Procurando Soluções.

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O local era íngreme e rochoso, pingava água por todos os lados, Deyse abraçou a bolsa contra seu peito para proteger o livro. O caminho era estreito e pequeno então os três andavam um atrás do outro, cada um com uma lanterna para iluminar o lugar.
Preciosa ia na frente para guiar os dois e estava rezando para que houvesse uma saída logo adiante.
-Acho que já estamos perto.
Diz ela ainda com incerteza.
-Tomara! Tem milhares de ratos por aqui. Um passou bem pertinho de mim!
Deyse fala apavorada e cansada.
-Podemos parar um pouco para descansar.
-Ah ainda bem!
Deyse se agaicha no chão e se debruça na bolsa. Preciosa e Arthur riem. Eles bebem água e se preparam para continuar, então Arthur olha para Desyrée e depois cutuca o braço de Preciosa que o olha sem compreender.
-Deyse não se mexe.
Diz ele calmamente e Preciosa percebe que tem uma aranha caranguejeira enorme subindo em seu cabelo. Deyse paralisa e Arthur pega um galho grosso das raízes que preenchiam as paredes e então dá um golpe certeiro na aranha.
-Ai meu Deus!
Deyse grita apavorada.
-Vamos sair logo daqui por favor!
E rápidamente pegam as coisas e continuam com passos mais velozes para tentar chegar mais rápido no fim.
Depois de alguns minutos de pavor Preciosa tem a impressão de que aquela passagem secreta não teria fim e começa a se desesperar por dentro. Respira tentando se acalmar e sua lanterna começa a ficar sem bateria, mas o pouco de luz que ela oferece bate em algo que aparece em sua frente.
-Graças a Deus!
Uma portinha de madeira coberta de lodo era a esperança dos três, a jovem tira um pouco da sujeira que existe nele e vê algumas letras marcadas na madeira "Biblioteca". Arthur toma a frente e arromba a saída fazendo a luz adentrar aquele lugar sombrio.
Na verdade, não havia tanta luz naquele cômodo, parecia uma outra parte da biblioteca que foi separada por uma parede grossa, não muito importante. Aquela sala servia para guardar os livros danificados que não serviam mais.
Só o que havia alí era sujeira, pó e coisas quebradas, os três entraram no cômodo e procuraram algumas velas para acender.
-Onde exatamente agente está Deyse?
Preciosa pergunta aproximando uma vela que está segurando para alguns livros que estão empilhados.
-Acho que é mais uma parte da biblioteca, só que não de muita importância mais ela fica próxima da outra sala que o acidente aconteceu.
Ela pega a planta original da escola e começa a procurar a sala onde estão, enquanto isso Arthur apalpa todas as paredes a procura de uma outra saída.
-Ei, acho que isso daqui não tem mais por onde sair. Só aquela porta onde entramos.
-O pior que é verdade.
Confirma Deyse mostrando o grande papel amarelado para os dois.
-Aqui é um quarto fechado, não dá acesso as outras salas.
-Oh parabéns aventureira você nos levou pra sala errada!
Arthur bateu palmas sarcástico.
-Olha aqui a culpa não é minha, a Pre só pediu pra eu dizer um caminho subterrâneo pra agente entrar aqui e agente entrou.
-Só que aqui não tem o que agente quer.
-Gente querem parar com isso?!
-Se você se acha tão esperto porque não procura você mesmo?
Deyse joga para Arthur o papel antigo.
-Ué não foi você que leu esse livro inteiro e é a sabichona da Spark & Darkness? Então diga pra gente como é que vamos voltar.
-Arthur para!
-Aé? Pois pra mim chega! Se vira.
Desyrée tira o livro da bolsa com fúria e o joga no chão de madeira que no mesmo instante afunda com o peso. O piso foi  se abrindo e a garota cai no buraco formado fazendo subir uma nuvem de poeira.
-Deyse!
Preciosa grita e corre para olhar se sua amiga está bem e eles escutam alguns tussidos.
-Ai, eu tô bem não se preocupe. Acho que aterrisei em uma outra sala só não sei qual, ai.
-Você se machucou?
-Só alguns arranhões e uma dor imensa nas costas.
-Calma aí que eu vou te ajudar.
Preciosa e Arthur se agacham perto do buraco para tentar pegar na mão de Deyse mas o piso não agüenta o peso dos dois e arrebenta. Dessa vez quase tudo lá em cima desabou, só ficaram alguns livros pendurados nos cantos de madeiras que resistiram o peso, já lá em baixo os dois se misturaram nos escombros e mais pó circulava no local.
-Vocês estão bem?
Deyse pergunta retirando algumas tábuas de cima dos dois.
-Acho que sim.
Arthur consegue sair e ajuda Deyse a retirar os entulhos que estavam em cima de Preciosa.
-Foi mal Deyse, eu não deveria ter ficado nervoso a ponto de brigar contigo.
-Não tem problema, eu também não tenho limites.
Preciosa se levanta, bate a poeira do corpo e olha sorrindo pros dois.
-Que bom que se entenderam mas se não fossem vocês não chegaríamos aqui.
E todos olham ao redor, era um cômodo vazio mas havia escadas por todos os lados.
-Maravilha!
Diz Deyse olhando ao redor.
-Eu acho que aqui é o ponto de encontro de todas as salas subterrâneas, tipo um ponto de partida.
-Ótimo! Será que aqui, em algumas dessas escadas, podem nos levar aquela sala?
Preciosa pergunta pegando do chão o papel antigo e o livro e aí escuta um assobio atrás dela.
-Acho que não vai precisar.
Arthur retira uma cortina velha da parede que esconde a velha porta com o símbolo de uma lua cravada na madeira, semelhante a que viram pela última vez.
Elas vão ao seu encontro incrédulas com a rapidez do garoto e Preciosa passa a mão sobre seu pescoço a procura do colar com a chave mestra, só que não está lá. Ela fica nervosa com o desaparecimento dela mas lembra que desde o início de sua vida em um novo século ela não usara o colar. Seu olhar volta-se para Arthur que está encostado na parede e ela lança para ele um olhar triste e de decepção mas ele não muda sua expressão de alegria, pelo contrário, dá um sorrisinho de lado e move suas mãos até a gola de sua blusa revelando o colar pendurado em seu pescoço.
-Meu colar? Porque ele está com você?
-Semana passada eu estava em sua casa e você me disse que daria algumas de suas jóias para uma amiga e essa estava entre elas.
Preciosa espera ele tirar do pescoço e a segura em suas mãos.
-Eu achei que talvez você precisasse um dia dela.
-Não acredito que iria me separar dele.
Ela o aperta em suas mãos.
-Obrigada Arthur! Mas... O que você estava fazendo na minha casa?
Arthur olha pro lado e coça a cabeça mas antes de falar alguma coisa Deyse o interrompe.
-Pre desculpe dizer, mas o negócio aí é pra hoje ou eu vou ter que esperar pra amanhã?
-Ah é verdade, desculpe.
Ela pega a chave e encaixa na fechadura da porta dando duas voltas até abrir a tranca.
Quando aberta a ruiva corre para entrar e tem uma decepção de cara.
-Fala sério!
A sala estava completamente vazia, não havia nenhum palito no chão, nem algum pedaço de papel ou muito menos um livro jogado por alí.
-Levaram tudo! Não tô acreditando.
Preciosa fica decepcionada.
-Vocês acham que o Cálaham ainda tem alguma coisa haver com isso?
Arthur pergunta.
-Com certeza, não há outra pessoa que pode está metida nisso a não ser ele.
Deyse fala socando a parede de pedra.
-Então vamos atrás dele.
-O Arthur tem razão, seja lá o que Cálaham queira com essas coisas ele não deixaria dando sopa por aqui. Vamos descobrir a verdade, pela vida e o restante que ainda temos dela.
E o sol se põe por completo deixando apenas a pequena luz da lua que está começando a brilhar tomar conta do espaço. Até que o sol volte no outro dia para ele enfim descansar, fazendo esse trabalho todos os dias até a eternidade.

A Estante de Corações Partidos. (Em Revisão... Feito Em 2017 Atualizado Em 2024)Where stories live. Discover now