II . Sombrio

25 5 1
                                    


Abri os olhos olhando ao redor e avistando uma porta de madeira polida a minha frente. Dei dois passos para a frente em direção a porta analisando-a. Os traços rústicos indicavam que ela era bem antiga assim como a sala em que eu me encontrava. Não havia moveis ou objetos apenas eu e a escuridão ali. A porta foi aberta e um homem adentrou a sala dando um passo em minha direção o que me fez recuar. O chão em baixo de meus pés tinha alguma coisa pegajosa que não permitia que eu me movesse enquanto o homem se aproximava mais e mais fazendo-me entrar em desespero. De repente seu corpo passou a se destroncar ganhando a forma de um animal grande e um grito apertado saiu da minha garganta. Aquilo nem de longe era um cão, ele era maior e parecia ser muito mais forte. Caí de joelhos com o zumbido alto que começou tapando meus ouvidos com as mãos e o animal pulou em minha direção me fazendo gritar.

Naquela noite eu não dormi bem, acordei assustada ofegando como se não houvesse amanhã. Meu coração parecia que iria sair pela boca a qualquer momento e o grito que saiu dos meus lábios por sorte não acordou ninguém. Meus lençóis estavam quentes e úmidos assim como a minha pele. A cortina do outro lado do quarto balançava de um lado para o outro devido o vento gélido que entrava pela janela aberta e um homem estava parado ali. Dei um salto da cama acendendo a luz do abajur em uma velocidade descomunal, mas ao olhar para lá novamente não havia nada ali. Céus, eu estou enlouquecendo. Quando tomei coragem para me aproximar da janela fiz cautelosamente e ao chegar perto o suficiente para olhar o quintal sob minha janela a porta se abriu lentamente e instantaneamente minha cabeça virou em direção a porta onde o husky siberiano me encarava. Zayon, com cinquenta e oito centímetros, e sua pelagem preta e branca incrivelmente macia sobre minhas mãos.

-Está tudo bem Zayon -assegurei para o canino que permaneceu parado na porta.

Eu queria me lembrar como vim parar em casa, porém minha cabeça doía muito para forçar-me a pensar. Não era ressaca, devo ter batido a cabeça com muita força quando caí. Não quero cogitar a ideia da cara de Nash ao me ver, Lesley poderia ter me levado para a casa dela me ajudando a evitar mais uma dor de cabeça. Merda eu estava ferrada.

Andei até a porta trancando-a assim que ouvi os passos no corredor. Me enfiei dentro do banheiro e tomei um banho rápido antes que Nash me mandasse tomar um aos berros. Ao sair vesti jeans escuros, um suéter cinza, botas marrons e envolvi meu pescoço com um cachecol.

Eu tinha duas opções. A) Eu poderia pular a janela e correr meio quilometro até o ponto de ônibus ou B) Eu poderia descer e encarar meu tutor lançando chamas pela boca. E como eu sou uma pessoa muito sábia é claro que eu escolhi a primeira opção, desistindo meio segundo depois ao constatar que seria pior quando eu me deparasse com ele. Suspirei pesadamente saindo do quarto. Desci as escadas pulando alguns degraus, adentrei a cozinha vendo Akira servindo o café. Akira é a esposa de Nash, fazia apenas dois meses que eles haviam casado quando eu vim morar com eles. Me sinto mal por ter atrapalhado eles e pior agora que a palavra ingrata está escrita em minha testa em letras garrafais.

-Bom dia -ela disse alegremente. Puxando a cesta de pães para perto dela.

Respondi cordialmente sem ânimo me sentando a mesa e tomando o meu café. Nash apareceu na porta fechando os botões do seu blazer e me olhou sério sem pronunciar nada. Eu sabia o que esse gesto significava. Eu estava encrencada.

Ele desatou a falar enquanto eu fingia que o ouvia com atenção. Observei as feições de Akira por um tempo. Seu cabelo preto e liso realçava seus olhos puxados assim como a sua íris cor de mel. Seu corpo esbelto, juntamente com seus seios fartos chamavam a atenção de qualquer um. E seu sorriso era completamente deslumbrante. Akira era linda em todos os sentidos e Nash não ficava atrás com seu porte alto e atlético, seus fios loiros e enrolados, e seus olhos tão azuis que quando eu os olhava era quase impossível parar de encara-los. Seu rosto quadrado, seu queixo pontudo e as maças do rosto largas evidenciavam o seu sorriso persistente que nunca em hipótese alguma saia dali. Ele sempre estava sorrindo, acho que pelo fato de ser tão duro comigo. Eu o entendia, não foi fácil me criar com a tão pouca idade que ele tinha.

SubmersaWhere stories live. Discover now