31 de Março de 2017

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Diário, me lembre de respirar.

As crises de ansiedade me atacam cada vez mais. É incontrolável, espero que entenda.

Por que eu não entendo. Não consigo aceitar.

Logo eu, porque?

Tudo é sempre demais. O nada é demais. Sempre.

Há vezes que eu tenho absoluta certeza que não suporto mais. Que tem algo preso e ao mesmo tempo solto no meu peito, que doi, me machuca, me tira o ar, causa palpitações, enevoa minha mente, me deixa inquieta e me mata um pouquinho todo dia.

É terrível!

Ontem chorei quietinha no banco de trás do carro enquanto meus pais conversavam tranquilamente. E não era nada, sabe? Meus olhos começaram a queimar e eu precisava desabar. Então o fiz. Em silencio, presa ao sofrimento mudo.

Escrever isso me impressiona. Parece tão horrível. Não que não seja, mas, já me acostumei.

Durante as crises eu acho que tudo vai desmoronar, que a morte é o melhor acalento. E, quando passa, fica só a menina patética que não compreende o que houve.

Vira tudo um sonho que mesmo quando acordamos ainda nos surpreende.

E é constante. Um sonho que tenho toda noite e as vezes o resto do dia também.

É agonizante.

Principalmente por eu não aceitar que a agonia é real. 

O diário aleatório de Margot.Onde histórias criam vida. Descubra agora