Um Estudo em Escarlate

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   Num ponto muito movimentado da cidade, onde as noites são tão ativas quanto o dia, um jovem sentado em sua poltrona encara uma parede cheia de fotos, pedaços de jornal e linhas vermelhas em um emaranhado de retas. No centro disso tudo, um ponto de interrogação, é esse ponto em específico que o jovem fica mais intrigado, com medo e animado.

   O telefone toca tirando o jovem de seus profundos pensamentos, era um de seus contatos das ruas.

   Ao receber a notícia de que o que estava procurando foi localizado, ele dá um salto, põe seu sobretudo, o chapéu fedora* e saí às pressas. Ele chama uma taxi, ao entrar no mesmo, ele recebe uma mensagem pelo celular seguidos por algumas fotos.

"Mike e outros dois garotos foram vistos perto do bairro fantasma"

   —Mas que sorte! — Diz o jovem com um sorrido em seu rosto.


[Pov Batata]

   Mike me arrasta pelo pulso até achar o Tarik, não entendo essa obsessão dele pelo garoto.

   Quando Mike chamou por Tarik, o mesmo deixou alguma coisa cair. Eu poderia jurar que ele disse "merda".

   Pac nos conduziu até a sala, ele se sentou no meio do único sofá, Mike e eu ficamos em pé.

"Foi de propósito, certeza."

   —O que querem saber sobre mim? —Tarik toma iniciativa, visto que Mike estava apreensivo e eu, claramente, não vou com a cara dele.

   —Olha... — Mike começa a falar receoso cruzando os braço— É que o Batata fica com essa coisa de...— reviro os olhos e respiro fundo.

"Que merda Mike! Você é todo Durão, mas quando não está encarando alguém, não serve nem pra falar!"

   —Qual o seu nome verdadeiro? Ele todo.—Falo dando um passo à frente.

   Pac respira fundo, como se estivesse aliviado com a pergunta. Foi o suficiente para ter CERTEZA de que ele está escondendo algo.

   —Tarik Pacagnan... Olha, onde vocês querem chegar?

   —Tem família? —Diz Mike.

   Pac abre a boca, depois fecha, põe a mão de leve na cabeça e diz olhando para o chão com uma voz triste.

   —Não.

   A tristeza nele é visível, nós também temos passados difíceis, isso nos fez fortes.

   Mikhael ficou forte mais fisicamente, eu psicologicamente, se não fosse por ele, teria morrido e se não fosse por mim, possivelmente Mike também. Agora, esse garoto... Parece ter algo parecido, talvez seja isso que ele esteja escondendo, quando estávamos cercados pelos guardas lá no reformatório ele nos tirou de lá, mas espera...

"Como ele conseguiu se livrar dos guardas? E ele levou um tiro! Devia ao menos estar morrendo de dor até agora!"

   —Tarik! — O mesmo me olha como se soubesse a minha pergunta — Como nos tirou de lá? —começo a me aproximar de Pac com passos receosos e uma expressão de indagação.

[Pov Mike]

   Quando chamei Pac para ter uma conversa, ele nem perguntou, apenas obedeceu. Isso é bem incomum para mim, sempre tem alguém perguntando sobre minhas ações, seja meu pai controlador, ou alguns idiota do reformatório questionando sobre minhas ações como supervisor.

   Pac é diferente de todos que conheci, ele é calmo, com um olhar as vezes triste, mas quando olho em seus olhos, vejo um brilho escondido, um brilho que me invade. Ele não protestou nem nada quando o chamei, apenas foi e se sentou, inocente como se nunca tivesse visto nenhuma maldade do mundo.

"Você me intriga"

   Apesar de toda sua aparente inocência, ele ainda é um mistério. Como posso estar tão fascinado por alguém que mal sabia que existe?

"Pac, por favor... Não mude"

   — Como nos tirou de lá? — Diz Batista se aproximando dele.

   Também fico curioso, me tirando desse transe que Pac me provoca.

"Ah Pac! Como você faz isso comigo?"

   Dou um sorriso abafado e balanço a cabeça de leve. Batista chega mais perto de Tarik a apoia suas mãos nos ombros do garoto empurrando-o para trás, Pac fica encarando o Felipe sem conseguir responder quase suando frio. Pac está desesperado demais e Batista não ajuda pressionado o garoto. Certamente quero saber como ele nos tirou de lá estando cercados, mas...

"Vou escolher confiar você Pac, sinto que posso fazer isso"

   Afasto Batata do Tarik, me sento ao seu lado e seguro seu rosto sorrindo.

   —Pac, pode confiar na gente. Somos amigos.

   Seus olhos ficam arregalados, ele põe suas mãos por cima da minha.

[Pov Pac]

   Eu tive algumas pessoas as quais pude chamar de amigo, mas Mikhael falando isso para mim foi... Bem, não sei como dizer, aquele "sentimento que não sei qual é" se mostrou ativo de novo.

"Acho que estou começando a compreender esse 'sentimento estranho' vindo dele"

Isso está me afetando.

˙°●●●●NOTAS RÁPIDAS●●●●°˙
*pq tenho q sair*

~título em referência ao 1° livro de Sherlock Holmes.

*chapéu fedora↓

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Cat Oreille de L'amour 🔸 MITW (HIATO)Where stories live. Discover now