Capítulo 9

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     Coragem. Coragem. Era isso que papai queria que eu tivesse. E eu teria. Mas, antes, eu preciso sair daquele quarto.
     Assim que Vivian fecha a porta, corro para a janela. Saindo do carro preto provavelmente blindado, Max está com um calça jeans azul-escura, um sapatênis escuro, uma blusa branca. Seus cabelos estão penteados para trás, cada fio mais arrumado do que o outro.
     Ele é tão lindo... É incrível como meu coração dispara quando o observo. Ele coloca as mãos nos bolsos, mas parece... nervoso? Eu sorrio. Também estava nervosa.
Ainda estou, mesmo de um jeito diferente.
     Acordo dos meus pensamentos, batendo na porta. Talvez ele me ouça. Alguns minutos depois, nada acontece. Olho pela janela e vejo o carro lá, estacionado. Penso que Vivian talvez tenha o levado para os fundos, no jardim. Ninguém me escutaria, nem se eu usasse minha caixa de som.
     Sigo para a janela, tentando abri-la. Nem de longe isso acontece. Até tento usar um grampo, como nos filmes, mas obviamente não sei fazer isso. De certa forma, fico irritada. Sempre considerei uma habilidade inútil, mas retiro meus pensamentos. Agora.
     Tento ligar para Liam e Lucy, mas nenhum dos dois atende. Sei que estou sozinha nessa. Eu vou ter que lutar por minha conta. Está tudo nas minhas mãos.
     Sento na minha cama, por fim, tentando pensar em alguma coisa. Minha vontade é de se debulhar em lágrimas, mas sei que de nada adiantará. Provavelmente me sentirei arrependida depois, de ter ficado me lamentando ao invés de realmente fazer algo.
     Alguns minutos se passaram e vejo uma movimentação pela janela. Caminho até o vidro e vejo Max se despedindo das Gralhas. Seu rosto parece triste, e meu coração aperta com a visão. Sei que é o momento de fazer alguma coisa, mas não sei o quê. Tento pensar o mais rápido que posso, observando o quarto.
     Passo os olhos pelo objeto antes de realmente focar nele. Seria uma ótima ideia, além de criativa. Era exatamente o que eu precisava. Então olho para minha janela, lacrada.
     Sem pensar duas vezes, conecto meu celular com minha caixinha de som. Procura alguma música que chamaria a atenção de Max. Mas encontro a perfeita um pouco depois. A Dream Is A Wish You Heart Makes, do filme original de Cinderela. Já que esse é meu apelido para o príncipe, seria a ironia perfeita.
     Com toda minha força, golpeio o vidro da minha janela com o cotovelo. O vidro se despedaça. Ainda empurro alguns pedaços com o dedo, tentando abrir mais o buraco, para que minha mão passe. Quando sinto, aperto o play.
"A dream is a wish your heart makes
When you're fast asleep
In dreams, you'll lose your heartaches
Whatever you wish for, you keep
Have faith in your dreams and someday
You rainbow will come smiling through
No matter how your heart is grieving
If you keep on believing
The dream that you wish for will come true"
A música ecoa pela propriedade, como um hino de libertação. Pelo canto do olho, vejo Max levantar a cabeça para mim. Por um momento, ele sorri. Mas então seu olhar se volta para Vivian, e ele parece furioso. Ela dá um sorriso constrangido, algo que nunca vi minha madrastra fazer. Suas filhas parecem estar chocadas. Max entra na mansão, sem fazer cerimônia.
     A música termina e eu puxo meu braço pra dentro. Coloco a caixinha de som em cima de minha cama. Depois, pego no baú aonde deixei as roupas de ontem a máscara azul. A porta se abre, e vejo uma chorosa Elena dizer que Max me espera na parte de baixo.
     Enquanto caminho pelo corredor, retiro meus óculos, colocando-os no bolso traseiro. Estou sem as lentes que tinha colocado ontem, então fico levemente cega. Amarro a máscara ao meu rosto e desço as escadas.
     Vejo Max antes de tudo. Ele está sentado, sua perna balançando freneticamente. Seu rosto está parcialmente coberto por algumas flores que estão perto de onde senta. Quando ele olha para cima e me vê, meu coração se acelera.

 Quando ele olha para cima e me vê, meu coração se acelera

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     Ele se levanta. Nos encaramos por alguns segundos. Seu olhar quase me diz para retirar a máscara. Com calma, desamarro as fitas na parte de trás e deixo o acessório cair lentamente. Quando vê meu rosto, Max dá um sorrisinho. Eu retribuo, colocando os óculos de grau. Seus olhos castanhos, agora levemente esverdeados, desmontaram carinho, alívio, choque, tudo ao mesmo tempo. Meus olhos não devem estar muito diferentes.
      Depois de alguns longos segundos, ele avança para mim. Quando está bem perto, para bruscamente. Sua mão se levanta e ele toca um cacho meu que se desprendeu do rabicó. Ele leva a mal à fita e desamarra tudo. "Cinderela", sussurra. Não digo nada. Apenas me lanço em seus braços

 Apenas me lanço em seus braços

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     Sei que estou em casa.
~•~
     "Então você já sabia quem eu era?", pergunto, só para confirmar.
     "Sim", Max responde, sorrindo para mim. "Eu pesquisei muito sobre a cantora da festa depois que você foi embora. Foi ótimo você ter marcado nosso encontro para 17h. Se fosse, tipo, 13h, eu teria parecido com olheiras gigantes de pouco sono"
     Lancei-o um olhar engraçado "Preocupado com a aparência?"
     Ele se aproxima, enlaçando seu braço em minha cintura. "Só por você", sussurra.
     Estamos nos fundos da Mansão Hawkwood, num deque pequeno. Conseguimos nos livrar das outras pessoas da casa e da verdadeira comitiva de Max, fugindo para os fundos. Ele me contou tudo sobre o que aconteceu nas últimas horas, e eu fiz o mesmo.
     Depois que fui embora da festa, Max ligou para Lucy, perguntando quem eu era. Ela se recusou a dizer, respondendo-o que minha identidade era algo que só dizia respeito a mim. Expliquei para ele que era nosso contrato, já que não queria que Vivian soubesse que eu cantasse. Ele entendeu, ainda mais depois da cena de hoje. Depois, ele foi até onde tínhamos nos beijado na noite passada, e viu algo brilhando no chão. Quando se agachou, percebeu que era meu colar. Ele foi falar com sua mãe, a rainha Louisa. Ela reconheceu o colar sendo da minha mãe. Ao perceber que o sobrenome de casada da minha mãe era o mesmo nome da mansão em que eu tinha pedido para ele se encontrar comigo, ele pediu ajuda à mãe. A rainha, apoiando o filho, mostrou algumas fotos minhas de quando eu era mais jovem. Apesar da máscara, maquiagem e tudo mais, ele disse que soube que era eu. Assim, à tarde, depois de ter dormido um pouco, ele me stalkeou. De verdade. Ao ver minhas fotos recentes, sua certeza aumentou.
     Quando chegou aqui, Vivian disse que eu havia fugido de casa há poucas horas. Que maluca. Max disse que ficou decepcionado, mas engoliu os sentimentos para se juntar às Gralhas num chá, por pura contesta. Só queria que o chá acabasse mesmo.
     "Fico feliz que tenha me encontrado", confio a ele "De verdade".
     "Posso ter te encontrado", ele passou a mão pelo meu rosto "mas você que abriu meus olhos para realmente vê-la"
     Ele sorri, e eu retribuo. Ele me abraça mais forte. Deito a cabeça em seu peito, me sentindo segura desde que meu pai faleceu.
     "Posso dizer uma coisa louca?", Max pergunta, após alguns segundos.
     "Sim"
     "Acho que estou apaixonado", sussurra "É estranho, mas apenas sinto uma conexão com você. Nunca me senti assim antes"
     "Você não está louco", respondo "Eu também me sinto assim".
     Dou um selinho em seus lábios, mas ele me segura e prolonga o beijo. Enrolo os braços em seu pescoço, e pela primeira vez em muito tempo, me sinto completa.
     E temos todo nosso felizes para sempre pela frente.
~•~
(1279 palavras)

Se o sapato couberWo Geschichten leben. Entdecke jetzt