My Savior || VHope

1.5 ❁ Resilience

𝚛𝚎𝚜𝚒𝚕𝚒ê𝚗𝚌𝚒𝚊(s.f)

É ter uma alma-água, que se adapta ao co(r)po em que estiver, da melhor forma que puder.
— João Doederlein.

A mudança era um processo lento e demorado, um passo a passo á ser seguido de forma prolongada. Aos poucos, as peças que pareciam se encaixar não faziam tanto sentido na cabeça de Taehyung por conta da realidade em que ele foi acostumado a viver. Era como se as coisas finalmente estivessem caminhando ao seu rumo de forma correta, mas que de alguma maneira estivessem fora do lugar.

Ele estava tentando uma readaptação e isso estava sendo muito mais difícil do que ele imaginava, porém ele tinha algo para agradecer á seus pais agora, pois eles lhe deram uma vantagem nessas situações: Por toda sua curta vida, foi acostumado a lidar com coisas difíceis.

Ultimamente, estava se sentindo feliz, apesar de ainda ser perseguido pelo medo e ainda ter crises durante a noite. Continuava sentindo antipatia por coisas as quais não conhecia, o amor ainda era um sentimento ilusório e quase inexistente, a dor ainda era latente e contínua, mas agora ele gostava das novas sensações as quais não sabia decifrar e nem precisava fugir.

Ainda assim, caminhava em uma linha tênue...

A sala que anteriormente era uma bagunça se encontrava mais organizada agora. Foram colocadas novas persianas e cortinas em tom vinho, os papéis amassados e rasgados pelo chão já não estavam mais por ali, pelo contrário, a cerâmica amadeirada estava limpa e com um brilho quase impossível de se encontrar em qualquer outro lugar da escola. Não havia mais poeira, o sofá ao canto parecia quase novo e havia cadeiras acolchoadas de frente para a escrivaninha agora, onde em cima da mesma continha um notebook, uma agenda e algumas pastas desconhecidas.

A pedagoga havia colocado um mural na parede ao canto onde organizava horários e, aparentemente, formas de aplicar as pontuações e trabalhos. Taehyung observou cada post-it colocado no mural de forma assimétrica e totalmente organizada, os nomes de cada dupla com as quais ela trabalharia organizados por cores e alguns números. Ele estranhou, mas ao analisar corretamente apreciou a forma de como ela  era disciplinada e parecia estar preparada para todas as controvérsias.

As primeiras aulas haviam passado e ele estava no intervalo, tendo que ficar naquela sala que mais parecia um escritório executivo, do que a sala de uma pedagoga em uma escola pública. Encarava tudo ao redor para não ter que olhar as orbes castanhas que estavam atentas a cada movimento que fazia, da mesma forma que prestava atenção em suas reações e comportamento.

Desde que saiu da sala de aula e foi chamado por Jung Jinsoul, estava ali recebendo perguntas as quais não estava disposto a responder no momento. Ela estava pedindo que abrisse uma parte de si que só foi apresentada para uma única pessoa, pedia também que revelasse seu lado feio e todos os sentimentos latentes que estavam envolta, e isso era algo que nunca lhe foi cobrado mesmo com todas as perguntas em dias específicos da semana.

Naquele momento, só conseguia se sentir desconfortável dentro de sua própria bolha, com as perguntas dela extremamente afiadas e prontas para estourar essa bolha e invadir seu espaço pessoal. Era uma quebra de confiança que sequer chegou a existir, era o furto de um dos bens mais preciosos que ela nem ao menos obteve, era a falta de prudência em meio a sua profissão e com certeza não era sua maior virtude.

Para alguém que queria conquistar algo, ela estava indo muito mal.

— Eu sei que sua confiança não está a venda e que também não é algo que eu vou conseguir de graça. — A mulher disse convicta e Taehyung sorriu irônico, ela arqueou a sobrancelha logo em seguida. — E eu vou fazer por merece-la. Mas preciso da sua ajuda... Pode me ajudar?