Capítulo 19

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  Neste momento devem ser umas três da manhã

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  Neste momento devem ser umas três da manhã. Ou talvez mais, não sei. Desde que saí do bar que deixei de ter controle sobre mim mesma, sendo que o meu corpo é que está no comando.

  Bato repetidas vezes à porta até que esta é aberta. Por detrás da superfície de madeira aparece o Cameron. O rapaz está vestido com umas calças de pijama e uma camisola básica branca. Uma expressão sonolenta toma conta do seu rosto que parece estar cheio de sono, o que é normal tendo em conta a hora. Os seus olhos ainda se encontram-se meios fechados e demora algum tempo para que ele perceba que sou eu.

  A anterior expressão sonolenta depressa desaparece, dando lugar a uma expressão de surpresa. Ele não esperava me ver por ali, e muito sinceramente, eu também não estava à espera que isto fosse acontecer. 

    Acho que estas são as consequências de beber...

- Rebekah? - pergunta, surpreso. - O que é que estás a fazer aqui? - eu bem tento responder à sua pergunta, dar alguma explicação, mas tudo o que consigo fazer é desequilibrar-me e cair nos braços do rapaz. Eu nem sei como é que cheguei até aqui sem cair num canto qualquer no meio da rua. - Tu estiveste a beber? - a voz do Cameron não soa exatamente como se ele estivesse chateado, é mais como se ele estivesse desiludido.

   Acabo por não responder à sua pergunta. É óbvio que eu estive a beber, não é como se fosse ficar neste estado se não o tivesse feito. 

  Ainda que continue um pouco tonta - coisa que não sei se vai passar tão cedo - o meu corpo estabiliza-se um pouco, de maneira que me consigo afastar ligeiramente do rapaz.

  Vejo o Cameron suspirar e levar a sua mão ao cabelo.

- O que é que tu foste fazer desta vez... - murmura, ao mesmo tempo que nega com a cabeça. Apesar de parecer desiludido, o Cameron também parece preocupado, mas será que é razão para tanto? - Anda, entra.

  O Cameron volta a colocar um dos braços à volta da minha cintura - certamente numa tentativa de evitar que eu caia caso volte a ter alguma tontura - e leva-me para dentro, onde me sento num dos sofás. Respiro fundo absorvendo o seu perfume, eu tinha tantas saudades disto. 

- Que me dizes de um café? - pergunta.

  Nego vagarosamente com a cabeça.

- Hey! Eu estou a tentar ser responsável, está bem? Não vou misturar bebidas. 

  O Cameron divide-se entre sorrir da minha parvoíce e encarar-me como se eu tivesse perdido totalmente o juízo. Após uns breves segundos ele solta mais um longo e exagerado suspiro, e depois senta-se na mesa de apoio à minha frente.

- Tu não podes voltar para a Academia neste estado. E ainda menos para casa do teu pai, ele iria...

- Cala-te. - peço, interrompendo-o. Neste momento eu só quero que ele pare de falar. Não só porque me dói imenso a cabeça, mas também porque eu quero que ele ouça o que eu tenho para dizer. - Apenas ouve-me. - ele assente em silêncio. A minha voz sai de maneira descontrolada, e por momentos tenho medo que ele não esteja a entender o que eu digo.  - Eu amo-te! Eu amo-te e ao mesmo tempo odeio-te por me fazeres sentir assim, fraca. Ultimamente, tudo o que eu consigo pensar é em ti e na porcaria desses teus olhos negros.

The Guardian - The Discovery of a New World (Livro 2)Where stories live. Discover now