capítulo 3

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Acordei sentindo um cheirinho de baunilha, algo familiar demais pra não reconhecer, Nora sempre carregava esse cheiro. E ficava empreguinado em mim quando dormíamos juntas.
Me levantei e fui tomar um banho deixando o café processando. A água estava uma maravilha, eu realmente estava precisando disso, lavar minha tristeza, num banho demorado e aliviador.
Quando sai do banheiro vi Nora já sentada na mesa, cheirando a sabonete.
- Nossa,  achei que tinha morrido lá dentro- tentei imaginar que ela não quis dizer,  que se eu estivesse morrido ela terminaria seu café para depois conferir.
Não rolou.
- Obrigado pela parte que me toca, srt cheiro irritante. - ela raciocinou um pouco,  e então fez uma careta como se não se importasse.
- também te amo mal dormir.. - Eu ri, foi um riso sincero e involuntário, oque me fez sorrir mais ainda, e entrei na brincadeira dela.
- Eu te amei primeiro, srt evasiva - ela ergueu uma sobrancelha, poderíamos ficar naquilo a manhã toda, a pessoa que eu mas conheço nessa vida é Nora, e vice versa.
Me sentei na minha mesa achando que seria demitida logo mais, porém o meu chefe sequer falou comigo além de um bom dia, nada evasivo.
Talvez eu não estivesse com a melhor aparência, e ele estivesse assustado por eu estar tão calada,  talvez eu estivesse pálida, ou corada demais, não sei.
Fui conferir no espelho e quando voltei, tinha um garoto sentado em frente a minha mesa
- Bom dia - ele sorrio, um sorriso que seria contagiante, se eu não estivesse nem um pouco afim de falar com ninguém além dos meus pacientes
- Bom dia. - me sentei na poltrona e olhei o teto, pedindo a Deus que ele evaporace, nada.
- sou psicoterapêuta - assenti - seu chefe pediu que me ajudasse, com minha sala, já que seu primeiro paciente teve um contratempo e se atrasará. - Eu estava sendo muito mal educada com ele, e ele estava sendo um doce,  apesar de tudo.
Me levantei e forcei  um sorriso, finalmente reparando nele, mas alto que eu bonito, olhos escuros e sem barba cabelos um pouquinho claros, devia ter 23 anos.
Enquanto arrumavamos as coisas calados, ele resolveu que aquele silêncio o estava incomodando, já eu estava achando ótimo.
Claro que eu cortei, não queria conversar,  e já era o suficiente uma pessoa evasiva na minha vida.

Abri uma nova caixa,  e essa tinham muitos livros, de "seis anos depois " a " deixe a neve cair" não pude evitar de ficar olhando seu gosto impecável para livros.
Ele notou que eu estava namorando seus livros, e disse com o sorriso mais gentil do mundo.
- esse é o meu fascínio - disse erguendo " A garota feita de espinhos  "  fiquei impressionada,  esse era o meu livro favorito, é encantador romântico e foi o único livro que me fez realmente chorar...
- Porque?  - questionei imaginando que ele estava tentando me impressionar, já que eu era a pessoa mais fechada que ele conheceu hoje.
- Ele me fez refletir sobre como todas as pessoas tem seus espinhos venenosos, os dela estavam a mostra, tem pessoas que fazem de tudo para não exibir seus espinhos feios,  mas mesmo ela com seus espinhos a mostra, encantou alguém que não se importou com as barreiras... Eu acho isso o melhor.  - Ele falou sem olhar diretamente para mim, e sua sinceridade saio com bastante fluidez.
- Eu também amo esse livro, me emocionou muito o final. Eu só não consigo imaginar como essa garota era.
- ninguém consegue  - ele riu - essa caixa não  era pra estar aqui trouxe por engano.  - Acho que se ele não cortasse o assunto poderia ficar o resto do dia falando sobre livros,  uma paixão minha
- posso te perguntar uma coisa? - questionou, eu assenti, e ele sorrio
Imaginei ele me perguntando sobre o porque do mau humor.
Tinham vários porquês essa manhã, e o mais interessante é  que eu não fui demitida.
Eu acho que eu já poderia ficar feliz agora, lembrei do que minha mãe me disse antes de morrer  " não chore, eu te amo"
Uma lágrima teimosa desceu do meu olho esquerdo, indicando tristeza. Deus conforta meu coração, mas eu estou sendo egoísta querendo que ela volte pra mim, me virei e fui em bora sem olhar pro garoto, que aliás eu nem sabia o nome.
Harry estava na minha sala, fiquei feliz por não ser um dos meus pacientes depressivos, me deitei na poltrona e fiquei olhando o teto,  " não chore, eu amo você "  só conseguia me lembrar disso, e então desabei mais uma vez na frente de Harry, que sabia de tudo.
- Está tudo bem llet.
- é  difícil aceitar, que eu não verei ela por um bom tempo.
- você tem a Deus, que é  o mais importante - suspirei, levantei e lavei meu rosto não posso ficar assim, posso ser demitida por justa causa.
- como você está Harry?
- apreensivo,  você tinha sumido e só apareceu ontem na igreja, até o meu irmão que não nota ninguém sentiu sua falta.
- Nossa.
- Eu estou bem,  estou bem - tentei me convencer disso - até porque a nora fez um acampamento na minha sala e disse que só sai de lá quando tiver certeza de que estou melhor.
- A Nora é  ótima - ele riu

Ele está certo, a Nora é  uma ótima amiga,e querendo ou não está me fazendo bem não ficar só naquela casa enorme,  que ainda está uma bagunça.
- quando eu chegar em casa acho que ela vai estar lá sentada me esperando pra comer algo que ela preparou, o ponto forte é  que ela é uma ótima cozinheira
- interessante, acho que vou ir comer lá. - o alarme tocou e ele me abraçou,  incrível como ele era mais alto que eu, porque eu sou mais velha uns 4 anos.
Tomo mundo é mais alto que eu.
O carinha que eu ajudei mais cedo,  entrou na minha sala sem cerimônias se sentou e disse.
- você quer conversar, sabe psicólogos se sentem sozinhos por não conversarem sobre seus problemas só sobre o dos outros, e as tristezas ficam entaladas, e não afloram.
- como é  seu nome?  - Ergui uma sobrancelha,  tentando falar com ar de superioridade, se ele me achasse uma pessoa irritante talvez me deixasse em paz
- sou Stuart, senhorita  Westminster, me mudei tem pouco tempo, acho que te vi na igreja ontem, vestido azul ?
- está me perseguindo? - questionei surpresa com sua capacidade de memorização,  passei as mãos pelos cabelos não penteados,   e raciocinei sobre o meu dia passado,  eu estava tão bem com Deus e agora me sinto distante e querendo dar um tiro na testa do garoto a minha frente
- Não,  jamais -um riso saio dos meus lábios sem querer e aquilo impressionou ele e a mim mesma
A minha paciente favorita entrou pela porta,e no exato momento Stuart saio, piscando pra mim sem deixar ela ver.
Porém ela viu e me lançou um sorriso malicioso, incrível como ela está melhor, esse tipo de coisa me anima a continuar...
-seu namorado é um gato - ela sussurrou, e minhas bochechas ruborizaram - Viollet, acha que eu estou bem?
- sua evolução me surpreende a cada consulta querida, mas me conte como anda o seu braço? 

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Ela Queria Voar Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt