Charlotte’s POV
Após Jimin ter ido embora, soltei um grito de frustração e senti meus joelhos tocarem a areia pesada, enquanto minhas roupas ficavam totalmente molhadas. Olhei para o céu e seu sol escaldante me deixando cega por alguns segundos, e reprimi as lágrimas. Eu não ia chorar ali, não agora. Abaixei a cabeça e encarei a imensidão do oceano e seus vários tons de azul, a água cada vez mais calma agora formava ondas minúsculas.
-Até parece que não acabou de engolir o amor da minha vida.- disse respirando fundo, sentindo o nó se formando em minha garganta. Fechei meus olhos com força tentando não chorar, mas quando o primeiro soluço veio do fundo de minha garganta, desabei.
Não queria chorar mais, afinal essa foi a coisa que eu fiz com mais frequência nos últimos dias. Claro, os acontecimentos recentes me ajudavam com isso, mas eu me sentia tão vulnerável que era impossível fazer algo a mais do que lamentar o que acontecia. A cena de Jimin sendo engolido pelas águas e Mel causando sua própria morte pareciam gravadas em minhas pálpebras. Ri sem animação quando pensei no Conto dos 3 Irmãos, de Harry Potter, e como cada um morreu. Um deles se matou pelo desgosto de não ter mais sua amada com ele, então pensei em Melissa se jogando do prédio por livre e espontânea vontade. A amada de Melissa, no fim de tudo, era a liberdade que ela queria tendo o controle de sua própria vida.
O outro fugiu da morte por anos, a enganando até que se sentiu velho e cansado demais, e se entregou a ela.
“Tenho que me entregar...” A voz suave de Jimin ecoava em meus pensamentos, enquanto seu rosto banhado pelos raios de sol se fixava em minha mente. Jimin parecia cansado de fugir do que seria seu destino. E eu havia o ajudado com aquilo… no dia em que o salvei do atropelamento. As coisas faziam sentido, afinal.
O terceiro irmão foi assassinado por sua própria varinha, quando um bruxo conseguiu rouba-la. Sua varinha, que havia sido entregada em suas mãos pela própria morte, prometendo ser a varinha mais poderosa de todas. Tentei pensar em alguém que se encaixaria nessa descrição, mas naquele momento, não pensei em ninguém. Até que olhei para mim mesma no reflexo da água.
Minha aparência era horrivel, e as ondulações na superfície deformavam meu rosto. Meus cabelos pareciam um ninho, totalmente bagunçados, mas o que me chamou a atenção não foi aquilo, e sim a silhueta atrás de meu reflexo.
Me encontrei paralisada, olhando para a figura encapuzada, que mantinha suas mãos entrelaçadas em frente ao corpo. Senti algo dentro de meu peito que se tornava inquieto, ansioso por saber quem seria aquela pessoa, mas me sentia paralisada. Quando pensei em virar e encarar quem quer que fosse, a pessoa soltou suas mãos, revelando um pequeno quadrado prateado em uma das palmas. Em um movimento de seu dedo, uma pequena tampa foi arrancada e uma chama se projetou da ponta do isqueiro.
-Não, outra vez não…- disse, já sentindo minha garganta se fechando. A parte de meu corpo que estava na água foi se tornando cada vez mais gelada, até que um cheiro conhecido tomou conta de minhas narinas. O cheiro da brisa marítima foi substituído pelo cheiro do álcool.
Já me sentindo mais fraca do que antes, virei lentamente meu corpo para a pessoa atrás de mim, a tempo de ver o isqueiro caindo como em câmera lenta e a superfície aquosa em minha volta se tornar chamas, como num passe de mágica. Não lutei contra, apenas abri meus braços e fechei os olhos, sentindo as chamas me envolverem mais uma vez.
Despertei em meio a varanda do apartamento de Jimin, como se nada daquilo tivesse acontecido. Olhei em volta confusa, vendo os últimos raios solares sendo substituídos pela escuridão noturna.
Por quanto tempo tudo aquilo aconteceu?
Me levantei, sentindo minhas pernas fraquejarem e tive que me segurar na barra de proteção para não cair. A porta ainda parecia trancada, mas a pontinha de esperança dentro de mim me fez forçar o puxador para ver se estava destrancada. Nada.
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On The Other Side |PARK JIMIN|
FanfictionApós um incêndio no restaurante de sua tia, Charlotte Mae perde sua vida com apenas 16 anos de idade. Um ano depois a garota vive presa entre a morte e o que há além dela, vivendo num mundo ao qual ela não mais pertence. Ela só não tinha ideia de qu...
