-Hum... espero que não seja desculpas para comprar roupas. –Otto murmura, levando uma garfada de lasanha à boca.

-Longe de mim. –Respondo com outro murmúrio e me sirvo.

-Papai, você não sabe da última! –Otanael exclama.

-Sim, sim. A última! É fantástica! É a melhor notícia do ano! –Otávio completa o irmão.

-Que notícia? –Otto pergunta, e soa muito desinteressado nos filhos e muitíssimo interessado no prato de lasanha.

-Pai, presta atenção na gente! –Otanael o chama.

-Falem logo, que coisa! –Otto larga o talher.

-Pai, a Érica... –Otávio começa, mas é interrompido.

-... Ela abriu um concurso para escolher um parceiro para fazer um dueto com ela e ser lançado como novo fenômeno teen, na música do seu próximo CD. –Otanael corta Otávio e fala muito apressado.

Otávio o fuzila, mas o pai parece surpreso. Vagarosamente um sorriso vai surgindo em seus lábios, enquanto encaro toda a cena, surpreso demais com o desenrolar do almoço.

-É fantástico! –Otto exclama.

-É, só que acabaram as fichas de inscrições. –Otávio resmunga, revirando os olhos.

-Acabaram? –Me vejo perguntando, e me arrependo no ato.

Todos os olhares se voltam para mim.

-É. –Otávio ergue uma sobrancelha e eu me encolho. –Só que eu já fiz umas ligações e espero conseguir algumas amanhã. E eu vou precisar de dinheiro!

-Quanto? –Otto parece entusiasmado.

-Hum... por cada uma à cinquanta reais... ah, não sei! –Otávio se embaraça na conta e a deixa de lado. –Mas você precisa pagar!

-Pago claro.

-Er, Otto. –O chamo e, novamente os olhares estão em mim. –Será que, se eu conseguisse algumas, você poderia assinar a permissão para que eu também concorra?

O silêncio permanece, até os gêmeos se abrirem em risos. Gargalham alto e debochadamente, enquanto, permaneço sério.

-Você tem alguma ficha aí? –Otávio pergunta, como um morto de sede fica atrás de água.

-Não. –Dou de ombros. –Mas se eu conseguisse, você assinaria? –Volto a perguntar para Otto.

-Ahn... –Otto se ajeita na cadeira. –Veja bem. Elliot, você sabe que seus irmãos sempre sonharam em ser cantores e...

Cinder Elliot (Cinderela EM1)Onde histórias criam vida. Descubra agora