03 de Março de 2018

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Carta - Não sei se para mim, não sei se para ele.

Nós não aguentamos mais. Não um ao outro, mas os dois a mim.

Não suporto minha outra metade, e você também não. Não a consigo controlar, e você também não. Eu não a entendo, e você também não.

O doutor disse que ela está doente. Mas nem sempre temos pena e compaixão de enfermos. As vezes só não os gostamos por estarem assim, e por de quebra, nos levarem junto.

Suas ordens de melhora só pioram, meu caro. Se eu tivesse controle já o teria feito. Pedidos para parar também não ajudam. Sorrisos desdenhosos só agravam.

Não seja meu estopim. Não se torne meu vilão. Por favor.

É o único que pode me ajudar, mesmo que eu não possa fazer o mesmo.

Sei também que está nessa por culpa minha. Não tive compaixão de você. Apenas o encarei como minha cura, sem pensar em quem seria a sua.

Tenho tanta vontade que seja feliz, amado e em paz. Tanta que as vezes quero te dizer Adeus. Não para ir com outro, mas para não ir mais. Não causar nada disso a ninguém.

Você merece a felicidade e eu sou a melancolia.

Estou doente de tristeza em não sei se há cura. Não quero mais lhe infectar.

Sou tão medrosa, tão covarde.

Dá para matar a alma sem o corpo?

O diário aleatório de Margot.Where stories live. Discover now