Parte 1

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"- Quem é ela?

Essa foi a pergunta que eu fiz quando te vi pela primeira vez.

Você cantava tão maravilhosamente bem, que meu cérebro me obrigou a parar tudo, apenas para te ouvir.

Eu nunca havia ouvido aquela música, mas ela parecia tão única, tão sua, que eu me vi suspirando em meio a palavras dos meus amigos que bebiam comigo naquela mesa.

O engraçado, love, é que eu nunca havia te visto lá de todas as vezes em que fui comemorar depois de um jogo, e eu estava realmente muito interessado.

Havíamos ganhado um jogo contra o Manchester City, e isso era um enorme motivo de comemoração, então decidimos ir no "X CLUB", onde sempre íamos.

Estávamos apenas em três: eu, Bastian Schweinsteiger - que jogava comigo no United - e Antoine Griezmann - que estava se recuperando de uma lesão do último jogo do Atlético de Madrid, e estava passando em seu médico na Inglaterra. Éramos muito amigos, pois jogávamos juntos na seleção.

- Ela quem, Morgan? - perguntou Bastian que estava ao meu lado.

- A garota negra? - um cara que estava sentado conosco, que eu ao menos o conhecia, falou. - Ela é bem gostosa mesmo, mas é negra.

Ele era colega de um colega de Griezmann que nos conheceu no bar naquela noite. Mesmo sem que pudessemos convidá-lo, ele se ofereceu para sentar junto conosco. A conversa ia bem, até ele falar aquilo.

Aquela frase me irritou completamente naquela noite, love. Eu quis matar aquele cara por ser tão ridículo e nojento ao se referir a você. Não tinha ciclo de amizade com esse tipo de pessoa, evitava ao máximo, pois eu odiava qualquer tipo de preconceito.

Eu poderia dizer que relevei, love, mas não. Eu simplesmente mandei-o sair da mesa, sem me importar com vexame que causaria. Isso parou o bar, inclusive sua voz, que era tão linda.

Eu sabia que estava à mercê da mídia naquele momento; que meu nome sairia em sites de fofoca, falando sobre uma briga de bar, mas eu não me sentia bem em ter aquele cara tratando mal alguém tão maravilhosa como você.

O proprietário chutou o cara do bar, já que ele não faria isso comigo, muito menos com meus amigos jogadores e ricos. Ele, como um bom cidadão disse que não ia deixar um preconceituoso ridículo beber tranquilamente em seu bar.

Os caras compreendiam completamente meu posicionamento, mas não entenderam o motivo de eu estar tão exaltado ao te defender.

Depois de tudo, esperei que você descesse do palco, e andasse até o bar para tomar alguma coisa, e fui em sua direção enquanto meus amigos diziam que iam embora.

Você estava maravilhosa. Deus, como era possível uma mulher tão linda daquela forma?

Seus cachos castanhos tinham um volume maravilhoso, dando enfase em seu rosto e também em sua pele negra. Seus lábios carnudos estavam pintados com uma cor clara, e seus olhos amendoados estavam atentos a tudo a sua volta, principalmente à mim, que caminhava em sua direção. Você não era baixa, mas ainda assim era menor que eu, e isso me agradava tanto, love.

- Um energético, por favor.

- Jogador de futebol, em um bar, e sem álcool, essa é nova - você disse.

Sua voz era uma delícia de ser ouvida. Tanto cantando, quanto falando, principalmente comigo. Por esse momento, e todos depois que eu te conheci, eu desejei ser o sortudo de acordar todos os dias com você.

- Como...?

Foi a única coisa que consegui pronunciar, e minha voz saiu mais fina do que eu imaginei que poderia sair. Eu fiquei vermelho de vergonha, e você sorriu. E meu Deus, que sorriso. Era mais bonito do que dias ensolarados de verão.

- Quem não conhece Schneiderlin? - você disse, dando de ombros, voltando os olhos para a bebida vermelha que tomava. - Qual foi o motivo da briga?

Você era exatamente assim, love. Mudava de assunto da água para o vinho, e aquilo não me agradava tanto, mas era algo que eu poderia lidar.

- Um cara babaca que me irritou apenas - foi o que consegui responder. - Mas isso não importa mais.

- E o que devo a honra da sua companhia nesse momento? - você perguntou mexendo em seus cachos volumosos, e eu tomei a liberdade de pegar uma mecha e esticar, soltando logo após. - Pare, isso desmancha meus cachos. Odeio que façam isso.

E eu amava ainda mais esse seu lado. Sincera, e não tinha um pingo de vergonha ou medo ao me enfrentar. Isso era mais outra coisa que te diferenciava de todas as outras que um dia me envolvi. Elas sempre quiseram me conquistar, usar palavras bonitas, usar influências, o corpo, e as vezes conseguiam, não vou mentir. Mas ali, eu não via seu interesse em me agradar, eu via apenas você sendo você mesma, sem se importar com o que as pessoas poderiam achar de você.

- Perdão - falei, juntando minhas mãos, e você sorriu de novo. O atendente colocou o energético em cima da bancada, mas eu não estava interessado em nada além de você, love.

- Bom, eu já vou embora - você largou o copo na bancada, e começou se afastar. Mas eu não deixei ir muito longe.

Segurei seu pulso e trouxe seu corpo até o meu. Você me olhou serena, um pouco confusa com o que poderia estar acontecendo. Seus olhos estavam colados aos meus, como nosso corpo.

E então, melhor do que eu imaginava em fazer, você fez. Você me beijou e eu entrei em ruínas. Era como se eu nunca tivesse beijado alguém na vida, e você estava me ensinando como era de fato beijar.

Assim que seus lábios se separaram dos meus, permaneci com os olhos fechados, ainda processando toda aquela ação, sentindo sua respiração batendo em meus lábios.

- Agora a gente finge que nunca aconteceu - você disse, passando suas mãos pelos meus braços. - O que eu fiz? Meu Deus.

E então senti o vazio a minha frente. Você estava fugindo de mim, e eu estava parado. Abri os olhos e comecei procurar você entre as pessoas e te encontrei saindo do bar pela porta principal, batendo em algumas pessoas que reclamavam.

Encontrei você a passos longe da entrada e corri, mesmo tendo noção dos seus passos rápidos. Você nunca ia ser mais rápida do que eu, Morgan Schneiderlin.

- Por que está fugindo? - perguntei parando em sua frente. - Você não me disse seu nome, e já é a segunda vez que foge mim.

- Você não entenderia - você sorriu, e passou as mãos pelos cabelos. - Eu só preciso ir para casa, e acho melhor deixarmos essa noite para lá.

- Não - eu digo um pouco frustrado. - Pode parecer estranho, mas eu quero ficar com você.

Acordei com o sol queimando meu braço, e busquei seu corpo ainda de olhos fechados.

A noite havia sido maravilhosa. Você era maravilhosa e eu estava tão bem com isso, que meu sorriso era involuntário. Eu nunca tinha sentido com nenhuma garota, o que sentia com você.

Nossos corpos se encaixavam tão bem, e nossa sintonia era tão boa, love, que eu cogitava passar todos os dias da minha vida naquela cama com você.

Mas você não estava mais na cama naquela manhã ensolarada.

Imaginei que você pudesse estar fazendo café da manhã para nós dois, mas suas roupas não estavam mais espalhadas em meu quarto, mas seu cheiro ainda estava em mim e nos meus lençóis.

Você havia fugido de novo, pela terceira vez."

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