Capítulo 5 - Não somos um erro

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1997

A casa de papai e Tonks era um tanto grande, mas foi bem barata. Imagino que a localização praticamente dentro de uma floresta tenha sido o principal fator a contribuir com isso.

A sala e a cozinha formavam um cômodo só com uma mesa de jantar no centro do espaço dividindo os ambientes.

Do lado oposto à porta da frente, havia um corredor com dois quartos à esquerda e uma dispensa e um banheiro à direita. Essa dispensa foi preparada para que papai pudesse ficar trancado dentro dela em segurança durante a lua cheia.

O recinto era claustrofóbico por conta da ausência de janelas. Pequenos buracos perto do teto com saída para dentro de casa eram a única passagem de ar já que a porta era reforçada e tinha as frestas bloqueadas. Papai achou perfeito.

No final do corredor ficava o maior dormitório onde os dois já haviam colocado seus pertences.

Eu fiquei com o primeiro quarto mais perto da sala, pois a janela dava direto para o pomar cheio de macieiras. Apaixonei-me à primeira vista.

- Vocês vão transformar o cômodo que está sobrando em quarto de hóspedes? - perguntei deitada em um dos sofás na sala. - O Jimmy pode dormir lá quando vier aqui.

- Na verdade temos outros planos para aquele quarto - Tonks estava deitada no outro sofá do lado oposto.

- O que estão pensando? - eu fitava o teto.

Ouvi um risinho da Tonks.

- Conta pra ela - papai, que estava debruçado sobre vários papéis na mesa de jantar, incentivou.

O humor dele estava péssimo fazia alguns dias. Aparentemente a guerra estava mexendo muito com ele. Em contrapartida o humor de Tonks estava ótimo. Achei aquilo estranho e me sentei olhando para ela.

- Contar o que? - senti o tapete felpudo pelo tecido das meias coloridas que eu usava.

Ela virou o rosto e olhou para mim sorrindo - eu estou grávida!

Meu primeiro reflexo foi tampar a boca com uma das mãos para abafar o grito que eu dei. Depois o sorriso preencheu meu rosto e eu atravessei a sala correndo para abraçar Tonks sem dar a ela tempo de se levantar.

- Que lindo! Você... eu... posso? - perguntei ajoelhada no chão em frente ela fazendo menção de tocar sua barriga.

- Ainda não dá pra sentir nada, mas pode - ela sentou no sofá.

Primeiro eu coloquei a mão e depois o ouvido, mas ela tinha razão em dizer que ainda não dava para perceber nada. Olhei para o rosto dela e a abracei de novo.

- Eu vou ter um irmão! Ou irmã! - olhei para papai que ainda ignorava meu entusiasmo.

Não entendia a apatia dele.

- Qual o problema? - perguntei para Tonks.

- O problema, - papai finalmente parou o que estava fazendo. - É que era exatamente isso que eu não queria que acontecesse! - ele se levantou e olhou para nós.

- Remus, já disse que vai dar tudo certo...

- Como você pode ter tanta certeza?

Tonks gesticulou com as mãos apontando as duas para mim.

- Passei pelo mesmo sofrimento quando Anne engravidou. E quase matei a Lana quando ela ainda era bebê.

- Eu conheço a história. Ela me contou quando se machucou depois de ter se assustado com você transformado.

Livro 5 - O Último InimigoWhere stories live. Discover now