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O dia hoje foi muito corrido

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O dia hoje foi muito corrido.

Passei metade do primeiro tempo no teatro da escola ajudando Susan a organizar os primeiros passos para que os ensaios de Grease fossem um sucesso. Ela separou a equipe em grupos e colocou um integrante do elenco do ano passado para comandar cada um deles. Como o Danny que atuava comigo já saiu da escola, acabei ficando encarregada de cuidar dos dois protagonistas sozinha.

E eu juro que isso não é fácil.

Por mais que eu achasse que Nancy fosse ser a pior parte, ela não é. Na verdade, a pior parte é andar de saltos altos sobre o piso escorregadio do palco. Eu realmente odeio isso porque sempre tenho que caminhar em passos contidos e pequenos, o que dificulta muito a locomoção. Fico imaginando como vai ser quando formos passar as coreografias! Terei que comprar algo antiderrapante.

Pisco, vendo Nancy estalar os dedos à frente do meu rosto. Percebo que me distraí por tempo demais enquanto pensava se havia algum modelo antiderrapante que não fosse um assassinato ao nome da moda.

— Tudo bem, estou aqui — sorrio, animada. Deve haver, sim!

Então continuamos com o que quer que estivéssemos a fazer. Não estamos exatamente ensaiando. Susan disse que esse terceiro dia de reunião seria para levantar o astral e motivar o novo elenco. Acho que ela notou as faíscas que andam saindo das minhas conversas com Munique e Nancy e quer nos influenciar a conviver melhor, para trocar experiências. Em teoria, eu teria que usar essa reunião para falar sobre como foi a minha participação na peça e tudo mais, mas acabamos passando longe disso. Ela não foi tão interessante assim, e em pouco tempo todo mundo está discutindo sobre como é difícil estudar Inglês quando a nossa professora só passa livros chatos!

Fico feliz por saber que não é só com a minha turma, e então Susan chega e acaba com a nossa conversa, comandando ela mesma o que a mulher chama de "motivar os novos integrantes". A partir daí nós ficamos o resto do tempo em silêncio fazendo algum tipo de exercício de concentração típico do teatro convencional. Não é tão chato quanto eu pensei que seria, mas muita gente passa vergonha, porque Susan nos manda deitar no chão, fechar os olhos e cantar a primeira música que aparecesse na nossa cabeça. Claro, acho que ela queria que cantássemos Grease, mas um dos garotos chegou a incorporar um rapper branco que a maioria das pessoas simplesmente não gosta. Um desastre.

Depois que acaba, eu posso finalmente sair e tentar limpar a cabeça. Não é como se eu não quisesse estar no teatro, mas ele suga as minhas energias. Todos os dias eu me sinto mais motivada que os novos alunos, e isso acaba fazendo com que eu me canse mais fácil. Eu ando me dedicando muito a tudo, desde os figurinos às coreografias. Faz três dias que não hidrato o meu cabelo porque fiquei a madrugada toda repassando textos com algum membro do grupo!

Eu acho que mereço um momento de paz interior para ficar sozinha e relaxar o cérebro. Por isso ando até o refeitório lotado, encontro uma mesa afastada e peço licença para um grupo de calouros, explicando que preciso de um lugar vazio para descansar até a próxima aula. Eles me olham estranho, mas entendem e eu fico aliviada de poder passar alguns minutos sem falar ou dançar enquanto o intervalo não acaba.

Batom Vermelho (DEGUSTAÇÃO )Onde as histórias ganham vida. Descobre agora